Ironias e trocas de acusações marcam 1º debate do 2º turno em Ribeirão Preto

Trocas de acusações entre os candidatos a prefeito Dárcy Vera (PSD) e Antonio Duarte Nogueira Junior (PSDB), de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), dominaram o debate realizado nesta terça-feira (16), o primeiro do segundo turno na cidade.

Nogueira mirou seus ataques na gestão de Dárcy, que busca a reeleição.

A prefeita, usando de ironia em boa parte do confronto, focou suas críticas no governo estadual, que é do PSDB, e em gestões passadas do partido em Ribeirão, para tentar atingir indiretamente o candidato tucano.

O evento foi promovido pelo jornal "A Cidade" no auditório da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto).

Dárcy foi quem tomou a iniciativa de partir para o ataque logo no início, no bloco em que os candidatos debateram sobre temas previamente selecionados.

Ao falar sobre habitação, a prefeita acusou Nogueira de, quando secretário estadual da pasta no governo Mário Covas, não ter destinado projetos de moradias para Ribeirão.

O tucano rebateu afirmando que o projeto do conjunto João Rossi foi concluído no período dele enquanto secretário.

Nogueira deu o troco no tema seguinte. Ao questionar a prefeita sobre saúde, disse que, na campanha de 2008, ela prometeu resolver o problema dessa área em seis meses, o que não fez.

"A saúde hoje é o pior e o maior problema de Ribeirão", disse o tucano.

Em resposta, Dárcy criticou o governo estadual e Nogueira por causa da longa greve de funcionários do HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão no ano passado.

"Acho que o senhor está misturando a saúde municipal com a do Estado", afirmou Dárcy.

IRONIA

A prefeita foi irônica em vários momentos. "Está nervoso deputado? Calma", disse ela, quando Nogueira a acusou de não ter cumprido promessas, como a volta dos cobradores de ônibus.

Nogueira rebateu no mesmo tom pouco depois: "A candidata, além de estar nervosa, aumenta a dramaticidade, como se isso fosse capaz de resolver os problemas da cidade."

GADO E GELO

O clima de tensão se acentuou no terceiro bloco de debate, quando os candidatos puderam fazer perguntas livremente, sem temas predefinidos.

Com mais ironia, Dárcy acusou Nogueira de ter destinado, como deputado federal, verbas da União para "gado" e "gelo".

A prefeita fez menção a emendas parlamentares de Nogueira --uma, ao Orçamento da União de 2008, de R$ 102,5 mil para a Associação Brasileira dos Criadores de Brahman, sediada em Uberaba (MG), e outra, ao Orçamento de 2011, de R$ 200 mil para o programa científico brasileiro na Antártida.

Nogueira afirmou que a entidade de criadores de gado atua também no Estado de São Paulo e que o programa científico traz resultados para todo o país.

O assunto se desenrolou em torno do que os candidatos consideram prioridades para a cidade. Nessa hora, Nogueira também teve seu momento de ironia.

"Vai ser difícil ensinar o que é prioridade para a senhora", disse ele.

Em resposta a críticas feitas por Dárcy a gestões anteriores do PSDB e ao Estado, o tucano disse que a prefeita "busca desculpas e culpados para tudo".

"Não busco culpado, é a realidade. O senhor está se colocando em situação de vítima", disse Dárcy.

"Não sou vítima, vítima é a população de Ribeirão por causa da baixa qualidade de sua administração", rebateu Nogueira.

PARTIDOS

As alianças partidárias para a campanha também renderam outro momento de tensão.

Assim como fez durante todo o primeiro turno, Nogueira voltou a dizer que montou uma aliança enxuta, com apenas cinco partidos, e criticou a ampla frente articulada por Dárcy, cuja coligação tem 16 siglas.

A prefeita, então, disse que Nogueira só faz essa crítica porque não conseguiu o apoio de mais partidos.

"O senhor fala, mas foi atrás de todos [os partidos] e aguardou ansiosamente a resposta deles", disse.

Nogueira rebateu. "Não fechei com esses partidos porque não fui capaz de oferecer o que a minha adversária ofereceu", em crítica a um suposto loteamento de cargos entre os partidos na coligação de Dárcy.