Mais votado para reitor da USP é cientista e conciliador
Favorito para ser o próximo reitor da USP, o médico Marco Antonio Zago participou de uma das pesquisas mais importantes do país, já administrou orçamento de quase R$ 1 bilhão e é visto como um apaziguador.
Por outro lado, oponentes reclamam que ele usou o cargo de pró-reitor de pesquisa para fazer campanha informal antes de começar o processo eleitoral.
Zago, 68, foi o mais votado anteontem, no pleito interno na USP que definiu a lista tríplice enviada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), a quem caberá a palavra final.
Na campanha, defendeu que a universidade precisa combater a evasão de alunos na graduação (hoje perto de 25%, segundo ele) e descentralizar a gestão.
Os outros candidatos são Hélio Nogueira da Cruz (ex-vice-reitor) e Wanderley Messias (ex-superintendente de relações institucionais).
Por ter tido mais votos que os outros candidatos somados e pela experiência administrativa e na pesquisa, Zago tende a ser o escolhido, segundo a Folha apurou com um auxiliar do governador.
Professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, onde iniciou a carreira, Zago ajudou a desenvolver os primeiros trabalhos de genoma (mapeamento do código genético) no Brasil. Foi um dos cientistas do genoma da xylella fastidiosa, bactéria que ataca os laranjais. O estudo foi capa da prestigiosa revista científica "Nature", em julho de 2000.
Hoje, é pró-reitor de pesquisa (teve de se afastar durante a eleição), escolhido pelo atual reitor, João Grandino Rodas. No final da gestão, eles se distanciaram, e Rodas apoiou Messias.
Como presidente do CNPq (agência ligada ao Ministério da Ciência), de 2007 a 2010, participou da criação de uma rede nacional de institutos de ciência. No órgão, administrou Orçamentos anuais de quase R$ 1 bilhão (em valores atualizados). O Orçamento da USP está em R$ 4 bilhões ao ano.
Um apoiador próximo a Zago disse que ele tem um perfil discreto e apaziguador. No cargo, faria uma linha diferente de Rodas, visto como um "trator" até por aliados.
Oponentes dizem que Zago se apoderou durante a gestão de programas da reitoria (como o fomento próprio a pesquisa), para que seu nome ficasse conhecido, o que ajudou sua chapa.
Seus apoiadores refutam a crítica e afirmam que sua votação, 25% maior que a soma dos outros dois concorrentes, foi fruto de seu projeto para instituição e do seu histórico.
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