Governador do PR recebe professores em greve, mas não há acordo
Professores e funcionários da educação do Paraná, que deflagraram greve nesta quarta-feira (23), foram recebidos pelo governador Beto Richa (PSDB), mas não houve acordo.
A paralisação, que atinge cerca de 70% das escolas do Estado, irá continuar por tempo indeterminado. Esta é a primeira greve de docentes no Estado em 14 anos. São 1,3 milhão de alunos atingidos.
O governo se comprometeu a verificar o impacto das reivindicações da categoria no orçamento da gestão, que passa por dificuldades de caixa. Novas negociações deverão acontecer amanhã.
Os docentes reclamam de "descaso" e "insensibilidade" do governo estadual com a educação. Segundo professores ouvidos pela Folha, falta estrutura nas escolas, o número de funcionários diminuiu e o pagamento de promoções está atrasado.
A categoria pede aumento salarial, cumprimento de 33% de hora-atividade (tempo em que o professor trabalha fora da sala de aula, preparando aulas e corrigindo trabalhos), contratação de novos funcionários e melhoria da infraestrutura das escolas, entre outros tópicos.
O governo Richa, por sua vez, enfrenta dificuldades financeiras desde o ano passado. As despesas com servidores, que tiveram aumentos salariais, consomem quase metade das receitas do Estado, e empecilhos na liberação de empréstimos para obras em andamento comprometeram o caixa.
A gestão admite atrasos no pagamento de promoções aos professores, e promete quitá-los até o fim do ano. Segundo o sindicato, são R$ 100 milhões em atraso.
"Faltam funcionários, nosso salário está achatado, o governo paga as promoções quando quer. Todas essas coisas vão frustrando a gente", diz a bibliotecária Marcia Mallmann, que trabalha em Serranópolis do Iguaçu (oeste do Paraná).
Ontem, a Secretaria de Educação emitiu nota em que destacou o impacto das reivindicações da categoria nos cofres do Estado. A pasta informou que "tem feito todo o esforço" para cumprir com o que prometeu, e que manterá o diálogo com a categoria.
Membros do governo também apontaram motivação política na greve, lançada em ano eleitoral e já explorada por adversários políticos de Richa. O APP Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Paraná) é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pelo menos um membro de sua diretoria foi candidato pelo PT em eleições passadas.
A presidente do sindicato, Marlei Fernandes, afirmou hoje em discurso que a greve é "política, mas não eleitoral". "Estamos cobrando as promessas que nos foram feitas", disse.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade