'Educar não é só transmitir conhecimento', diz economista
A seguir, Flávio Comim defende o aumento de recursos em educação.
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Folha - O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica; o índice mais recente mostrou que o aluno perde rendimento com o tempo) reforça a necessidade de aumentar os recursos para educação?
Flávio Comim - Sim. Não sei por que nos espantamos com esses resultados, quando temos professores mal pagos, alunos com poucas horas de aula por dia, uma infraestrutura escolar inadequada, um alto nível de disfuncionalidade nas escolas. Precisamos financiar mais tempo e mudar uma cultura conteudista nas escolas. Mais importante: ainda não entramos na discussão central para nosso futuro que educar não é somente transmitir conhecimento aos alunos, mas estimular sua inteligência (cognitiva, emocional e cidadã).
O Brasil precisa aumentar os recursos para educação, ou basta melhorar a gestão?
O Brasil investe entre 5,6% e 5,8% do PIB em educação. A França gasta 5,68%, a Finlândia 6,76%, a Espanha quase 5%. Alguns cometem a falácia de dizer que, por isso, não precisamos aumentar os recursos, que o mais importante é gastar o que temos de forma eficiente. Esses países têm metade da população brasileira de 5 a 9 anos. Então, por uma conta simples, a gente precisaria investir o dobro.
Por que os gastos são tão menores no Brasil?
A gente não quer mudar o sistema educacional. Se quisesse, já teria mudado. Muitas crianças estão em escolas péssimas. Aceitamos com naturalidade a desigualdade no nosso sistema educacional.
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