Opinião: Saúde de quem consome vinho vem do prazer de estilo de vida
Esforços para entender os benefícios do vinho convertendo-os em unidades científicas, identificáveis e mensuráveis são inúmeros. Esse último estudo, no entanto, apresenta algumas armadilhas.
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Nele, não encontramos um panorama real da relação da origem do vinho e seus elementos funcionais, pois trata apenas de poucos países.
Outra armadilha é considerar a relação origem e castas apenas. Assim como a origem, a casta sozinha tampouco é determinante na quantidade de elementos funcionais.
O principal fator desconsiderado -e vital- foi o humano, No caso de concentração de polifenóis, o fator humano é essencial, pois, através de controle de rendimentos, o produtor pode, em qualquer país, com qualquer uva, produzir um vinho de alta concentração de polifenóis.
Quando o "paradoxo francês" foi explicado, milhares de cidadãos correram para os supermercados para comprar litros de azeite de oliva e, assim, obter a saúde dos, mesmo que gordos, franceses.
No entanto, o estilo de vida não mudou: continuam estressados, passam horas por dia sentados no escritório e no carro e, muitas vezes, comem suas saladas saudáveis -com azeite de oliva- sentados diante do computador trabalhando.
As populações que têm boa saúde -e consomem vinho- conseguem isso não pela quantidade de elementos antioxidantes do vinho. A saúde vem, provavelmente, do prazer de seu estilo de vida.
Na França, onde a saúde parece ir muito bem, obrigada, a maioria da população toma vinhos muito simples que, num exame como o feito no estudo, provavelmente contariam com poucos elementos funcionais.
Se a saúde dos que tomam vinho dependesse mesmo apenas destas substâncias isoladas, as pessoas comprariam vinhos em cápsula. E não é assim. No final das contas, a escolha de um vinho se dá pelo seu sabor e pelo aporte cultural, histórico e hedonístico que o vinho traz.
O perigo deste tipo de pesquisa reside no fato de que o consumidor comum, que se interesse por vinho e seu lado saudável, pode se deixar levar pelo resultado, achando que vinhos daqueles países, daquelas uvas e daquelas faixas de preço serão todos, automaticamente, bons para sua saúde.
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