DE SÃO PAULO

Um dos jogadores mais experientes do elenco brasileiro que vai disputar a Copa do Mundo, o volante Gilberto Silva negou neste domingo que a seleção brasileira está sofrendo uma blindagem para evitar falar com a imprensa.

"Não vejo nenhuma blindagem, só ganhamos tranquilidade para trabalhar. Mas vocês vão continuar trabalhando normalmente", afirmou o volante, que esteve no elenco brasileiro nas copas de 2002 e 2006.

Apesar da negativa de Gilberto Silva, a CBF impôs todas as vontades do técnico Dunga e restringiu o trabalho da imprensa no CT do Caju, que pertence ao Atlético-PR, onde a seleção brasileira realiza os primeiros preparativos antes de embarcar para a África do Sul.

O treinador, que não deve falar com jornalistas até a chegada à África do Sul, impôs o esquema de entrevistas coletivas com dois ou três jogadores, no lugar do "labirinto" em que os atletas passavam pelos repórteres, uma marca do Brasil nos últimos anos. O técnico também vetou imagens de treinos físicos e limitará o trabalho de câmeras e fotógrafos nas práticas da seleção com bola.

"Não existe realmente essa blindagem até porque esses três dias estamos fazendo testes, que todos vocês já conhecem. Estamos fazendo nosso trabalho e vocês vão ter acesso a essas informações. Não existe essa cartilha do Dunga, só a da CBF, que diz que você tem que ter a responsabilidade de representar a seleção", declarou Gilberto Silva, ressaltando novamente que não existe a blindagem.

"Não é bem uma blindagem. Vários jornalistas já cobriram outras seleções lá fora e teriam mais dificuldades para encontrar notícias. A gente quer ter um bom relacionamento com a imprensa", acrescentou o volante.

Campeão em 2002, Gilberto Silva declarou que não vê a seleção brasileira como favorita para o Mundial-2010.

"Não vamos sair do Brasil nem como favoritos nem como desacreditados. Muita gente acredita, outros têm dúvidas, o que é normal. Na maioria das vezes que entramos como favoritos tivemos dificuldades, talvez porque estamos acostumados a trabalhar sob pressão. A gente conhece nossa responsabilidade", afirmou ele, que evitou apontar quais são os principais rivais brasileiros na competição.

"Não vou apontar um. O nosso maior rival é a primeira fase. Não adianta falar em Espanha, Argentina ou Inglaterra. Temos uma primeira fase muito difícil e temos que pensar jogo a jogo, sem pensar muito lá na frente", completou o jogador.

A seleção brasileira fica no CT do Caju até o dia 26, quando viaja para para Brasília, onde será recebida por Lula às 15h. Duas horas depois, está programado o embarque dos atletas para a África do Sul.