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Queniana Sylvia nada em país de corredores
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MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA
Vivendo em um país que é uma potência no atletismo, Sylvia Tanya Brunlehna, 16, optou pelas piscinas.
Somente 36 anos após o Quênia ter obtido sua primeira medalha no esporte das pistas --o bronze de Wilson Kiprugut, nos 800 m, em Tóquio-64-- foi que o país produziu uma nadadora para um evento olímpico.
Ontem, na piscina da Singapore Sports School, nos Jogos da Juventude, Sylvia entrou discretamente para a história esportiva do país.
Saiu frustrada após sua estreia olímpica, nas eliminatórias dos 50 m costas. Foi eliminada, registrando o quinto pior tempo entre as 22 competidoras, 32s90, mais de três segundos acima da marca da primeira classificada, a russa Alexandra Papusha.
Quando saiu da piscina, seu pioneirismo passou despercebido. Os holofotes e as câmeras estavam voltados para as vencedoras da prova.
"Eu estou um pouco desapontada com meu desempenho", desabafou a queniana.
Ao ser lembrada de seu feito, Sylvia mostrou-se esperançosa. "Acho que meu exemplo pode inspirar novas meninas a começar a nadar no Quênia. Se eu cheguei até aqui, elas vão achar que também podem", afirmou.
No país africano, a natação é ofuscada pelo atletismo, esporte que já rendeu 76 medalhas olímpicas para o Quênia, sobretudo nas provas de longa distância.
As crianças, que, na falta de transporte público, costumam correr até suas escolas, acabam se tornando atletas profissionais mais tarde, arrebatando medalhas em maratonas por todo o mundo.
"Não acredito que a natação possa um dia ser tão vitoriosa quanto o atletismo do Quênia. A natação é muito pouco desenvolvida lá", declarou a adolescente.
As piscinas no país se encontram restritas aos clubes, frequentados por uma população um pouco mais abastada e, portanto, bem menor.
De acordo com Sylvia, após a Olimpíada de Pequim-2008, os quenianos passaram a procurar mais as piscinas graças ao desempenho de Jason Dunford, que colocou pela primeira vez o país em uma final dos Jogos.
Entretanto o efeito Dunford não perdurou, e as meninas, que já eram raras nas piscinas, abandonaram o esporte quase completamente.
"A maioria das meninas que eu conheço desiste de nadar quando se torna adolescente, e eu não sei por quê. Acho que elas desistem para poder se dedicar aos estudos", avaliou Sylvia, que é a única menina da equipe de natação de seu clube, na capital do Quênia, Nairóbi.
No final da entrevista, até arriscou um sorriso. "Estou feliz por estar aqui porque muitos outros quenianos não tiveram essa chance."
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