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30/12/2010 - 07h15

Militar organiza a logística da São Silvestre há 20 anos e vira referência para provas do país

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CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DE SÃO PAULO

Ele já ficou três vezes na mira de um revólver. Tudo por causa da São Silvestre.

Por mais de dez anos, ele passou a madrugada do Réveillon na av. Paulista. Tudo por causa da São Silvestre.

E ninguém liderou nem conhece tanto a tradicional corrida de rua paulistana quanto o fiscal e batedor Carlos Alberto Rodrigues Barreto, 50.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Carlos Alberto Rodrigues Barreto, na avenida Paulista
Carlos Alberto Rodrigues Barreto, na avenida Paulista

"É uma prova em que tudo pode acontecer", afirma.

Suboficial do Centro Técnico Aeroespacial de São José dos Campos (SP), ele é, desde 1989, uma espécie de anjo da guarda da corrida.

Isso porque, além de dirigir 380 pessoas e organizar todo o entorno da São Silvestre, da colocação de 2.000 cavaletes e 2.500 grades até a distribuição e a limpeza de 450 mil copos d'água, é ele quem garante que os atletas terão pista limpa na prova.

"Saio da Paulista dois minutos antes da largada. Vejo se tudo está OK, se não há gente escondida no público a fim de entrar na prova. E, via rádio, autorizo a largada."

Para ele, apuros são comuns. "Imagine que, qualquer coisa que eu veja, terei dois minutos para consertar. Não pode aparecer na TV."

Isso vai desde ajeitar bloqueio nas vias ("Uma vez, foi fechada a rua errada e arrumamos na hora") até retirar o que vê no caminho ("Há quatro anos, na Ipiranga com a Rio Branco, dois carros bateram e ficaram na pista. Foi um sufoco, pois exigia perícia, e a prova iria começar").

Ele revisa no último dia do ano o percurso pelo menos três vezes. E se arrisca. "Por duas vezes, como minha moto não é de batedor, a polícia apontou a arma para mim achando que eu era invasor."

"Numa delas, tremi. Passei ao lado de uma viatura e até acenei, mas outro PM, a 300 m dali, imaginou que eu estava fugindo. Ele foi até o meio da rua, sacou a arma. Soltei as mãos da moto, mas, até a viatura chegar e explicar, passou o filme da minha vida na cabeça. Depois, toda vez que passei lá, o PM sacou a arma para brincar comigo."

Ele diz só acompanhar de perto os líderes, que têm escolta de 18 batedores da PM, no final. "Ali deixo me alcançarem", brinca o militar.

A São Silvestre fez dele referência para a Maratona de São Paulo, a Meia-Maratona do Rio e a Volta da Pampulha. "Eu faço todas elas."

Mas, para Barreto, a São Silvestre é especial. "Vivi as mudanças da prova. Era durante a noite, com cronometragem manual. Ficávamos a madrugada toda marcando os tempos. É tanta história."

E, mesmo na era do chip, engana-se quem pensa que o serviço acaba quando se conhece o vencedor. "Quando os cinco primeiros cruzam a linha, vou encontrar o final do pelotão." De lá, orienta a desmontagem do circuito e escolta os últimos atletas.

Após ver tanta gente correr, não ficou com vontade? "Não. Nesses anos, só corri 5 km uma vez, em Interlagos, em maratona de revezamento. Meu negócio é deixar tudo OK para os outros correrem."

 

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