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Torero na cativa: Bahia de todos os times

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O jogo na nova Fonte Nova foi ecumênico. Os torcedores vestiam camisas de vários times. Muitas eram da África, como Costa do Marfim, Camarões e a própria Nigéria.

Mas a mais comum era a do Bahia, que estava, por exemplo, no corpo de Alexandre Matos, 19, estudante de geografia. Para ele, "tudo está melhor na nova Fonte Nova, menos os preços".
Havia também representantes do inimigo Vitória, como José Borges, bancário de 51 anos que veio de Olindina, no norte da Bahia.

O que ele mais gostou no novo estádio foi a cobertura: "Agora a gente não pega nem chuva nem sol."

Procurando por outras camisas, avistei um inesperado gremista: Guilherme Salies, 47, advogado em Rio Grande.

Ele achou o estádio um tanto apertado. E também reclamou das informações desencontradas. "Cada pessoa me mandava para um lugar diferente."

Guilherme honrou aquela frase do hino de seu clube: "Até a pé nós iremos...", porque alguns torcedores tiveram que andar muito para chegar ao estádio.

Foi o caso de Marco Aurélio Xavier, 31, que usava uma camisa do Corinthians. Ele teve que andar 2 km para chegar ao jogo. "E com ladeira!".

À direita de Marco havia um torcedor adversário: Thierry Batista, 24, é de Salvador, mas torce pelo São Paulo. E gosta mais da camisa celeste que da canarinha.

"No Brasil tem muita coisa errada. Como pode o Hulk ser titular? Tem coisa aí". Ele foi um dos únicos brasileiros a torcer pelos hermanos.

A maioria absoluta queria a vitória da Nigéria, inclusive Rogéria Rossi e seus dois filhos, Davi, 8, e Thiago, 10. Este, que vai ser engenheiro, gostou da Fonte Nova porque é "bem grande".

Aquele, que sonha em ser zagueiro, gostou mais do gramado.

Enquanto isso, lá fora, um monte de gente fardada e um monte de gente sem camisa brigava.

Mas vamos ao que interessa, que não é a boa visibilidade nem o cheiro ruim do banheiro. É a comida.

A Fonte Nova provavelmente é o estádio em que melhor se poderá comer nesta Copa das Confederações, pois havia duas barracas vendendo abarás, acarajés e outras guloseimas locais.
Como eu já tinha almoçado caruru e vatapá, achei melhor partir para a sobremesa, e escolhi pé-de-moleque e um bolinho de estudante (que não merecia o diminutivo).

Os dois acepipes estavam bem bons, muito mais saborosos e nutritivos que as comidas oficiais, ou, melhor, ofifiais.

As lanchonetes da Fonte Nova oferecem apenas salgadinhos industrializados e cachorros quentes (não consigo imaginar do que são feitas as salsichas, mas acho melhor nem tentar).

Apesar da superioridade da comida baiana sobre a multinacional, ela só podia ser encontrada pelos torcedores na parte de fora do estádio, no grande pátio onde ficam os patrocinadores.

O acarajé e o abará não puderem entrar na nova Fonte Nova. Assim como o pessoal sem camisa.

JOSÉ ROBERTO TORERO escreveu 24 livros (como "O Chalaça" e "Pequenos Amores", vencedores do prêmio Jabuti), dez roteiros de curta-metragem (entre eles, "Uma História de Futebol", indicado ao Oscar em 2001), sete roteiros de longa-metragem (um deles, "Pelé Eterno", prêmio Città di Roma no Festival de Cannes de 2005) e roteiros para a TV

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