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Copa de 1950 também teve ambiente de manifestações sociais

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Ebulição política. Reivindicação social. Um país em transformação. O contexto que o Brasil vivencia agora, durante a Copa das Confederações e às vésperas do Mundial de 2014, é conhecido.

Pouco antes do primeiro Mundial da Fifa no país, há mais de 60 anos, o cenário nacional era efervescente. Se não tão forte quanto o atual, ao menos marcante.

A troca no comando político do Brasil foi o primeiro ato.

Em 1945, a eleição do militar Eurico Gaspar Dutra, findou a ditadura do Estado Novo (1937-45) e a era Vargas, iniciada em 1933, ao ser escolhido por voto direto.

Com a ascensão de Dutra, o país aderiu a uma nova onda de abertura econômica.

As novas diretrizes criaram uma divergência entre os nacionalistas, a favor de maior protecionismo, e os "entreguistas". Ao menos durante o governo Dutra, a inclinação nacional foi mais liberal.

O futebol, o "ópio do povo", não fugiu à regra. Com um ano de gestão de Dutra, o Brasil foi eleito sede da Copa.

Na mesma medida em que a seleção nacional, à época comandada por Flavio Costa, se preparava para seu maior desafio no campo, a sociedade se movimentava contra o que considerava abusivo.

Em 1947, um aumento de 150% na tarifa dos bondes gerou revolta em São Paulo --a recém-criada Companha Municipal de Transporte Coletivo passou a ser chamada de "Custa Mais Trinta Centavos".

O povo foi às ruas. Pichou, depredou, queimou bondes. Os protestos foram em vão. Dias depois, a revolta minguou. Mas a população se manteve contra a tarifa. Era outro tempo, e outra sociedade. Sem o poder de combate que a atual mostra.

Para o historiador João Bonturi, 62, um termo futebolístico serve para traduzi-la.

"O complexo de vira-latas, expressão criada por Nelson Rodrigues, resume bem como o brasileiro se enxergava naqueles anos 1950. Hoje, somos um país inserido na economia mundial. As pessoas sentem isso", declarou.

Se hoje há protestos contra os gastos da Copa-2014 --da ordem de R$ 33 bilhões--, há 60 anos a sociedade brasileira pouco sabia sobre ela.

Após as desistências de Turquia, Escócia e Índia, o Mundial teve apenas 13 participantes. Despertou atenção mais pela curiosidade que por sua magnitude.

"Os brasileiros queriam ver pela primeira vez seleções fortes da Europa por aqui. Os europeus tinham curiosidade de conhecer a cultura e o folclore local", afirma o jornalista Claudio Carsughi, 80.

Ele tinha 18 anos quando cobriu a competição para o jornal "Corriere dello Sport", de Roma. "Todo mundo gostou [da Copa]. Ficou uma boa impressão", relembra.

Um dos motivos que fizeram o Mundial cair no gosto popular, além das boas atuações da seleção, foi a facilidade para acessá-la nas seis sedes que receberam partidas. Os ingressos eram baratos, vendidos a preços populares.

O aposentado Ovídio Andrelo, 82, lembra-se bem disso. Com 19 anos, o paulista viajou ao Rio só para ver a decisão entre Brasil e Uruguai.

"O ingresso era bastante acessível, acho que seria como R$ 25. Compramos na véspera da final, sem filas."

O anticlímax do resultado da final --2 a 1 para o Uruguai-- era o desfecho de um Brasil que respirou a Copa, mas que viveria uma outra reviravolta em seguida. Em dezembro daquele mesmo ano, Getúlio Vargas retornaria ao poder, e devolveria o caráter nacionalista ao país.

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