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Torero: Imagina depois da Copa

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Vários dos estádios construídos para a Copa são realmente apenas "para a Copa". Depois serão tão inúteis quanto um feriado no domingo. E por motivos diferentes.

Alguns foram construídos em locais sem nenhuma tradição futebolística, outros ficam longe da cidade-sede do clube, alguns outros dependem de um único time etc...

Seja qual for a razão, a saída é levar o termo "arena multiuso" ao pé da letra e arranjar outras funções para os estádios. Para ajudar nesta difícil tarefa, dou aqui alguns modestos palpites:

A Fonte Nova deverá ter apenas 33 jogos do Bahia por ano (o Vitória, maior rival, tem seu próprio estádio).

É pouco para sustentar uma arena de 55 mil lugares.

É claro que o contrato de parceria público-privada entre o governo da Bahia e o consórcio OAS/Odebrecht diz que, em caso de prejuízo, ele será generosamente dividido com os cofres estaduais.

Mesmo assim há que tentar o lucro. E, como a coisa mais rentável para Salvador parece ser o Carnaval, a solução é transformar a Fonte Nova no estádio de Momo.

Os trios elétricos ficarão dando voltas ao redor do campo, e o povo irá atrás. Tocando caxirolas, é claro.

O campeonato estadual do Rio Grande do Norte deste ano teve menos de mil torcedores por jogo. É muito pouco para os 45 mil lugares do novo estádio. Como algo que faz muito sucesso naquela região é o passeio de bugue nas dunas de Genipabu, por que não encher o campo de areia e fazer os passeios por lá?

De quebra, ainda daria sentido ao pleonástico nome da Arena das Dunas.

O Maracanã, reformado ao custo de mais de um bilhão de reais e depois entregue à iniciativa privada, será administrado nos próximos 35 anos por um consórcio em que está a IMX, de Eike Batista.

Como ele é mais experiente em mineração do que em futebol, talvez seja mais lucrativo usar o novo Maracanã como campo de petróleo, furando um belo poço no círculo central.

Amazonas tem um campeonato estadual pífio. A média de público é de 807 torcedores por partida. E o time de maior torcida, o Princesa de Solimões, nem é de Manaus, mas de Manacapuru.

Já que o estádio ficará às moscas, uma saída é entregá-lo de vez aos animais, ou seja, transformá-lo em zoológico. Os turistas não precisariam mais entrar na floresta para ver araras, quatis, onças-pintadas, micos-reais, ariranhas, tatus, capivaras e macacos-barrigudos. Bastaria sentar nas arquibancadas.

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A Arena Pernambuco será o estádio do Náutico. Mas fica a 20 km de Recife, o que deve inibir os torcedores. Como parece que a construção da arena servirá principalmente para incrementar a exploração imobiliária da região, nada mais justo do que transformá-la num condomínio fechado, espalhando altos prédios sobre o gramado.

Os moradores teriam muitas vagas de estacionamento e o empreendimento poderia usar o slogan: "Se você quer morar no campo, este é o lugar perfeito".

Mato Grosso tem um dos piores Estaduais do Brasil em termos de público. Em 2013 houve apenas 605 torcedores por partida, totalizando 47.195 pessoas. Ou seja, por pouco o público do campeonato inteiro não cabe nos 43,6 mil lugares do novo estádio.

Mas a solução para levar mais gente à Arena Pantanal é clara e límpida: como Cuiabá tem uma temperatura média acima dos 30ºC, basta encher o estádio de água e fazer um piscinão.

Por fim, há o glorioso Estádio Nacional Mané Garrincha, que custou R$ 1,7 bilhão até agora (e estava orçado inicialmente em menos de R$ 0,7 bilhão). Os times do Distrito Federal têm pouca torcida e nenhum deles está nas Séries A ou B do Brasileiro, o que significa que raramente times grandes visitarão o Planalto Central.

Isso significa que o estádio ficará mais vazio que o Senado às sextas. Minha sugestão é que, aproveitando sua localização geográfica, seja transformado numa prisão exclusiva para políticos corruptos. O problema é que tem apenas 72 mil lugares. Pode precisar de uma ampliação.

JOSÉ ROBERTO TORERO é jornalista, escritor e roteirista, autor de "O Chalaça" (Objetiva), de "Uma História de Futebol" (Objetiva) e de "Dicionário Santista" (Ediouro), entre outros.

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