"A pressão popular pela convocação do atacante Romário (...) resgatou o clima tenso de 2001 e transformou em panela de pressão o simples amistoso preparatório desta noite".

O texto da Folha da edição de 31 de janeiro de 2002, que apresentava o amistoso entre Brasil e Bolívia, em Goiânia, mostrava que o técnico Luiz Felipe Scolari começava o ano da Copa do Mundo que seria realizada no Japão e na Coreia do Sul como havia terminado o anterior: pressionado para convocar Romário.

O "leva ou não leva" irritou o treinador, que foi até acusado por um torcedor da capital goiana de tê-lo chutado quando pedia Romário na porta do hotel –no dia seguinte fizeram as pazes e o técnico até se portou como "cupido" para o ex-desafeto.

O clamor durou da vitória de 6 a 0 sobre a Bolívia até às vésperas da convocação, em 6 de maio, quando Scolari não o chamou. No dia da convocação, disse que preferia passar por "bode expiatório a resolver com a cabeça dos outros".

O final na Ásia foi feliz, com o pentacampeonato conquistado, e a ausência de Romário foi esquecida.

Nesta virada de 2013 para 2014, o ano da Copa do Mundo no Brasil, Felipão não tem um "fantasma" com quem conviver, um jogador que torcedores e opinião pública exigem, algo com que sofreram os últimos treinadores da seleção brasileira em Copas do Mundo.

O Romário que assombrou Scolari em 2002 foi, em menor escala, Rivaldo para Carlos Alberto Parreira, em 2006, e Neymar e Paulo Henrique Ganso, este último com ênfase, para Dunga em 2010.

O técnico no Mundial da África do Sul sofreu até pressão de seus próprios companheiros de profissão. Uma pesquisa publicada pela Folha no dia 10 de maio de 2010, com 17 dos 20 treinadores dos times que disputaram a Série A naquele ano, mostrava que eles levariam Ganso para o Mundial –o meia estava em melhor fase do que Neymar naquele momento.

	Evelson de Freitas - 3.set.00/Folhapress
	Romário comemora gol em jogo das eliminatórias da Copa-2002; artilheiro não foi ao Mundial

EM BAIXA

Ronaldinho e Kaká. Este dois jogadores seriam os candidatos a assombração para Felipão em 2014. Mas ambos não estão produzindo o necessários para que tenham seus nomes lembrados.

Ronaldinho teria chance de mostrar competitividade na final do Mundial de Clubes, em dezembro, quando o seu Atlético-MG desafiaria o Bayern de Munique, considerado o melhor time da atualidade.

Teria, porque o camisa 10 não conseguiu que seu time vencesse o Raja Casablanca, do Marrocos, na semifinal. Ronaldinho fez gols de falta, foi assediado pelos atletas do Raja, que quase o deixaram nu após a vitória marroquina por 3 a 1, mas não brilhou. Ainda foi expulso na decisão de terceiro lugar, para sacramentar de vez que não deve jogar a Copa.

"[Kaká] foi mais ou menos. Não foi uma grande apresentação, mas também não foi ruim. Não sei se vou convocar", disse Scolari ao site "Globoesporte.com", após acompanhar a derrota do Milan, de Kaká, para a Inter, em Milão, no dia 22 de dezembro.

Kaká está em melhor posição do que Ronaldinho para ser chamado, mas não a ponto de ser exigido por torcida e mídia. A próxima convocação de Scolari será dia 11 de fevereiro, para amistoso contra a África do Sul, jogo que será dia 5 de março, em Johannesburgo.

Depois só há a convocação já para a Copa, dia 7 de maio, no Rio. Improvável que qualquer um dos dois esteja nessas listas.