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Para Inglês Ver: Carga de expectativas mais pesada que o mais sinistro riff do Sepultura

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OPERAÇÃO ANTI-BARBOSA

Não fale a goleiros brasileiros sobre presságios. Isso pode trazer má sorte. E, de qualquer forma, eles sabem tudo a respeito. A triste história de Moacir Barbosa está gravada em sua memória coletiva como se fosse uma foto em close da lendária cavalgada de Garrincha em um bode.

Barbosa, claro, vestia a camisa 1 da seleção brasileira da última vez que o país sediou uma Copa do Mundo, e não só foi culpado pela devastadora derrota na final como foi perseguido e sofreu ostracismo pelo resto da vida, proibido até de comentar as partidas da seleção por medo de que sua presença bastasse para agourar o time.

Por isso, este ano, quando o Brasil sedia de novo a Copa do Mundo e todo astro do samba estará sob mais pressão do que um mergulhador interrogado por Jeremy Paxman [jornalista da BBC conhecido por seu estilo abrasivo de entrevistar políticos], o goleiro da seleção da casa, especialmente, terá de arcar com uma carga de expectativas mais pesada do que o mais sinistro riff do Sepultura. Boa sorte com isso, Júlio César.

Mas e se a história de Júlio César provar ser o oposto da de Barbosa? Afinal, ele já está no ostracismo. E se você deseja terminar sendo cultuado no Maracanã, talvez precise começar no que certamente representa o extremo oposto da trajetória: sendo rejeitado em Loftus Road.

O homem que em julho espera vencer a Copa do Mundo em seu país no momento está na reserva de Rob Green como goleiro do Queens Park Rangers, e voltou da Copa do Mundo passada tão ridicularizado e desprezado que houve até sugestões de que virasse presidente de banco. Talvez isso tudo represente um bom presságio para Júlio César?

Existem sinais de que o sofrimento do goleiro já inspirou seus compatriotas. Quando o Brasil esmagou a Espanha por três a zero na final da Copa das Confederações, em julho, acreditava-se que os jogadores tivessem sido inspirados pelas massas que protestavam, em um movimento que exigia uma sociedade melhor para o Brasil, e também pelo fervor arrepiante com que o hino nacional brasileiro foi cantado pela torcida antes do pontapé inicial no Maracanã. Mas agora surgiu a informação de que o que inspirou Neymar & Cia. foi ouvir sobre o inferno que é a vida como reserva do Queens Park Rangers.

"Antes da final, [Júlio César] me perguntou se podia falar ao time naquele dia", revelou o capitão da seleção brasileira, Thiago Silva, à revista francesa "L'Équipe". "Respondi que claro que sim, e por isso Júlio falou a todos. Ele contou sobre os tempos difíceis que estava enfrentando devido ao fato de, um ano antes, ter deixado um clube enorme como a Inter, com o qual ele ganhou todos os títulos possíveis, para defender um time muito menos renomado, o Queens Park Rangers. Ele falou sobre o impacto que isso teve sobre sua família. As palavras dele realmente nos comoveram. Estávamos mordidos antes mesmo de entrar no gramado do Maracanã. Ver o rosto de Júlio enquanto ele contava a história multiplicou nossa motivação".

Na terça-feira, Felipão Scolari revelará seus convocados para a primeira partida do Brasil neste ano momentoso, um amistoso contra a África do Sul, e o treinador precisa decidir se o inferno de Júlio César no Queens Park Rangers continuará a inspirar o país.

Um dado encorajador é que o único jogo de Júlio César por seu time nesta temporada foi uma derrota por quatro a zero para o Everton em partida da FA Cup, no mês passado, quando dois dos gols foram marcados por um artilheiro que não havia marcado contra ninguém mais na temporada - Nikica Jelavic, o atacante croata que pode ser titular contra o Brasil na partida de abertura da Copa do Mundo.

FRASES DA SEMANA

"Não é a primeira vez que ouço comentários desse tipo de Mignolet... e tudo que posso dizer é que aqui na Espanha jamais ouvi um goleiro dizer que deseja tomar o lugar de [Iker] Casillas na seleção nacional - não ouvi nada parecido de [Victor] Valdés, [David] de Gea, [Pepe] Reina ou ninguém mais. Simon pode dizer o que quiser, mas creio que eu tenha defendido bem a Bélgica e estou jogando bem pelo Atlético.

É importante saber quando manter a humildade e o respeito" - Thibault Courtois pode estar no Atlético de Madri por empréstimo do Chelsea, mas claramente conhece os métodos de José Mourinho, como demonstrou com seu oportunismo ao ocupar uma posição de superioridade moral em seu esforço para bloquear a tentativa de Simon Mignolet de conquistar a posição indisputada de titular na seleção belga.

CACARECOS

  • Hong Myong-bo, treinador da seleção da Coreia do Sul, espera que parte da agonia do Queens Park Rangers também sirva para animar seu país. Por isso está a caminho do PSV para tentar convencer Park Ji-sung, recentemente libertado de Loftus Road, a cancelar sua aposentadoria da seleção em tempo para a Copa do Mundo.
  • A perspectiva de Nabil Bentaleb, certa vez descrito por Tim Sherwood [técnico do Tottenham] como "gritantemente francês", perder um pênalti pela Inglaterra na Copa do Mundo de 2018 se reduziu depois que um dirigente da federação argelina de futebol, Mohamed Raouraoua, se reuniu com a família do meio-campista do Tottenham como parte dos esforços continuados da Argélia para levar o jogador a optar por defender o país.
  • A família aparentemente aprovou o pedido, mas Bentaleb mesmo não disse se responderia favoravelmente a uma convocação para o amistoso do mês que vem contra a Eslovênia.
  • Usando a tradicional lógica de que se dois países ficam bem perto um do outro geograficamente devem ser parecidos em termos futebolísticos, o Uruguai anunciou que vai se preparar para seu duelo com a Inglaterra na Copa do Mundo jogando um amistoso em 30 de maio contra a Irlanda do Norte. Mr. Roy [Roy Hodgson, o técnico da seleção inglesa de futebol] certamente se sente lisonjeado.
  • Enquanto isso, Honduras anunciou que iniciaria seus preparativos com um amistoso contra a Colômbia. Mas a Colômbia anunciou que não estava informada a respeito. Por isso Honduras em seguida anunciou que havia se antecipado um pouco e que lamentava o mal entendido.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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