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Corintiano, técnico da Costa Rica teme manifestações e aposta em Neymar

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Corintiano, maloqueiro e sofredor. E técnico da Costa Rica na Copa do Mundo de 2014.

Jorge Luis Pinto, 61, participará de seu primeiro Mundial justamente no país que o acolheu, no final dos anos 70, para estudar sobre esporte.

O colombiano frequentou por um ano curso na USP (Universidade de São Paulo) ao mesmo tempo que ia a jogos do Corinthians, clube que escolheu para torcer quando viveu na capital paulista.

"Estive na final de 1977, contra a Ponte Preta, quando o time conquistou um título após mais de vinte anos. Foi incrível a comemoração nas ruas", contou em entrevista à Folha, em Florianópolis, onde participa do seminário para as equipes que participarão do Mundial.

Ivan Alvarado/Reuters
O técnico colombiano Jorge Luis Pinto, que vai comandar a Costa Rica na Copa
O técnico colombiano Jorge Luis Pinto, que vai comandar a Costa Rica na Copa

Jorge Luis Pinto voltou à Colômbia, se tornou treinador de times conhecidos, como o Millonarios de Bogotá, mas em 2003 sofreu um baque familiar.

Seu cunhado, Guillermo Gaviria Correa, engenheiro que governou o estado de Antioquia, foi assassinado pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), grupo guerrilheiro que o havia sequestrado um ano antes.

Yolanda Pinto de Gaviria, esposa de Guillermo e irmã do treinador da Costa Rica, se elegeu senadora após a morte do marido e ficou famosa por ser porta-voz de pessoas com familiares sequestrados pelas Farc.

A Costa Rica não teve sorte no sorteio dos grupos e caiu no Grupo D, o chamado "da morte", junto com Uruguai, Inglaterra e Itália. "Isso deu mais gana, mais vontade de vencer aos meus jogadores", disse Jorge Luis Pinto.

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O que mais agradava ao senhor na época ao ir nos estádios brasileiros quando morou no país?
A gente, o bom futebol, uma geração extraordinária, ver o Palhinha no Corinthians. No São Paulo estavam o Muricy [Ramalho, hoje treinador], o Pedro Rocha. No Palmeiras, [Ademir] da Guia, Jorge Mendonça, Edu. Em Porto Alegre estava o Falcão, todos aqueles grandes jogadores do futebol brasileiro. Um prazer ver o ótimo futebol.

Qual o melhor jogador da época?
Palhinha. Estava no Cruzeiro e veio para o Corinthians. Todos aqueles grandes jogadores, era perfeito. Era muito fã do Palhinha porque torcia pelo Corinthians. Na Colômbia tenho outros times do coração, como o Millonarios, mas aqui no Brasil sou corintiano.

Frequentava os jogos do Corinthians?
Estive em finais, como na de 77, contra a Ponte Preta, estive em muitas partidas. Quando estou no Brasil vou ver o Corinthians jogar sempre que posso.

Saiu para comemorar nas ruas o título de 1977 que tirou o time da fila?
Como todo mundo, em todas as partes.

O senhor conta que presenciou uma briga no estádio que o marcou?
Foi no Pacaembu. Foi uma briga histórica entre a polícia e os Gaviões. Lembro que um político precisou descer ao gramado para acalmar torcedores e policiais.

O marcou isso?
Sim, e em 2006 me lembrei muito, quando via pela TV a briga da polícia com torcedores que tentavam invadir o campo naquele jogo contra o River Plate [pela Libertadores]. Foi uma noite terrível, me preocupei muito porque pensei que fossem ocorrer muitas mortes.

O que a Costa Rica pode fazer na Copa do Mundo?
Muitas coisas. Temos que passar a primeira rodada, todos os adversários têm potenciais muito bons, de muito respeito. Mas isso nos obriga, nos compromete e nos motiva. O grupo tem garra para jogar e isso é muito bom. Motiva nosso trabalho.

Mas o time é considerado a zebra do grupo.
O futebol está muito igual hoje em dia. Poucas coisas têm diferença. Penso que com o elenco e a coletividade que temos vai ser muito bom participar desse grupo. Podemos surpreender.

Dos três rivais (Itália, Uruguai e Inglaterra), qual preocupa mais?
Itália. É mais compacta, mais agressiva, muito mais forte. O Uruguai é um time que joga no mano a mano, muito rápido, que toca bem a bola. As três partidas vão ser muito fortes, tenho que reconhecer isso.

A Costa Rica ficará concentrada em Santos, no litoral paulista durante a Copa, mas jogará em cidades como Recife e Fortaleza, no Nordeste. Essa distância nas viagens preocupa?
Os jogadores estão acostumados com isso e vamos com 48 horas de antecedência para estarmos bem descansados. Muitos falam do calor, mas nossos jogadores estão acostumados a jogar com calor. Na Costa Rica é Caribe, vamos fazer umas partidas amistosas antes de vir jogar aqui, estaremos preparados.

Lembro que na Costa do Sauipe, na Bahia, após o sorteio dos grupos da Copa, que o senhor procurava contato com treinadores para marcar amistosos contra seleções fortes antes da Copa. É difícil arrumar rivais assim para a Costa Rica?
Pode ser [difícil], mas estamos procurando certos adversários que queríamos. A todos temos o respeito, mas queríamos certos adversários, por exemplo, queria enfrentar a Rússia, ou a Suíça, porque tem coisas que queríamos ver. A Suíça trabalha bem e a Rússia é uma equipe muito estruturada. Queríamos fazer isso. [A Costa Rica não conseguiu enfrentar nem Suíça, nem Rússia. Jogará contra o Paraguai em março e Japão em junho].

O que acha de Neymar? O que espera dele na Copa?
Para mim, vai ser o melhor jogador do Mundial, sem dúvida. Individualmente, brilhante. Messi é bom jogador, mas Neymar é muito rápido. Vai ser muito complicado controlá-lo.

O Neymar vai jogar melhor que o Messi na Copa?
Eu acredito que sim.

O Brasil ganha a Copa do Mundo?
Pode ser.

O senhor está preocupado com os protestos que podem ocorrer durante a Copa do Mundo?
Eu como torcedor de futebol brasileiro acredito que o único problema que o Brasil pode ter é a parte social. Um protesto pode acontecer, isso me preocupa. O resto, não. A segurança da seleção [da Costa Rica] não tem problema. Mas pode trocar uma partida, adiar, qualquer coisa. Esse é o temor que eu tenho.

O seu cunhado foi assassinado pelas Farc. Como o senhor avalia a parte social na Colômbia atualmente?
Está melhor a coisa. A gente parou um pouquinho as conversações. As compensações são muito boas, muito oportunas para o momento do país. Uribe [ex-presidente Álvaro Uribe] fez uma coisa agressiva, este presidente [Juan Manuel Santos] quer fazer uma coisa mais humana. Este é o momento, mas mudou muito a Colômbia.

Sua irmã Yolanda segue ativa na política?
Não está na política mais, seu marido morreu na guerrilha, o fuzilaram. Fazer o quê? O mundo segue.

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