Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
Para Inglês Ver

Para Inglês Ver: Estrada para o inferno

Mais opções

De todos os apelidos do futebol, o que mais irrita o Para Inglês Ver é "socceroos". Basicamente porque é um lixo.

Se cada país copiasse a Austrália e decidisse atribuir à seleção nacional um apelido que não é mais que uma mistura canhestra entre seu nome e o de um animal associado à nação, a Espanha seria conhecida como "bolatouros" e a França teria de se sujeitar a ser chamada de "futegalos". O que realmente não funcionaria.

E já que o assunto é nomes, permitam-nos celebrar o maravilhoso fato de que o mais amado herói popular australiano, Ned Kelly, começou sua vida de crimes, em 1869, ao atacar um comerciante chinês de porcos chamado Ah Fook [foneticamente bem semelhante a "oh, fuck"].

Greg Wood/AFP
O técnico da seleção australiana, Ange Postecoglou, aplaude torcedores após um amistoso
O técnico da seleção australiana, Ange Postecoglou, aplaude torcedores após um amistoso

Coincidentemente, o nome desse mesmo comerciante aparentemente foi invocado com grande fervor pelo técnico dos socceroos, Ange Postecoglou, depois do sorteio dos grupos da Copa, que colocou sua equipe no mesmo grupo que a Espanha, Holanda e Chile. Se você quer sangue, temos sangue.

Pobre Postecoglou. Que chances ele tem? Os únicos encontros recentes entre a Austrália e seleções de qualidade comparável à de seus rivais na Copa terminaram em derrotas obscenas (França e Brasil impuseram goleadas de seis zero em amistosos recentes) e os jogadores que permitiram à seleção australiana conquistar alguma vaga ideia de respeitabilidade futebolística, nos últimos dez anos ou pouco mais, agora só interessam aos arqueólogos de informações esportivas especializadas. E talvez ao Watford [clube da segunda divisão da Inglaterra].

"Quero contribuir com minha experiência para a equipe do Watford e espero que minha capacidade natural de liderança possa beneficiar o grupo aqui", trombeteou Lucas Neill, o paleolítico zagueiro australiano que foi parar em Vicarage Road no começo da semana, o que despertou esperanças -ao menos na cabeça dele- de que possa ser convocado para liderar os socceroos no Brasil.

Postecoglou, no entanto, demoliu essas esperanças mais ou menos da mesma maneira que David Warner demole oponentes de cuja cara não gosta em casas noturnas da moda em Birmingham (como a The Walkabout); o técnico pôs fim às ilusões de grandeza de Neill ao não convocá-lo para o amistoso da Austrália contra o Equador, em 5 de março.

Naturalmente, já que a Austrália está se preparando para uma perigosa expedição em que terá de encarar temíveis predadores em estádios subtropicais e de altitude elevada, os amistosos preparatórios também foram marcados para ambientes hostis -no caso do jogo contra o Equador, Millwall [em Londres].

"Se um jogador se mantiver em forma, as portas estarão sempre abertas", proferiu Postecoglou, quando perguntado se Neill tinha chance de convocação para a Copa do Mundo, ainda que o restante da explicação do técnico tenha indicado que, se a porta está mesmo aberta, é porque há um balde de água equilibrado precariamente por sobre seu topo caso Neill tente entrar.

Ao que parece, Postecoglou decidiu usar a Copa do Mundo como oportunidade de integrar uma nova geração de socceroos -soccerjoeys, quem sabe?- à equipe, como preparativo para a Copa Asiática do ano que vem, que a Austrália sediará, e para a Copa do Mundo de 2018, que a Austrália no momento contempla com o otimismo de um melancólico personagem de canção de Nick Cave [músico australiano].

"Quando você contempla nossos jogadores mais experientes, não muitos deles, se algum, estão jogando em sua melhor forma", disse Postecoglou. "Faz sentido para mim que comecemos a construir uma nova base para o time".

A nova base incluiria Curtis Good, do Newcastle; Chris Herd, do Aston Villa; Ben Halloran, do Fortuna Dusseldorf; e Massimo Luongo, do Swindon Town, todos os quais convocados pela primeira vez para a partida contra o Equador. "Eles foram recompensados por mostrarem constância e bom futebol, o que mostra que juventude e experiência internacional limitada não serão barreiras para a oportunidade", disse o técnico, o que representa uma tradução australiana um tanto longa para o velho ditado "se não tem tu, vai tu mesmo".

FRASE DO DIA

"Falei como ele ao telefone antes de vir para cá e ele está muito zangado. Mourinho o procurou antes que ele visse as fotos, e lhe disse que não devia acreditar nas coisas que estava lendo. E que não tinha falado mal dele. Mas posso afirmar que Samuel não gostou nem um pouco da história"
Foi o que disse Claude Leroy, antigo treinador da seleção camaronesa, em entrevista a um canal da televisão francesa (que o informou que suas palavras estavam sendo gravadas), sugerindo que Samuel Eto'o não está vendo graça nas fofocas de Mourinho sobre ele. Isso pode ser um problema para o Chelsea e para Camarões, porque nenhuma das duas equipes deseja ver uma queda no desempenho do atacante que se declarou "confiante até os 50 anos".

NOTAS E NOVIDADES

Ávido por provar que merece vaga na seleção de Gana para a Copa do Mundo, John Mensah, ex-zagueiro do Sunderland e do Asante Kotoko, assinou com o FC Nitra, da Eslováquia, que presumivelmente derrotou a oferta do Watford.

"*"

Com Sabri Lamouchi a caminho de assumir o comando do Marseille depois da Copa do Mundo, a Costa do Marfim estará em breve procurando um novo técnico, e anunciou sua intenção em contratar um homem adiante de seu tempo, capaz de nutrir a formação de uma nova geração de atletas. O que, é claro, explica os boatos nos jornais do país apontando para uma lista de candidatos formada por Giovanni Trapattoni, Sven-Göran Eriksson e Avram Grant.

"*"

Stephen Keshi, o técnico da Nigéria, insiste em que o atacante Imoh Ezekiel, 20, do Standard Liège, aceite a convocação do país em que nasceu, apesar de o jovem ter declarado que prefere defender a Bélgica. "Ele me disse que mal pode esperar para usar a camisa dos Super Eagles, e creio que o amistoso com o México será a oportunidade perfeita para isso", estimulou Keshi.

"*"

Boca Juniors? Barcelona? Napoli? Pfui! Simples degraus a caminho de uma missão muito mais intrigante. "Acabo de assinar o contrato mais excitante de minha carreira", anunciou Diego Maradona depois de fechar contrato para ser comentarista da TV venezuelana durante a Copa, em um programa que combina discussão sobre o torneio e debate político. Se cuida, Jonathan Dimbledy [importante apresentador da televisão britânica]!

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Mais opções

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade

Siga a folha

Publicidade

+ Livraria

Livraria da Folha

Jogo Roubado
Brett Forrest
De:
Por:
Comprar
Festa Brasil (DVD)
Vários
De:
Por:
Comprar
The Yellow Book
Toriba Editora
De:
Por:
Comprar
Futebol Objeto das Ciências Humanas
Flávio de Campos (Org.), Daniela A.
De:
Por:
Comprar
Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página