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Para Inglês Ver: Azuis no céu, e pessimismo para a laranja

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Mais ou menos da mesma maneira que os especialistas em terremotos entendem uma correria súbita da fauna local como prenúncio de um forte abalo, os analistas experientes da Copa do Mundo sabem que não existe sinal mais garantido de drama à frente do que uma exibição vigorosa de uma seleção francesa confiante.

Basta estudar a história recente do país nas Copas para perceber que Les Bleus [apelido dado à seleção francesa] desenvolveram um tipo muito divertido de equilíbrio, sob o qual exibições de beleza maravilhosa se alternam com momentos de absoluto ridículo.

Estude o histórico, que basta para fazer qualquer francês rir, depois chorar, depois rir, depois chorar, depois rir, depois chorar e assim por diante.

Copas de 1982 e 1986: muita classe em campo, até a derrota nas semifinais.

De 1990 e 1994: fracasso grotesco nas eliminatórias da Copa.

De 1998: conquista do título!

De 2002: a pior defesa de um título na história do certame [foi eliminada na primeira fase].

De 2006: a seleção chegou à final, na qual seu melhor jogador [Zidane] marcou um belo gol de pênalti e depois deu uma cabeçada em um zagueiro adversário (acertando-o no peito, o que constitui uma agressão das mais anômalas).

De 2010: eliminação como última classificada em um grupo fácil, perdendo duas partidas, o juízo e qualquer traço de dignidade.

Charles Platiau - 18.nov.2013/Reuters
O técnico Didier Deschamps (esq.) comanda um treino da seleção francesa
O técnico Didier Deschamps (esq.) comanda um treino da seleção francesa

Fica perfeitamente claro, portanto, que a França se sairá bem na Copa deste ano. Tentar manter a discrição sobre isso é besteira -mais ou menos como a oposição de Michel Platini a engenhocas misteriosas como câmeras e replays.

"Há algo acontecendo...", foi a hesitante manchete do jornal "L'Équipe" na sexta-feira passada, em uma exibição inexplicável de modéstia que parece ridícula diante do esplendor da vitória francesa por 2 a 0 contra a Holanda, que se seguiu à derrota acachapante por 3 a 0 imposta à Ucrânia na segunda na partida de volta da repescagem eliminatória para a Copa.

O desempenho de Eliaquim Mangala confirmou que, com Raphael Varane, Laurent Koscielny e Mamadou Sakho também em cena, a França agora conta com excesso de excelentes zagueiros de área; outra exibição soberba de Blaise Matuidi, criador de um dos gols e autor do outro, oferece novas provas do excelente meio de campo francês; e Karim Benzema marcou um gol de luminosa beleza para confirmar que está emergindo da caverna em que vinha vivendo há meses -uma caverna, aliás, que talvez se localize em seus próprios posteriores.

Não importa: o que importa é que o destino deu ao técnico Didier Deschamps uma formação que funciona e jogadores que não parecem a ponto de abandonar as ferramentas ou atacar uns aos outros com martelos.

"Os outros países deveriam temer a França", trombeteou Matuidi, antes de acrescentar uma nota desnecessária de cautela: "Não ganhamos coisa alguma até agora, e o equilíbrio do time ainda é frágil, mas sentimos que, coletivamente, estamos nos entrosando. Sabíamos que tínhamos talento, mas acrescentamos a isso a determinação de não errar, e é isso que está acontecendo".

É claro que o outro fato inevitável a emergir do amistoso da noite de quarta-feira contra a Holanda em Paris foi que, da mesma forma que a França está a caminho de um torneio de sucesso, a Holanda, finalista em 2010, parece destinada a um fiasco ignominioso.

"Acho que jogamos bem pelos primeiros 25 minutos, mas perdemos o rumo depois daquele primeiro gol", disse o técnico holandês Louis van Gaal, que assistiu com mortificação à exposição das falhas de sua inexperiente defesa, como se fossem vira-latas pulguentos exibidos por acidente em um salão canino.

"Diversos jogadores estavam fora de ritmo", admitiu van Gaal, e Robin van Persie talvez tenha imaginado que seu desempenho nada efetivo só pode ser explicado pelos movimentos desconsiderados de seus colegas de equipe, pelas jogadas mal montadas do técnico, pelos flashes das câmeras da torcida, pelo alinhamento desfavorável dos planetas, pelos cânticos malévolos de alguma desconhecida seita secreta australiana ou pela inexplicável e desconcertante aposentadoria de um homem de 71 anos de idade.

Damien Meyer/AFP
O atacante Karim Benzema comemora um gol pela seleção francesa
O atacante Karim Benzema comemora um gol pela seleção francesa

FRASE DO DIA

"Obrigado àqueles que me apoiaram, e os demais deveriam se envergonhar... Cheguei lesionado, e Susic sabia disso... mas não me substituiu no intervalo, como planejado, e nem mais tarde, quando pedi para sair. Só ele sabe por quê"
Os preparativos da Bósnia-Herzegovina para sua estreia na Copa do Mundo lembram estranhamente os da França para a Copa da África do Sul em 2010, como o prova o ataque de Dzeko aos torcedores que o vaiaram durante a derrota por 2 a 0 do time diante do Egito e ao técnico da seleção.

NOTAS E NOVIDADES

Um rude despertar para aqueles que imaginavam que os únicos números com os quais a Fifa se importa são os de seus contratos comerciais: a seleção equatoriana recebeu ordens de que deve reintegrar a camisa 11 à sua numeração, ao anunciar sua equipe para a Copa do Mundo. A federação equatoriana de futebol aposentou o número em honra do atacante Christian "Chucho" Benítez, que morreu em julho de uma parada cardíaca súbita, aos 27 anos. "Teremos de usar o número, foi o que nos disseram", lamentou o treinador Reinaldo Rueda.

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Como se inspirado pelo lembrete de Alan Partridge de que era preciso lembrar que o Titanic "navegou mais de 1,6 mil quilômetros de modo tranquilo e prazeroso antes de colidir com um iceberg", o técnico australiano Ange Postecoglou optou por acentuar o lado positivo depois que os Socceroos desperdiçaram uma vantagem de três a zero ao final do primeiro tempo e saíram derrotados por 4 a 3 em amistoso com o Equador. "A decepção quanto à derrota é contrabalançada pelo fato de que, por 45 minutos, jogamos futebol muito bom", propôs Postecoglou.

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Os jogadores da seleção iraniana primeiro celebraram o aniversário do técnico Carlos Queiroz esfregando bolo em sua cara, e logo em seguida agrediram seus olhos esfregando um futebol horroroso em seu rosto na derrota por 2 a 1, em casa, diante de Guiné.

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Arsène Wenger está preparando uma caneca de chocolate quente e um discurso de platitudes carinhosas como parte de seu esforço para reconstruir a confiança de Mesut Özil, que foi alvo de apupos da torcida de seu país quando a seleção alemã jogou bem pior do que a chilena em um amistoso que terminou em insatisfatória vitória por 1 a 0 para o time da casa. "Não sabemos o que os torcedores pensam, mas Mesut não merecia isso", resmungou Per Mertsacker, companheiro do meio-campista no Arsenal e na seleção da Alemanha.

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A federação belga de futebol espera persuadir o treinador Marc Wilmots a renovar seu contrato antes que este expire, na metade do ano. Mas a possibilidade parece remota depois que surgiu a notícia de que "diversos times grandes" ofereceram pagar a Wilmots mais de três vezes o seu salário atual. O agente de Wilmots de forma alguma está envolvido com a divulgação dessa notícia.

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A falta de gols da seleção nigeriana em seu empate com o México resultou em retomada da pressão para que o técnico Stephen Keshi volte a convocar Ike Uche, atacante do Villareal. "É fato que o técnico tem a palavra final nas convocações e na escalação do time, mas não é justo descartar um de nossos astros mais brilhantes na Europa porque o técnico acredita que lhe falte disciplina tática", criticou Victor Ikpeba, antigo atacante da seleção nigeriana.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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