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Para Inglês Ver: A pretensão do futebol não tem limites

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Quando o presidente John Kennedy se levantou para discursar aos "USA! USA! USA!" às 15h do dia 22 de outubro de 1962, revelando a gravidade da crise dos mísseis de Cuba, ele mal poderia ter imaginado que 52 anos mais tarde seu país continuaria envolvido em uma disputa sinistra com seus primos russos.

Mas enquanto Kennedy, Krushchev e os demais protagonistas do drama estavam na ponta mais aguçada da guerra fria, o campo de batalha político no qual as duas grandes nações se defrontam hoje talvez mereça outro apelido: contratempo morninho, talvez? Arranca-rabo em baixa temperatura? Ou crise da alta pretensão futebolística?

Porque, como sempre, cabe ao futebol se levar tão a sério que o sangue derramado, os combates e o horror generalizado da atual situação da Ucrânia empalidecem completamente assim que o futebol estende seus endinheirados tentáculos naquela direção.

No final da semana passada, os senadores norte-americanos Dan Coats e Mark Kirk, depois de estudar por cinco minutos a invasão da península da Crimeia pela Rússia, decidiram que impor sanções ao país era café pequeno. Em lugar disso, tentaram evocar a força mais poderosa do planeta: o futebol.

Eles apelaram para que os homens de Vlad Putin sejam expulsos do gramado sem hesitação, como aconteceu com a Iugoslávia na Eurocopa de 1992 e na Copa do Mundo de 1994, e que o país perca o direito de sediar a Copa em 2018, porque –e aqui vem a melhor parte– a Rússia exibe "desrespeito aberto pelos princípios fundamentais da Fifa".

Para não se verem superados nessa copa da pomposidade, os políticos russos Alexander Sidiakin e Michael Markelov também estavam ansiosos por tornar insignificantes os mortos da Ucrânia, se comparados aos supremos esforços de 22 manos chutando uma bola pelo gramado.

Escreveram uma carta aberta, um método extremamente discreto de comunicação, à Fifa para exigir que os USA! USA! USA!!! também sejam expulsos da Copa do Mundo.

"É olho por olho e bola por bola", bradou Sidiakin por meio do canal mais correto para a diplomacia internacional, o Twitter.

O mundo está esperando de respiração suspensa pela decisão da Fifa. Do vulcão oco em que fica seu quartel-general secreto na Suíça, Sepp Blatter tem uma decisão a tomar.

Será que deve retirar a Copa do Mundo de um país com grande riqueza e histórico dúbio quanto aos direitos humanos, algo que sua organização demonstrou disposição de fazer no passado, ou que deve excluir da Copa do Mundo um país com grande riqueza e histórico etc. etc.?

Se tivesse dinheiro para apostar, seria em que o próximo banquete da Fifa terá no cardápio blinis e hambúrgueres recheados com os nove décimos do avestruz cerimonial da Fifa que não estão enterrados na areia.

Siphiwe Sibeko - 5.mar.2014/Reuters
Neymar, que recebeu elogio de Pelé
Neymar, que recebeu elogio de Pelé

FRASE DO DIA
"Ele é um grande jogador."
Pelé acrescenta Neymar ao seu panteão de astros da Copa do Mundo, onde ele se acomodará ao lado de Nick "quase Zidane" Barnby, Nicky "apaixonado" Butt e Nii "próximo Pelé' Lamptey.

NOTAS E NOVIDADES

Adama Iris, diretor de marketing da federação nigeriana de futebol, criticou os torcedores do país por comprarem apenas 300 dos 11,2 mil ingressos alocados a eles. O salário médio da Nigéria é de 936 libras (cerca de R$ 3.670) por ano (70% abaixo da linha da pobreza); o ingresso mais barato da Copa do Mundo custa 125 libras (R$ 490); voos Nigéria-Brasil em junho custam 1.400 libras (R$5.988). "As pessoas dizem que apoiam o futebol, mas não compram ingressos para apoiar a seleção", reclamou Iris.

*

O ministro da Renovação Industrial da França, Arnaud Montebourg, criticou a federação francesa de futebol por encomendar na Ásia os uniformes do país para a Copa. "Não compreendo como eles preferem fazer na Tailândia algo que fazemos muito bem em casa", ele resmungou. "A FFF poderia fazer melhor, e não estou feliz".

*

Liberdade de expressão, está bem, mas é melhor ficar quieto: Sepp Blatter anunciou que não haverá discursos formais na cerimônia de abertura da Copa do Mundo, depois das vaias e da inquietação social subsequente ao discurso da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de abertura da Copa das Confederações de 2013.

*

Muricy Ramalho, o técnico do São Paulo, aderiu ao espírito festivo na preparação para a Copa do Mundo. "Eles sempre prometem uma grande Copa do Mundo, com um forte legado. A palavra parece ser a solução de tudo. Você gasta bilhões e mais bilhões e fala em legado. E tudo que vemos é um mau legado. O dinheiro poderia ter sido gasto em muitas outras coisas boas", ele declarou, mostrando grande espírito de copa.

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Bruno Kelly - 9.mar.14/Reuters
Inauguração da Arena Amazônia, um dos 12 estádios da Copa
Inauguração da Arena Amazônia, um dos 12 estádios da Copa

O estádio Arena Amazônia, de Manaus, construído por 174 milhões de libras (R$ 682 milhões), foi inaugurado com uma partida local e elogiado por todos os presentes - exceto os esnobes que esperam que a cobertura não vaze em cima deles, por aqueles que querem ocupar o lugar para o qual compraram ingresso, pelas pessoas que queriam comer alguma coisa e por qualquer um que tivesse esperança de usar o banheiro.

*

E o técnico italiano Cesare Prandelli diz que o único titular definido de sua seleção é o goleiro Gianluigi Buffon, e advertiu Mario Balotelli de que ele não tem lugar garantido no time. Enquanto isso, as camisas da seleção italiana para a Copa do Mundo farão micromassagens nos jogadores que as usam –"um toque verdadeiramente italiano", elogiou Buffon.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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