A presidente Dilma Rousseff prepara um pacote de concessões com foco nos movimentos sociais e na Copa para ser lançado nas próximas semanas.

Uma das ações, de impacto imediato, é a realização com o aval do governo federal de festas populares durante a Copa. A ideia é promover, aos moldes dos blocos de carnaval pelo país, eventos paralelos aos da Fifa –as chamadas Fan Fests, que ocorrem nas cidades-sede do Mundial.

No caso das "fan fests" do governo, as festividades não se restringiriam às cidades-sede da Copa.

A decisão faz parte de uma estratégia do governo de promover a Copa como ganho social, além de sanar o desgaste decorrente dos atrasos nas obras de infraestrutura e dos gastos com estádios.

Também ocorre num momento em que movimentos sociais se mobilizam para uma série de atos contra a realização do evento –algo que o governo diz estimular, mas tem monitorado de perto.

As festas, segundo a Folha apurou, seriam realizadas numa parceria com escolas de samba, clubes, bares, torcidas organizadas. A ideia é que o governo faça a mediação entre os patrocinadores do Mundial, prefeituras e os locais dos eventos, de forma a orientar a instalação de telões, o aluguel de banheiros químicos e equipes de segurança.

Segundo assessores do Planalto, a experiência é semelhante àquelas feitas durante o Carnaval em várias cidades do país: empresas de cerveja, por exemplo, investem de R$ 5 mil a R$ 10 mil em pequenos e médios municípios para a realização do evento.

Embora oficialmente o governo negue qualquer preocupação com a Copa e diga que manifestações populares não devem ser reprimidas, Dilma teme que a insatisfação deságue em sua campanha após a realização do evento.

Pesquisa Datafolha mostrou nesta terça-feira (8) que mais de a metade da população brasileira acredita que a Copa do Mundo trará mais prejuízos do que benefícios ao país.

Para 55% dos entrevistados, a competição vai resultar em problemas para a população em geral, contra 36% que estão otimistas com melhorias que a Copa deixará para o Brasil (9% não souberam responder a pergunta).

DECRETO

A Folha apurou ainda que outra medida desse conjunto de ações, a ser anunciada possivelmente já na semana que vem, é o decreto que institui a Política Nacional de Participação Social — uma espécie de formalização do calendário de reuniões entre governo e sociedade.

A medida deve ser lançada em evento no Palácio do Planalto nos próximos dias, numa tentativa do governo de, após uma sucessão de notícias ruins, criar mais uma nova agenda positiva para Dilma.

A ideia é assegurar instâncias de diálogo entre governo e movimentos sociais por meio da criação de conselhos de gestão, rodadas regulares de diálogo, conferências municipais, estaduais e federais, além de estimular a adesão ao orçamento participativo.

Trata-se de uma antiga reivindicação de movimentos sociais, aperfeiçoada desde as manifestações de junho. O lançamento coincide com um momento delicado do governo, de queda na popularidade da presidente e insatisfação de setores mais à esquerda da sociedade –e do próprio PT.