Se o assunto é festa, o seminário da Fifa para os árbitros dificilmente conseguirá eclipsar, por exemplo, a infame festa dos anões de Freddie Mercury.

Enquanto a noitada do ex-líder do Queen podia se vangloriar de anões carregando em suas cabeças bandejas repletas de pó levanta-ego colombiano, o convescote da Fifa para os juízes da Copa do Mundo, esta semana, oferecia palestras um tanto menos exóticas, sobre "como compreender as diferentes mentalidades do futebol (conhecer as seleções) e "como garantir a consistência e uniformidade das decisões".

Parece ser o tipo de festa na qual o pesar e o autodesprezo em geral associados à ressaca pós-farra podem chegar ainda durante o evento.

Ainda assim, o encontro deu aos juízes da Copa a chance de aprender sobre a tecnologia que será usada para definir se a bola entrou mesmo no gol e sobre o spray que permitirá que façam um Banksy nos gramados do certame -um produto que Sepp Blatter, claro, já definiu como "novidade". Banksy é um veterano artista britânico de rua, famoso por seus grafites.

Apesar disso, o juiz sueco Jonas Eriksson não hesitou em lisonjear, dizendo: "Acredito que os novos brinquedos que temos ao nosso dispor sejam importantes, mas nossa preparação nos meses que antecederam a Copa do Mundo foi conduzida rigorosamente pela Fifa, e confio em que esta será a melhor Copa do Mundo em termos de arbitragem".

Mas será, mesmo? A lista da Fifa para os árbitros da Copa parece um programa de circo.

Da Confederação Asiática de Futebol, temos Ravshan Irmatov -cuja experiência recente em partidas importantes foi a de marcar um pênalti no jogo entre Brasil e Itália na Copa das Confederações de 2013, e depois mudar de ideia quando os jogadores prosseguiram na jogada e confirmar o gol que foi marcado.

E temos também Ben Williams, cujos dois erros em uma recente partida duramente disputada da A-League [a liga nacional australiana] levaram o diretor de arbitragem australiano Ben Wilson a pedir desculpas em público pelo desempenho dele.

Há também o argentino Nestor Pitana, que ignorou a agressão de Luis Suárez ao chileno Gonzalo Jara apesar de o agredido ter acenado ao árbitro e pedido que observasse o adorável uruguaio.

Ou ainda o juiz e dublê de Drácula mexicano Marco Antonio Rodríguez, que estrelou um dos momentos mais bizarros do comentário futebolístico quando o pretensioso comentarista de arbitragem britânico Graham Poll o acusou de ser pretensioso.

Mas temos algumas almas dedicadas na lista de árbitros. Djamel Haimoudi, da Argélia, e seu compromisso de soprar o apito não importa o que aconteça merecem admiração, como aconteceu em 2013, quando ele continuou a bronca contra Vincent Enyeama mesmo que este estivesse tentando erguê-lo do gramado pelas partes baixas de sua anatomia.

E há ainda o chileno Enrique Osses, que concluiu um pique de 30 metros com uma espetacular distribuição de três cartões vermelhos, apenas para ser recompensado com um murro no pescoço.

Mas é na Europa, claro, que você encontra os principais árbitros do mundo. Aqui, afinal, estão as melhores ligas mundiais de futebol, o que implica que tenhamos os melhores juízes.

Da Alemanha, tempos Felix Brych -cujos olhos de águia conferiram ao Bayer Leverkusen um gol no qual a bola passou um metro fora da trave e entrou por um furo da rede.

Temos o turco Cuneyt Cakir, responsável por causar tamanha fúria a lorde Ferg [o ex-treinador Alexander Ferguson, do Manchester United] que pela primeira vez na história o fez perder a fala -pelo que o juiz merece algum crédito.

Temos Pedro Proença, um homem que certa vez aplicou um cartão contra um jogador por este colocar um solidéu na cabeça e rezar, e Nicola Rizzoli, que no mês passado marcou um pênalti e mudou de ideia depois que os jogadores gritaram com ele o suficiente.

E temos o caso de Eriksson, cujas referências incluem o seguinte depoimento de Manuel Pellegrini:" Ele não teve controle do jogo em momento algum. Não foi boa ideia colocar um juiz sueco no comando de uma partida tão importante". Outro testemunho, de Gordon Strachan: "Ele jamais deveria apitar outro jogo [na Liga dos Campeões]. Não é bom bastante".

E o juiz sueco também foi acusado por José Mourinho de fazer parte de uma conspiração da Uefa.

E por fim, claro, temos o inglês Howard Webb, o homem que apitou a final da copa de 2010 com tamanho sucesso que as vaias abafaram as vuvuzelas, e que recentemente começou a oferecer seus serviços por quatro mil libras via uma agência que representa humoristas.

Em retrospecto, o seminário da Fifa pode ter sido hilariante. Ainda que, provavelmente, não pelos melhores motivos.

CITAÇÃO DA SEMANA, OU EM OUTRAS PALAVRAS, "PELÉ DISSE O QUÊ, AGORA?"
"Isso é normal. Essas coisas acontecem. Foi um acidente, algo normal, nada que deva assustar"
Pelé, desconsiderando a morte de um operário no Itaquerão, em São Paulo, e isso durante o lançamento de uma coleção de diamantes produzidos com seu cabelo.

	Felipe Trueba/Efe
	O ex-jogador Pelé durante um evento em Santiago, no Chile

NOTAS E NOVIDADES
Diego Forlán tentou reduzir as expectativas de vitória do Uruguai na Copa do Mundo ao fazer um comercial de TV sul-americano no qual vestia uma camiseta com o instigante slogan "não somos os favoritos e não seremos uma surpresa. Somos a seleção que ninguém quer tirar no sorteio".

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O treinador brasileiro Felipão instou seus jogadores a fazer $exo normal durante o torneio, mas os proibiu de qualquer coisa mais acrobática. "Se for $exo normal, tudo bem", ele proclamou. "Normalmente, o intercurso sexual é feito de maneira equilibrada, mas existem certas formas, certas maneiras e certas pessoas que fazem acrobacias -isso não".

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Falcao está confiante de que se recuperará de sua lesão de ligamentos em tempo para disputar a Copa pela Colômbia. "Estou um pouco adiante do que esperava, mas todos sabemos que preciso melhorar dia após dia", ele disse com uma careta de dor.

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Já Jay Rodriguez, do Southampton, ficará fora da Copa por um problema no joelho. "Ele está naturalmente desapontado", disse um cartola do Southampton, inadvertidamente colocando em questão a natureza do jogador.

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Depois de receber sua exclusão da seleção nigeriana que disputou a Copa Africana de Nações de 2013 com uma típica tirada no Twitter, Peter Odemwingie diz que agora se desculpou, na esperança de jogar a Copa do Mundo. "Eu tive de ser humilde e dar o primeiro passo", ele declarou, engolindo o orgulho.

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E no departamento de serviços ao torcedor da Copa: o Exército brasileiro diz que atiradores lançaram pelo menos cinco ataques contra seus soldados depois que eles ocuparam um complexo de favelas no Rio de Janeiro em um esforço para melhorar a segurança da área dois meses antes do início da competição.

* Tradução de PAULO MIGLIACCI