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Ex-jogadores relatam perna mole, surpresa e choro com convocações

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"Por mais que você tenha muita confiança de que vai ser convocado para a seleção, você quer mesmo é ver o seu nome lá na lista oficial dos inscritos na Copa."

Foi dessa maneira que o ex-zagueiro Oscar, que foi aos Mundiais de 1978, 1982 e 1986, explicou o que aconteceu com ele e o que pode estar passando agora na cabeça dos jogadores candidatos a formar a seleção em 2014.

Oscar foi um dos seis ex-atletas ouvidos pela Folha. Os outros foram: Mazzola (que participou das Copas de 1958 e 1962), Edu (1966, 1970 e 1974), Leão (1970, 1974,1978 e 1986), Müller (1986, 1990 e 1994) e Luizão (2002).

Eles falaram como foram as suas experiências, a expectativa de uma convocação para a Copa e de como reagiram quando foram chamados.

Teve quem ficou com a perna mole do susto com a notícia da convocação, gente que chorou, atleta que foi avisado por torcedor na rua e jogadores que já imaginavam que seriam chamados.

MAZZOLA

O ex-atacante José Altafini, o Mazzola, atuou por duas seleções diferente em Copas do Mundo. Ele, que é nascido em Piracicaba (SP), foi campeão em 1958 pelo Brasil e em 1962 atuou pela Itália.

Sobre a expectativa para a convocação do Mundial de 1958, Mazzola afirmou que estava bastante otimista e que tinha confiança de que não ficaria de fora.

"Eu tinha ido bem nos amistosos e esperava ser chamado".

Ele contou que durante a preparação para o Mundial de 1958, na Suécia, a seleção brasileira reuniu mais de 30 jogadores e que depois a comissão técnica teve que fazer cortes.

Na definição dos jogadores para a Copa (22 foram inscritos), Mazzola apontou que foi uma mistura de sentimentos.

"Tinha gente que chorava de tristeza, outros de alegria. É difícil. Por um lado, você fica muito feliz, pois é uma satisfação jogar a Copa. Mas por outro, você fica triste por causa dos seus companheiros que saíram do grupo", disse.

Sobre a Copa 1962, Mazzola declarou que não tinha expectativa de defender o Brasil. Ele comentou que jogou pela Itália porque na época o Brasil não convocava atletas que atuavam fora do país. Ele tinha sido transferido do Palmeiras para o Milan.

"Eu sabia que isso não iria mudar. Aí, eu aceitei o convite da Itália", declarou.

EDU

O ex-ponta Edu, que se destacou pelo Santos, foi convocado com 16 anos para disputar a Copa do Mundo de 1966.

"Eu estava no aeroporto, indo com o time do Santos para Belo Horizonte, quando o massagista veio me falar que eu tinha sido convocado para a seleção", disse.

Naquela hora, Edu duvidou da informação. "Eu achei que ele estava querendo tirar onda da minha cara".

Andando pelo aeroporto, Edu, sem ser reconhecido, encontrou um senhor que estava escutando rádio e resolveu perguntar se tinha escutado os nomes dos convocados: "Ele disse que um jovem jogador do Santos tinha sido chamado e falou o meu nome."

Com a confirmação da notícia, Edu se emocionou. "Minhas pernas amoleceram e tive que sentar."

Mas ainda não estava certa a sua ida para a Copa de 1966, mais de 40 jogadores foram chamados para a preparação.

"Os cortes eram feitas por etapas. A gente se reunia e eles liam os nomes dos jogadores por ordem alfabética. Quando chegava à letra 'J' eu tremia. Mas depois foi muita alegria", diz Edu, que se chama Jonas Eduardo Américo.

Edu ainda foi convocado para as Copas de 1970 e 1974. Para esses Mundiais, ele, por estar mais famoso, já esperava ser chamado.

LEÃO

O ex-goleiro Emerson Leão, ídolo do Palmeiras, também chegou cedo à Copa. Com 20 anos, ele foi reserva no Mundial de 1970.

Essa convocação foi uma surpresa para Leão pela forma que aconteceu. O goleiro tinha sido chamado na época do treinador João Saldanha, mas, com a mudança na comissão técnica e a chegada de Zagallo, ficou fora da lista dos jogadores que iriam para o Mundial.

"Falaram para mim que eu tinha sido cortado por ser o mais novo dos goleiros. Falaram que eu ainda teria muito tempo para jogar pela seleção", disse Leão.

Só que Zagallo precisou cortar o atacante Rogério, do Botafogo, e, então, chamou o novato goleiro para a Copa.

"Uma semana depois, a infelicidade caiu no colo do Rogério, que saiu machucado. Acho que as consciências deles pesaram e me convocaram", afirmou.

A seleção foi com três goleiros para o Mundial, Felix, Leão e Ado, em um período que o costume era convocar o de só chamar dois goleiros para o elenco.

Em 1974 e 1978, Leão disse que chegou ao momento da convocação sem medo de ser surpreendido na hora da divulgação da lista.

"A confiança era mútua e muito grande", disse, referindo-se ao seu relacionamento com Zagallo em 1974 e com Coutinho em 1978.

Leão não foi lembrado por Telê Santana para a Copa de 1982, o que lhe causou surpresa.

"Telê, em sua primeira convocação, não me chamou. Ele foi à TV e disse que não precisava me convocar naquele momento porque quando fosse jogo oficial eu seria titular. Porém, não me convocou mais".

Mas, em 1986, Leão estava de volta à Copa, e o técnico da seleção era novamente Telê.

"Ele quis corrigir aquele erro. Em 1986, eu tinha sido escolhido o melhor goleiro do ano anterior. Ele foi obrigado a me convocar. Foi mérito meu dentro do campo", afirmou.

OSCAR

Jogador de três Copas, o ex-zagueiro Oscar afirmou que não estava esperando ser convocado para o Mundial de 1978, o seu primeiro. Na época, tinha 24 anos e defendia a Ponte Preta.

"Até hoje, é difícil um jogador de time do interior disputar uma Copa. Mas a boa campanha da equipe em 1977 me ajudou", disse referindo-se ao ano em que a Ponte perdeu a final do Campeonato Paulista para o Corinthians.

Oscar contou que ficou sabendo que estava na lista para a Copa de 1978 de uma forma surpreendente, por meio de um torcedor.

"Eu estava na rua, indo para o treino, quando um torcedor veio me falar. Fiquei na dúvida. Quando cheguei ao clube, eles confirmaram que tinha chegado um telegrama falando da minha convocação", disse.

No Mundial seguinte, Oscar viveu uma situação parecida à que alguns jogadores da atual seleção enfrentaram agora: mudar de clube e ficar mais perto da vaga na Copa.

Ele atuava pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos, em 1979, e decidiu se transferir para o São Paulo.

"Achei que, se ficasse no Cosmos, não disputaria a Copa. Ficava muito longe das coisas daqui do Brasil", afirmou.

Deu certo. Ele virou um dos destaques do São Paulo e foi chamado, sem surpresa, para as Copas de 1982 e 1986.

"Por mais que você tenha muita confiança de que vai ser convocado, você quer mesmo é ver o seu nome lá na lista oficial dos inscritos na Copa".

MÜLLER

Em 1986, Müller, apesar de jovem (20 anos), já era nome constante no ataque da seleção brasileira. Só que ele afirmou que não tinha certeza de que seria convocado para a Copa daquele ano.

"A concorrência era grande. Era possível montar uma equipe inteira de atacantes", disse.

Ele declarou que recebeu o aviso que tinha sido convocado para uma pré-lista de selecionados para o Mundial durante um treino do São Paulo.

"O presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, o mesmo que comanda hoje o clube, foi quem me chamou e veio falar comigo", afirmou o jogador.

A confirmação de que estaria na Copa veio depois de participar de uma série de treinamento com a seleção em Belo Horizonte. "Telê fez os cortes no grupo, e eu acabei ficando."

Müller também comentou que não tinha vaga garantida nas Copas de 1990 e 1994, as outras que ele participou.

"Tive que correr muito em campo [ para convencer os técnicos]. Não era fácil para jogar na seleção", disse.

LUIZÃO

Durante as eliminatórias para a Copa de 2002, nenhum jogador tinha se firmado como centroavante titular da equipe.

E no período anterior à convocação para o Mundial, aumentou a pressão dos torcedores para que o técnico Luiz Felipe Scolari chamasse Romário.

O ex-centroavante Luizão contou que os dias que antecederam a convocação para a Copa de 2002 foram de muita ansiedade para ele.

"Ficava sempre pensando na convocação. Não tinha como ser diferente, né? Foi muita loucura", declarou.

Ele contou que lia as notícias sobre Romário, mas achava que ele e o atacante carioca poderiam ser convocados juntos.

"Tinham outros atacantes que poderiam ter ficado de fora, o Edílson, o Denílson... A concorrência do Romário não era só comigo".

Luizão ganhou muita simpatia de Scolari quando atuou no último jogo das eliminatórias, na vitória decisiva sobre a Venezuela por 3 a 0, com dois gols seus. Naquela época, o atacante estava machucado, mas passou por tratamento intensivo para conseguir jogar.

O treinador brasileiro já tinha sinalizado que confiava em Luizão para a Copa. No dia da convocação, veio a confirmação oficial.

Ronaldo e Luizão foram os centroavantes escolhidos por Scolari.

"Fiquei feliz demais. Foi um sonho. A gente se emociona mesmo".

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