Brasileiros vão apostar mais de R$ 320 milhões na Copa
Apostar em um time, a partir do computador ou do celular, antes ou durante a partida, quem sabe até da arquibancada recém-reformada de um dos estádios da Copa.
Muitos brasileiros vão seguir esse ritual e, juntos, gastar mais de R$ 20 milhões por partida durante o Mundial.
Se a seleção for para a final, até R$ 60 milhões sairão do país em minutos, rumo a paraísos fiscais onde estão hospedados sites de apostas.
Editoria de arte/Folhapress |
Esse tipo de jogo não é regulamentado no Brasil, mas isso não tira a lucratividade do mercado, impulsionado pelas facilidades da internet.
As únicas apostas esportivas regulamentadas no país são as loterias esportivas federais e as corridas de cavalo, que são reguladas pelo Ministério da Agricultura.
O apostador virtual precisa apenas de uma conta no banco e cadastro num dos diversos sites –em português.
É possível pagar pelo lance até por boleto. Caso o apostador brasileiro ganhe, o prêmio é debitado em sua conta ou no cartão de crédito.
Pelas estimativas da empresa de consultoria de jogos GBGC (Global Betting and Gaming Consultants), os brasileiros vão apostar mais de R$ 320 milhões na Copa, movimentação que passará fora do radar do governo.
Segundo Gerson Schaan, coordenador-geral de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, é possível acompanhar uma parte dessas movimentações de forma indireta, já que o dinheiro acaba passando por algum ponto controlado, como cartão de crédito, operação de câmbio ou até evolução patrimonial.
A questão é que os prêmios on-line são geralmente baixos, diluídos por vários apostadores, o que torna mais difícil rastrear esse fluxo.
BRECHA
Os sites se valem da brecha na legislação que não explicita a proibição de serviços de aposta on-line oferecidos por empresas no exterior.
A empresa líder no Brasil, Sportingbet, sediada em Malta, chegou a fazer publicidade em jogos da Série B. Parte desse dinheiro foi para a CBF.
A empresa não respondeu aos contatos da reportagem.
Para Roberto Quattrini, diretor da empresa italiana Lottomatica, uma das maiores operadoras mundiais de loterias, o mercado potencial de apostas esportivas no Brasil é de R$ 6,5 bilhões.
Há três anos, ele e outros representantes do setor apresentaram ao governo modelos de operação e ações para evitar lavagem de dinheiro e manipulação dos jogos.
Pelos cálculos do setor, se o governo cobrasse 4% sobre as vendas totais, poderia faturar até R$ 260 milhões por ano.
Uma comissão do Ministério do Esporte chegou a propor a criação de uma agência para regulamentar apostas esportivas, mas o projeto não andou.
Para André Gelfi, diretor da Codere no Brasil, que administra o Jockey Club do Rio, a regulamentação vai acontecer naturalmente. "É incompreensível o país ser tão fechado."
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