Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu

Não leve suas joias ao Brasil, aconselha Bloomberg a turista que vier para Copa

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

É até comum dizer aos amigos que tomem cuidado caso precisem visitar alguma região em conflito, mas uma recomendação como essa está na reportagem "Headed to Rio World Cup? Leave the Gold Necklace at Home" ("A caminho da Copa do Mundo no Rio? Deixe o colar de ouro em casa", em tradução livre), publicada pela Bloomberg no último sábado (3).

O artigo argumenta que o número de assaltos no Rio subiu "19% em 2013, somando 37.412 ocorrências –o dobro do registrado em metrópoles mais populosas, como Nova York e a Cidade do México–", e que há um descontentamento da população que coincide com a desaceleração econômica do país.

À Folha David Biller, 30, correspondente da Bloomberg no Rio há um ano e meio, disse que buscou discutir em sua reportagem como os índices de violência afetam a imagem do país no exterior.

"Ninguém familiarizado com o noticiário local se surpreende com a violência. Na verdade, o maior espanto é a cidade estar mais segura agora do que há algumas décadas. Mas, para muitos, os crimes ainda assustam. Turistas têm expectativas a respeito da cidade que estão visitando e às vezes são confrontados pela realidade", diz.

O texto ainda estava entre os mais lidos do site da agência de notícias econômicas até o início da manhã desta segunda-feira (5).

"Que ideia brilhante tiveram a Fifa e o COI [Comitê Olímpico Internacional]: escolher como sede dos dois maiores eventos do mundo um país que não consegue prover segurança nem mesmo para os seus próprios cidadãos", opina um dos leitores na reportagem da agência.

Em outros comentários, internautas ponderam que a violência não é um problema exclusivo dos brasileiros e que a cobrança é maior porque os olhos do mundo estão voltados para a organização da Copa deste ano e da Olimpíada de 2016, no Rio.

Para Biller, que também trabalhou por cinco anos na Cidade do México, a insegurança no Rio é mais perceptível por conta dos assaltos. O próprio jornalista norte-americano diz ter sido abordado por um assaltante e ter procurado a polícia em seguida, para registrar a ocorrência. "Caminhei por cerca de dez minutos procurando por um policial e tive sorte."

A Riotur, órgão municipal da Secretaria Especial de Turismo do Rio, disse que a cidade prova a cada Carnaval e Réveillon ter vocação para receber grandes eventos "de forma segura e amigável". "Nossos dois maiores eventos anuais são realizados tradicionalmente com sucesso e segurança, mesmo com um público ainda maior que o esperado para estar aqui durante a Copa."

Reprodução
Reportagem da agência Bloomberg recomenda a estrangeiros que deixem joias em casa se vierem ao Brasil para a Copa
Reportagem da Bloomberg recomenda a estrangeiros que deixem joias em casa, se vierem para a Copa

INSEGURANÇA AFETA NEGÓCIOS

O site do Consulado dos Estados Unidos alerta ao cidadão daquele país que decida visitar o Brasil: procure se vestir com roupas que não chamem a atenção, não use joias ou relógios caros em público e tome cuidado com quem se oferecer para tirar uma foto.

Na lista de recomendações aos turistas norte-americanos, há também a de se fazer um boletim de ocorrência, em caso de assalto, "embora a capacidade de a polícia brasileira ajudar a recuperar bens roubados seja limitada", diz o órgão, que aponta São Paulo, Rio e Recife como destinos potencialmente perigosos.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Embratur (Instituto Brasileiro do Turismo, ligado ao Ministério do Turismo) lembra que todos os países, inclusive o Brasil, possuem cartilhas com recomendações específicas para quem deseja visitar determinadas regiões do mundo.

"Desde que o Brasil foi indicado como sede da Copa, os investimentos na área de segurança pública somaram R$ 1,9 bilhão", segue a Embratur. "Por meio de ações e programas em parceria com Estados e municípios, o governo desenvolveu ações de inclusão social e de apoio às famílias em áreas de risco."

Instituições que promovem o Brasil como destino turístico ouvidas pela Folha acreditam que a imagem de insegurança corrói o potencial de negócios do país.

O Brasil aparece na 81ª posição da edição mais recente do Global Peace Index, relatório do IEP (Instituto para a Economia e Paz) que mediu o nível de segurança em 162 países e foi divulgado em 2013. No ranking, ficamos logo atrás da Libéria (80º) e, na América do Sul, depois de Uruguai (24º), Chile (31º), Argentina (60º) e Guiana (70º).

  • Ranking dos países mais seguros do mundo em 2013, segundo o IEP
Países Pontuação por segurança
Islândia 1.162
Dinamarca 1.207
Nova Zelândia 1.237
81º Brasil 2.051
160º Síria 3.393
161º Somália 3.394
162º Afeganistão 3.440

A pesquisa, divulgada todos os anos, contempla fatores como percepção da criminalidade, número de policiais em serviço para cada 100 mil habitantes, influência do crime organizado, despesas com Exército e capacidade de produção de armas nucleares

Ainda de acordo com o relatório do IEP, o impacto econômico dos gastos com a contenção da violência no planeta, em 2012, foi de cerca de US$ 9,46 trilhões, valor equivalente a 11% do PIB mundial à época.

IMAGEM RUIM

Somada às estatísticas, a cobertura da mídia internacional quando há um crime no Brasil envolvendo turistas estrangeiros ajuda a divulgar uma imagem negativa do país no exterior.

Em abril de 2013, ao comentar o caso da jovem norte-americana estuprada por três homens em uma lotação no Rio, reportagem do "New York Times" lembrou que os relatos de estupro no Brasil subiram de forma significativa desde 2009, quando o Código Penal foi mudado para expandir a definição legal do crime. O jornal disse também que os acontecimentos ganham maior peso quando o país se prepara para sediar grandes eventos internacionais.

Com isso, às vésperas da Copa, a violência nos estádios choca ainda mais lá fora. Na última semana, a morte, no Recife, do torcedor atingido na cabeça por um vaso sanitário durante uma partida entre Santa Cruz e Paraná, pela Série B do Campeonato Brasileiro, foi comentada pela imprensa estrangeira.

"Futebol e violência são uma mistura comum no Brasil", diz o "New York Daily News". Já o britânico "Daily Mail" associou a tragédia a outros exemplos recentes de violência no país, como "tiroteios diários" em favelas e a morte de ao menos 39 pessoas em abril, durante greve de policiais militares em Salvador, cidade que também irá sediar o Mundial.

Reprodução/TV Globo
Van onde os suspeitos teriam estuprado a turista norte-americana no Rio, em 2013
Lotação em que três homens supostamente violentaram uma turista norte-americana no Rio, em 2013

Os comentários feitos pelo jornalista David Biller em entrevista à Folha não refletem a opinião da agência de notícias Bloomberg

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade

Siga a folha

Publicidade

+ Livraria

Livraria da Folha

Jogo Roubado
Brett Forrest
De:
Por:
Comprar
Festa Brasil (DVD)
Vários
De:
Por:
Comprar
The Yellow Book
Toriba Editora
De:
Por:
Comprar
Futebol Objeto das Ciências Humanas
Flávio de Campos (Org.), Daniela A.
De:
Por:
Comprar
Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página