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Bairro corintiano, Itaquera vai mudar rotina de rivais com novo estádio

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Itaquera é um bairro corintiano. Não apenas porque foi decidido que lá seria construído a arena do Corinthians.

Dos moradores de Itaquera, 40% são corintianos, indicou a pesquisa DNA paulistano, realizada pelo Datafolha, em 2012. A amostra total do DNA foi de 25.534 entrevistas, com 261 em Itaquera.

O time do Parque São Jorge tem mais torcedores no bairro que os três outros "grandes" paulistas somados (36%): São Paulo (16%), Palmeiras (11%) e Santos (9%).

Mas o Itaquerão, que hoje passa pelo seu batismo oficial com o jogo entre Corinthians e Figueirense, pelo Brasileiro, já imprime a sua marca na "cara" do bairro.

Começa por assuntos "boleiros", como os palmeirenses incomodados pelo maior influxo de corintianos na região, ou os torcedores corintianos que jamais tinham assistido no Pacaembu a uma partida da equipe do Parque São Jorge pela distância.

Mas há também implicações sócio-econômicas, que afetam a Vila da Paz, comunidade da região localizada próxima a um córrego cujos moradores serão transferidos para unidades da Cohab.

Investidores que apostam que os novos frequentadores da região terão poderio econômico mais robusto e gosto mais refinado e que não poupam gastos para seduzi-los.

Como reflexo direto, ou indireto, do Itaquerão, moradores da zona leste já conseguem vagas de emprego mais próximos de casa, e não precisam mais se deslocar para outras zonas de São Paulo.

E há espaço até para os sonhos. Como o de um garoto, morador de um local de risco, cuja família sobrevive com apenas R$ 800 mensais, que há poucos meses ainda jogava futebol em uma quadra de concreto usada por sua comunidade, e participará da abertura da Copa do Mundo no dia 12 de junho.

Karime Xavier/Folhapress
Daniela Alves, palmeirense fanática, mora a 1 km do Itaquerão
Daniela Alves, palmeirense fanática, mora a 1 km do Itaquerão

PALMEIRAS

Um dos orgulhos da bancária Daniela Alves, 32, torcedora fanática do Palmeiras, é a sua coleção de camisas do clube do Parque Antarctica.

Ela começou a colecioná-las durante a era Parmalat e hoje tem mais de sessenta.

"Quando lançam um modelo novo, eu até penso em guardar esse dinheiro. Mas passa uma, duas semanas, e não consigo resistir", reconhece Daniela, ao manusear, com carinho, sua coleção.

Um dos prazeres de Daniela é desfilar, com orgulho, pela sua vizinhança com uma das peças de sua coleção.

Mas o surgimento do Itaquerão, localizado a apenas um quilômetro de sua casa, já torna Daniela temerosa.

"Quando confirmaram que essa... coisa [Itaquerão] ia ser construída aqui no bairro, eu pensei ´não é verdade, com tanto lugar para fazerem estádio...'", lembra Daniela.

"Agora, com tanto corintiano aqui, não vai dar para sair na rua com minhas camisas do Palmeiras", lamenta.

Não se trata apenas de uma preocupação de torcedora.

Daniela não estará no bairro, onde sua família mora há sessenta anos, durante o primeiro jogo oficial do Corinthians em seu estádio, hoje.

"Vou viajar", diz, sorrindo.

E quando a arena passar a receber jogos regularmente?

"À princípio não penso [em mudar]... Mas se passar a ver muito corintiano na frente, pensarei seriamente..."

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Michel Victorino Pereira vive na comunidade Vila da Paz e será porta-bandeira do Brasil na Copa
Michel Victorino Pereira vive na comunidade Vila da Paz e será porta-bandeira do Brasil na Copa

SÃO PAULO

De jogos de futebol em uma quadra próxima à Vila da Paz, comunidade próxima ao Itaquerão, onde mora em uma casinha humilde à beira de um córrego, à mudança para uma unidade da Cohab, ao campo da abertura da Copa.

É a saga que o são-paulino Michel Victorino, 16, completa em poucos meses.

Ele será um dos seis jovens que entrará no Itaquerão carregando a bandeira do Brasil antes da partida de abertura.

"Estou orgulhoso em representar nossa nação", disse, sorriso nos lábios, Michel, que toca tuba na fanfarra da Obra Social Dom Bosco, que mantém cursos profissionalizantes, ao ser interrompido por seu presidente, o padre Rosalvino Morán Viñayo.

"Você vai é representar a Zona Leste. Vai representar nóis, os mano de Itaquera", corrigiu o brincalhão padre.

Rosalvino foi uma das lideranças que insistiu junto à Prefeitura que alguém da região participasse da abertura, o que foi viabilizado pela Coca-Cola, que gerencia os carregadores de bandeira.

A mãe de Michel, Lucineide, 35, que mantém com R$ 800 mensais uma casa com quatro pessoas -tem mais dois filhos-, festeja que trocará a Vila da Paz por uma unidade da Cohab próxima, em Arthur Alvim. Todos os moradores irão para Cohabs.

"Vai ser muito melhor lá [na Cohab]. Tem playground, salão de festas. A região toda está melhorando, há mais empregos...", diz Lucineide.

Quanto a Michel, goleiro nos jogos com os amigos no campinho de concreto na Vila da Paz e fã de Rogério Ceni, só tem cabeça para Copa.

"Quero levar uma lembrança [da abertura]. Será que dá para trazer a bola para a obra [Dom Bosco]?

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Paulo Henrique Rodriguez, corintiano, trabalha no Shopping Itaquera
Paulo Henrique Rodriguez, corintiano, trabalha no Shopping Itaquera

CORINTHIANS

Paulo Roberto Rodrigues, 31, é corintiano. Mas este ano ainda não foi assistir os jogos de seu time no Pacaembu.

Morador do bairro de Itaim Paulista, na zona leste, reclama que ao ir ao estádio assistir as partidas das 21h40, não consegue completar a baldeação. E ele paga caro por isso.

"Depois de sair do Pacaembu [na região central], 'pego' o metrô. Mas quando chego na estação Arthur Alvim, já não tem mais ônibus. Aí tenho que pagar R$ 80 de táxi", diz, balançando a cabeça.

Segundo Rodrigues, que considera tal sacrifício a marca de um verdadeiro corintiano, ele chegava em casa entre 1h e 1h30 da manhã.

O técnico em segurança do trabalho lembra que enfrentou situações ainda piores.

"Por ter que sair dez minutos antes do fim do jogo para pegar o metrô menos lotado, já passei nervoso ao perder lances importantes, como gols de partidas decisivas que aconteceram nos minutos derradeiros", lembra ele.

Se não viu nenhuma partida de seu time do coração este ano, Rodrigues planeja na segunda metade de 2014, com o Corinthians já mandando seus jogos no Itaquerão, assistir ao menos vinte partidas.

"Agora quem mora do outro lado da cidade é que vai começar a passar pelo que a gente [torcedores da zona leste passava]. Mas acredito que tem mais corintiano vivendo aqui, então essa mudança vai beneficiar a maioria", diz.

Editoria de Arte/Folhapress
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