Maracanazo sempre será um só, diz diretor de filme sobre 1950
Mesmo que o Uruguai encontre o Brasil na final da Copa deste ano e o derrote por 2 a 1, de virada, no Maracanã lotado, o Maracanazo continuará sendo um evento único, acontecido em 1950.
Essa é a opinião do uruguaio Andrés Varela, um dos diretores de "Maracanã", documentário sobre a épica conquista celeste no primeiro Mundial disputado no Brasil.
O longa-metragem, uma co-produção Brasil-Uruguai, foi exibido na noite de quinta-feira no Museu do Futebol, no Pacaembu, abrindo a versão paulista do o 5º Cinefoot –Festival de Cinema de Futebol.
"Maracanazo sempre será um só, o de 1950. É a história de um homem [o capitão Obdulio Varela] que liderou um grupo de oriundos de classes humildes contra um Maracanã com 200 mil vozes contra. Mesmo que o Uruguai vença de novo o Brasil, não será igual", disse Varela.
Segundo o diretor, o milionário futebol contemporâneo já não permite um cenário tão épico quanto o de 64 anos atrás. "Aquela foi uma vitória social. Hoje, o esporte é de elite."
E nem o Maracanã é o mesmo que se calou com a fatídica derrota no último jogo do quadrangular final daquela Copa.
"A gente foi visitar o estádio e é assombroso o que fizeram com ele, como reduziram ele a um ambiente europeu. Além disso, na final, o estádio estará cheio de torcedores do mundo todo. Não seriam todos contra o Uruguai."
Iván Franco/Efe | ||
![]() |
||
Uruguaios assistem ao documentário "Maracanã - O Filme", no estádio Centenário, em Montevidéu |
Seu companheiro na direção do filme, o também uruguaio Sebastián Bednarik, discorda do parceiro.
"A opinião do Andrés é chata. Para mim, o Uruguai campeão é um Maracanazo. Teremos ainda mais torcedores brasileiros contra desta vez, acompanhando pela televisão."
Bednarik afirma que a reação dos brasileiros ao filme, um dos episódios mais dolorosos da história do futebol pentacampeão mundial, tem sido bastante impactante.
"Temos notado uma grande conexão entre a reação do público e o clima do filme. Os brasileiros sentem o orgulho ferido [quando assistem ao longa]."
"Maracanã" estreou em março em grande estilo, com uma apresentação para 10 mil pessoas no estádio Centenário, em Montevidéu.
A produção, que custou US$ 400 mil, já foi vendida para pelo menos sete países além do Uruguai, entre eles Brasil, França, Argentina e Estados Unidos.
Livraria da Folha
- "Faço uma Copa do Mundo a cada duas semanas", diz chefão da F-1
- 'Futebol-Arte' reúne imagens de 'peladas' nos 27 Estados do Brasil
- Jules Rimet sumiu três vezes, mas só brasileiros deram fim à taça
- Teixeira e Havelange enriqueceram saqueando o futebol, escreve Romário
- 'Zico não ganhou a Copa? Azar da Copa'