Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu

Recitando Kennedy e Mao Tsé-Tung, Sabella quer levar Argentina ao título

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Alejandro Sabella, 59, técnico da Argentina na Copa do Mundo, é um homem de citações.

No ano passado, parafraseou o ex-presidente norte-americano John Kennedy. Criou uma variação da frase "não pergunte o que o seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu país".

"O melhor é não é ver o que a seleção pode fazer por você e sim, o que você pode fazer pela seleção", disse.

Em conversa telefônica com a Folha por pouco mais de dez minutos, no final de março, citou Mao Tsé-Tung, ditador comunista chinês do século XX.

"Autocrítica é sinal de debilidade."

O ex-meia com passagem pelo Grêmio nos anos 80 sabe reconhecer erros ou ser crítico com relação a si mesmo. "O problema é quando você exagera nisso. Um técnico de futebol, especialmente antes da Copa do Mundo, não pode ser inseguro."

Marcos Brindicci /Reuters
Sabella gesticula durante jogo entre Argentina e Trinidad e Tobago
Sabella gesticula durante jogo entre Argentina e Trinidad e Tobago

Ele aprendeu a exalar segurança com Daniel Passarella, de quem foi assistente na Copa de 1998, na França. Acompanhou o ex-zagueiro por quatro meses no Corinthians, em 2005. Quando lançou carreira solo, foi campeão argentino, da Libertadores e vice do Mundial de Clubes em 2009.

Aprendeu, mas não copiou. Sabella soube descolar suas convicções da imagem de arrogância que sempre acompanhou Passarella.

O técnico que planeja levar a Argentina ao terceiro título mundial foi firme o bastante para não ceder às pressões para convocar Carlos Tevez. Teve a mesma certeza para confirmar quase integralmente a lista de convocados meses antes do anúncio oficial. Dá de ombros quanto aos questionamentos feitos aos problemas na zaga e à escolha de Sergio Romero para o gol.

Jura não perder um minuto de sono com Lionel Messi, que teve uma temporada inferior aos seus padrões no Barcelona. E ainda sofreu com lesões.

"Não tenho nenhum motivo para me preocupar com Messi. Ele está bem, todos os times gostariam de tê-lo em campo. Nós temos", confirma, sem nem sequer mudar o tom de voz para ressaltar o que está dizendo.

A citação a Mao Tsé-Tung, na verdade, é demonstração de pés nos chão. A mesma lógica que o faz considerar exageradas às críticas à defesa o obriga a ressaltar que a empolgação é desnecessária. A exaltação ao ataque de Messi, Di María, Higuaín e Aguero precisa ser vista em perspectiva porque mesmo com muito poder de fogo ofensivo em Copas anteriores, a Argentina não passa das quartas de final desde 1990.

"Nosso primeiro objetivo é chegar às semifinais. Superar o que os times dos últimos Mundiais fizeram. Eu não gosto de triunfalismo porque é algo que pode dar muito errado. Sabemos que somos uma potência do futebol, mas não podemos nos empolgar demais. Apesar de toda a nossa competência, só ganhamos duas vezes", disse, citando os títulos de 1978 e 1986.

Sabella sabe que caminha sobre gelo fino. Qualquer movimento brusco e tudo pode afundar. Ele ainda não disputou nenhum torneio com a seleção. Assumiu em 2011, após o retumbante fracasso de Sergio Batista no comando da equipe na Copa América disputada na Argentina.

Mesmo com força máxima e jogando em casa, a seleção foi eliminada pelo Uruguai nas quartas de final. Teve dificuldades para passar por um grupo fácil, que tinha Bolívia, Colômbia e o Sub-20 da Costa Rica.

Por causa do fraco desempenho na fase de grupos, Messi foi massacrado pela imprensa. A mesma que agora coloca todas as esperanças nele.

"Quando assumi o cargo, fui a Barcelona conversar com Leo (Lionel Messi). Acho que ele tem jogado bem e queremos que ele esteja à vontade", analisa, com a intenção de tirar o mundo dos ombros do camisa 10, quatro vezes melhor do planeta.

Ele tem total liberdade em campo. Joga onde se sente mais à vontade. Higuaín fica mais centralizado e Aguero e Di María atuam pelas pontas, com trocas de posições.

Sabella não tira nenhuma citação ou frase de personalidade histórica para explicar isso. Esta é a fórmula para tentar ganhar a Copa. Simples. Nos jogos de Eliminatórias e amistosos, a estratégia funcionou com mais altos do que baixos.

Quando a equipe entrar em campo contra a Bósnia, no Maracanã, em 15 de junho, a trajetória não poderá ter baixos. Deverá ser apenas de altos.

"Possivelmente, vamos ter a torcida contra no Brasil. Algo que já era de se esperar. Creio que, neste Mundial, seremos ainda mais o time visitante do que o normal."

Ele avisou isso a todos os jogadores na peregrinação que fez pela Europa e dentro do próprio país. Conversou com cada um dos 23 convocados. O tom de voz calmo, o estilo companheiro não escondeu a mensagem que passou a todos. Não espere o que a seleção pode oferecer. É hora de mostrar o que podem fazer pela Argentina.

Mais opções
  • Enviar por e-mail
  • Copiar url curta
  • Imprimir
  • Comunicar erros
  • Maior | Menor
  • RSS

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade

Siga a folha

Publicidade

+ Livraria

Livraria da Folha

Jogo Roubado
Brett Forrest
De:
Por:
Comprar
Festa Brasil (DVD)
Vários
De:
Por:
Comprar
The Yellow Book
Toriba Editora
De:
Por:
Comprar
Futebol Objeto das Ciências Humanas
Flávio de Campos (Org.), Daniela A.
De:
Por:
Comprar
Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página