Em campo, o sucesso da seleção espanhola passa pelos pés de Xavi, Iniesta e demais jogadores. Fora dele, três mulheres se destacam na atual campeã mundial e bi europeia.

María José Claramunt é diretora da seleção, o segundo cargo mais alto da hierarquia. Paloma Antoranz chefia o departamento de imprensa. Silvia Dorschnerova Weis ocupa a função de delegada da equipe.

As marcas delas ficaram evidentes no selecionado, que desembarca neste domingo (8) em Curitiba para a Copa do Mundo.

María José chegou em fevereiro de 2012. Aproveitou o período vitorioso para elevar a 3,5 milhões de euros (cerca de R$ 10,7 milhões) a cota embolsada pela Espanha por amistoso.

Ela participa da negociação de premiações dos jogadores, das regras sobre o sistema de entrevistas coletivas e da autorização para atletas se manifestarem em redes sociais. "Organiza todas as coisas. Tudo passa por ela", resumiu um jornalista que acompanha a seleção espanhola.

Formada em Direito, a dirigente carrega uma fama de exigente, competente, obsessiva com o trabalho e até chata. "Sim, tenho muita personalidade, é verdade. Mas, num mundo de homens como este, se você não tem isso, o engolem", já disse ela ao jornal "El País".

Esse ambiente masculino não lhe é estranho. Filha de Pepe Claramunt, que jogou como meio-campista no Valencia e na seleção, ela fez carreira de 10 anos no clube alvinegro. De vendedora na loja oficial, chegou a diretora geral de relações sociais e institucionais, na consagradora época entre o fim dos anos 1990 e o início dos 2000.

Depois de realizar o curso de direção esportiva da federação espanhola, María José recebeu convite de trabalho. Hoje, só o secretário-geral está acima dela no organograma.

	Fotomontagem/ reprodução
	Silvia Dorschnerova Weis (à esquerda), Paloma Antoranz e María José Claramunt, da seleção espanhola

Paloma, 44, gere o sempre polêmico contato entre atletas e veículos de comunicação.

Preparou-se para isso. Graduada em Jornalismo, também estudou administração esportiva.

Participou das campanhas dos títulos da Eurocopa, em 2008 e 2012, e do Mundial, em 2010.

Desde 1998, é casada com Luis Villarejo, jornalista esportivo famoso nacionalmente. Seu filho, de aproximadamente dez anos, torce para o Real Madrid.

BEIJINHO DE MÃE

Silvia, de cerca de 50 anos, é a mais esquiva do trio feminino. "Não sou ninguém, não tenho nada o que dizer", repete aos jornalistas, recusando entrevistas.

Porém, ela tem a maior visibilidade entre as mulheres da seleção. Costuma ser flagrada pelas câmeras, sentada no banco de reservas e acompanhando os jogadores que entram durante os jogos. Chamou a atenção dos espectadores por causa do carinho com que trata os atletas, com direito a beijo de boa sorte na beira do gramado e jeito de mãezona.

Alemã de Mönchengladbach com origem tcheca, ela vive na Espanha desde os 12 anos. Começou na Real Federação Espanhola de Futebol em 1982, quando participou do comitê organizador da Copa daquele ano como tradutora. Fala espanhol, inglês, francês, alemão e um pouco de tcheco e italiano.

Foi braço direito do ex-secretário geral Julián del Amo, que saiu em 2002. Agora acumula inúmeras tarefas.

Ela é a interlocutora com a Fifa e a Uefa. Registra os dados da súmula de cada partida, atenta a eventuais suspensões de jogadores. Também estuda os regulamentos das competições, informa o quarto árbitro sobre substituições, trata da escolha da numeração das camisas. Ainda prepara as documentações e a logística de viagens e hotéis.

Ou seja, Silvia poupa da enorme burocracia a comissão técnica. E faz funcionar o planejamento do time.

Conta-se que ela ainda providencia mimos de atletas.

Não lhe falta experiência. Ela esteve em três Copas do Mundo com três treinadores.

Mãe de um adolescente torcedor do Atlético de Madri, é descrita como carinhosa, séria, organizada, extremamente tranquila e dona de ótima memória.

Mas disso poucos saberão. Ela, Paloma e María José continuarão trabalhando sob a sombra dos craques de que elas cuidam.