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Sonho em ser campeão, não importa contra quem, diz lateral uruguaio do São Paulo

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Alvaro Pereira, 28, sonha jogar pela primeira vez no Maracanã em 13 de julho.

A final da Copa, no estádio que seus compatriotas eternizaram em 1950, está em seus pensamentos desde criança no Uruguai.

"Sonho em ser campeão. Não importa contra quem", afirma em entrevista à Folha.

Eduardo Knapp/Folhapress
O uruguaio Alvaro Pereira tem a expectativa de decidir a Copa do Mundo no Maracanã
O uruguaio Alvaro Pereira tem a expectativa de decidir a Copa do Mundo no Maracanã

Hoje lateral do São Paulo, há cinco meses vivendo no Brasil com mulher e filhos, todos argentinos, vê a chegada do Mundial como uma "responsabilidade bonita".

Com a mesma fala mansa, lembra a história vitoriosa da Celeste e mostra carinho pelos companheiros de seleção.

Os nomes de Cíntia, com quem é casado há cinco anos, e dos filhos Mateo, 6, e Lucio, 2, estão tatuados nos braços, dentro de cinco estrelas, com os pais e um irmão falecido.

E é justamente a quinta estrela que Alvaro Pereira quer tatuar no escudo que fica sobre os corações uruguaios na camisa celeste –bicampeã mundial (1930 e 1950) e bi olímpica (1924 e 1928).

*

Folha - Na conquista dos cinco títulos, o Brasil sempre teve jogadores do São Paulo. Neste ano, o único são-paulino na Copa será você. Essa escrita pode ajudar o Uruguai?

Alvaro Pereira - [Risos] Oxalá nos ajude. Mas nós somos realistas. Sabemos que temos três finais na fase de grupo e estamos preparados para jogá-las. Depois não sabemos o que vai acontecer. Somos donos do nosso destino. Oxalá a escrita nos ajude.

Uruguaios têm bom conhecimento sobre a história do futebol do próprio país. Você também é assim?

É algo da nossa cultura. Os uruguaios são muito patriotas. Nossos avós nos contam as histórias dos títulos olímpicos, dos mundiais, do que aconteceu no Maracanã. Em vez de um pão, tem uma bola em baixo do braço.

Já teve oportunidade de falar pessoalmente com o Ghiggia?

Já tive o prazer de conhecê-lo. Ele foi uma vez ao CT da seleção e depois viajou conosco para a África do Sul, para a Copa. Ficou conosco na concentração. É uma lenda vida, que tive o prazer de conhecer, e não é todos os dias que pode ter uma oportunidade como essa. Ele fez piada com todo mundo. Sempre está tranquilo, incentivando os jogadores. Apesar de já ter uma idade avançada, ele desfruta o dia a dia e dá esse tipo de lição para os mais novos.

E o presidente José Mujica, você o conhece pessoalmente?

Não gosto de falar de política. Só falo que ele é uma pessoa muito interessante de conhecer. Tenho o prazer de conhecê-lo. Você pode falar sobre qualquer assunto com que ele é muito simpático. Tanto ele quanto a senhora, Lucia. São muito simples, muito humildes.

Você se inspira em Obdulio Varela, capitão em 1950, por ser negro como você?

Não, me inspiro na história dele. "El Negro Jefe" é um dos grandes da história. Eu nunca tive problema de racismo, nunca sofri com isso. E no Uruguai sempre tive respeito. Tenho consciência que as pessoas me veem como um jogador da seleção e, por isso, há respeito. Não importa se é branco, negro, loiro.

Você se surpreende com casos de racismo no futebol?

Não. Não posso dizer que na Europa as pessoas são mais racistas. O ser humano é racista por si próprio e isso em todo o mundo. Acho que o Daniel teve uma atitude muito inteligente. Ele tratou como se fosse uma brincadeira. E tem de ser assim. O que a pessoa quer é tirar sua concentração do jogo. É triste que isso aconteça, até no Brasil. Mas dentro do campo é como provocação. Fora do campo é mais preocupante. Parece que estamos voltando 40 anos atrás. Na Copa espero que não aconteça, que seja uma festa mundial.

Você falou em provocação para tirar o adversário do sério no jogo. Os uruguaios gostam e sabem fazer isso, não?

[Risos] Temos isso. Somos chatos. Nesse aspecto, somos chatos. É uma maneira de se divertir dentro de campo e tirar o outro do sério. Eu desfruto disso. Mas são coisas que ficam no jogo.

Na seleção vocês têm um grupo no "Whatsapp" –aplicativo de celular usado para trocar mensagens particulares?

Sim, com jogadores e alguns da comissão técnica, fisioterapeuta, médico, roupeiro. [O técnico Óscar] Tabárez não tem, mas não sei é por causa da tecnologia. Nos falamos quando alguém ganha algum título ou quando, por exemplo, vou viajar e marcamos de nos encontrar. Dizemos em que cidade estamos e já marcamos para tomar um mate, começa a resenha. Ficamos todos juntos, as famílias já se conhecem, isso faz a diferença dentro de campo.

É a Família Celeste?

Muitas vezes fomos criticados por essa relação fora de campo, por ser um time de amigos. Mas essa relação não atrapalha. O treinador tem a opção de escolher quem quiser. Não fechamos a porta para ninguém. No primeiro dia um jogador convocado já se sente como se fosse da seleção há muito tempo. Mostramos o prazer que é a seleção.

Qual a meta do Uruguai na Copa?

Sonhamos e trabalhamos para ser o melhor. Sonho em ser campeão. Não importa contra quem. Não tenho um rival que queira enfrentar. Se tiver que ser o Brasil, que seja. Mas, para isso, tenho que ganhar da Costa Rica no primeiro jogo. Ganhar o segundo jogo. E assim tem que ser a mentalidade, dia a dia, não pensar no futuro. Que eu sonho, sonho. Qualquer criança sonha em ser campeã do mundo. E esse sonho não vão tirar até que se jogue. O que não pode faltar é entrega, raça. Vencer e perder, pode. Raça e entrega não pode faltar.

Há uma pressão grande pelo último título ter sido em 1950?

Não acredito em pressão no futebol. Acredito em responsabilidade. E responsabilidade é vestir a camisa uruguaia, com a história que ela tem. É uma responsabilidade bonita, a mesma que tenho aqui no São Paulo, por tudo o que conseguiram os uruguaios que passaram por aqui. Jogamos com o coração. Os jogadores bons se caracterizam por isso.

O Uruguai tem o melhor ataque desta Copa?

É um ataque 'top'. Quem diz são os números e por ter Suárez, Cavani, Fórlan. Melhor do mundo é quem ganha a Copa, esses são o melhor ataque e a melhor defesa.

Quem é o melhor do mundo?

Melhor? Não sei. A Bola de Ouro foi ganha pelo Cristiano Ronaldo, não? Mas tem o Messi, Ribéry, Suárez, Cavani. Tem Neymar. Estes você sabe que, se lhe dá a mínima vantagem, ele se aproveita e manda para o saco. Ultimamente, os times são fortes coletivamente. Individualmente podem ganhar um ou dois jogos. Uma Copa ninguém ganha individualmente.

Qual análise você faz do técnico Óscar Tabárez?

Ele é um "maestro" [professor, em espanhol], um docente. Ele, todos os dias, se aproxima do jogador, pergunta como está, como está a família, como está o time. O "maestro" faz assim, é parte desse grupo bonito. É uma doutrina, um tipo capacitado que pode falar de futebol e de arte, ele é muito informado e uma pessoa muito interessante de conhecer.

Qual sua avaliação da seleção brasileira para esta Copa?

Cresceu muito com o que fez na Copa das Confederações. E tem toda responsabilidade, por jogar em casa, na Copa do Mundo. É uma seleção forte, que tem que demonstrar dentro de campo.

E a organização da Copa?

Espero que seja uma festa, que as pessoas desfrutem. Como estrangeiro, não posso me meter nos problemas sociais do país. Os estádios, não tem o que se preocupar, vai dar tempo. Falam que tem que ficar tudo perfeito. Não existe a perfeição. Nem no futebol nem no mundo. As estruturas são muito similares às da África do Sul. Quando joguei na Copa das Confederações achei as arenas muito bonitas, Mineirão, Recife, Salvador. Também gosto muito do Morumbi, é bonito e tem história. Não pude jogar no Maracanã ainda, espero que esteja guardado algo melhor para mim. Com a riqueza que tem nesse estádio, eu gostaria muito de jogar lá.

Você é uruguaio, casado com uma argentina, com filhos argentinos, vive e joga no Brasil. Como fica a rivalidade?
A rivalidade dura 90 ou 120 minutos. Depois, tudo bem.

Ela vai torcer para quem? E os filhos, para Messi ou Suárez?

Ela tem bem definido, vai torcer para o marido. Eles são nascidos em La Plata. Mas são mais o pai [ri e faz gesto com as mãos como se simulasse um carrinho]. Eles já torcem para o Uruguai e cantam. Aprenderam já a defender primeiro e depois atacar. Gosto mais de fazer gols, mas se tem que dar carrinho...

Apostas. Artilheiro da Copa?

Suárez.

Melhor jogador?

O time do Uruguai. Todos.

Finalistas?

Uruguai.

Contra quem?

Qualquer.

Campeão?

Isso vou responder depois.

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