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Alemanha cria 'muro de Berlim' na Bahia

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Maiara Alcântara da Luz, 29, ambulante, nascida e criada na vila de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, mora com mais seis pessoas numa casa pobre em frente à entrada do Campo Bahia, condomínio que hospeda a seleção alemã no litoral baiano.

Desde a noite de sábado (7), o acesso à casa dela está bloqueado por barreiras policiais. Para garantir tranquilidade aos alemães, que chegaram ali na manhã deste domingo (8), a PM baiana isolou um trecho de 500 metros da ruazinha de terra que corta Santo André.

Aos moradores da vila a prefeitura distribuiu um crachá, cuja apresentação é obrigatória para passar no local. Pessoas e veículos de fora não podem circular.

Maiara se recusou a receber seu crachá. "Acho uma humilhação. Quem tem que se identificar pra andar aqui são eles, que vêm de fora, não eu, que moro aqui desde que nasci", justificou.

Jornalista que vive há dez anos na região, Léa Penteado faz um paralelo irônico. "Quando se comemoram os 25 anos da queda do Muro de Berlim, eles [os alemães] vêm pra cá e a PM comemora erguendo uma barreira que separa as duas partes da vila."

Os moradores se articulam para fazer um protesto contra a interdição da rua. Em tese, a interdição é inconstitucional (o artigo 5º da Carta garante a liberdade de locomoção). A Lei Geral da Copa, por outro lado, permite situações assim, ao afirmar, em seu artigo 11, que "os limites das áreas de exclusividade relacionadas aos Locais Oficiais de Competição serão tempestivamente estabelecidos pela autoridade competente".

À beira-mar, com 14 casas, piscina e uma estrutura de resort, o Campo Bahia foi construído em cinco meses e mexeu com o povoado de cerca de 800 habitantes.

Moradores e ambientalistas se queixam da derrubada de vegetação nativa rara para a construção do campo de treino –Santo André está em área de proteção ambiental.

A licença para a construção do Campo Bahia foi concedida em duas semanas.

O acesso a Santo André, feito por balsa, foi prejudicado. Uma das duas balsas grandes usadas na travessia do rio João de Tiba servirá só aos alemães.

O reflexo positivo para a região foi o aumento de empregos e o aquecimento do comércio e dos serviços.

A reportagem tentou contatar a Prefeitura de Santa Cruz Cabrália ontem. Nem o prefeito, Jorge Pontes (PT), nem o secretário de Turismo, Fernando Oliveira, responderam aos recados deixados.

O major França, que comanda a operação na área, disse que o objetivo é evitar incidentes com a delegação e os moradores.

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