"Muita sorte no Brasil, tenham claro que há uma coisa que fazem melhor do que jogar futebol: colocam todos os espanhóis de acordo". Foi assim que o capitão do voo da Iberia que trouxe a seleção espanhola ao Brasil se dirigiu aos jogadores no avião, a caminho de Curitiba, aonde o time chegou neste domingo (8).

A frase, divulgada pela federação espanhola, tem muito motivo de existir neste momento: as diferenças internas históricas do país estão ainda mais evidenciadas depois da abdicação do rei Juan Carlos, na segunda-feira da semana passada (2).

Enquanto o príncipe Felipe se prepara para assumir o posto, os espanhóis debatem se deveriam continuar sendo uma monarquia ou se é hora de abraçar o modelo republicano. Uma pesquisa divulgada no final de semana mostrou que 62% acham que "em algum momento" deveria ser convocado um referendo para discutir o modelo do Estado espanhol –a pesquisa não deu aos entrevistados a opção de definir melhor o que seria esse "em algum momento". De qualquer forma, o grupo que discorda disso é significativamente menor: 34%.

A polêmica é tamanha que até mesmo a frase do capitão do voo –que aliás tem o mesmo nome do rei, Juan Carlos– deve ser colocada em relevo. A seleção espanhola está longe de ser unânime dentro do país, por causa de outra das questões históricas, o separatismo. Parcela dos catalães e dos bascos declara não torcer pela seleção ou não se importar com ela, na expectativa de algum dia contar com uma seleção da própria região. No caso dos catalães, o sentimento foi algo amenizado nos últimos anos graças ao sucesso do Barcelona, que dominou a base a seleção. É bem mais fácil ficarem todos de acordo em torcer por Iniesta e Xavi do que defender a questionada Coroa.

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