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Copa nunca foi minha praia, diz Zico ao relembrar estreia em 1978

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Aos 61 e com a experiência de ter tido uma carreira consagrada como jogador do Flamengo nos anos 80 e outra sem tanto brilho como técnico, Zico se prepara para acompanhar mais uma Copa do Mundo.

Mas Copa do Mundo não é um dos temas preferidos do ex-jogador do Flamengo.

Ao atender a reportagem da Folha para contar como foi sua estreia no Mundial, em 1978, Zico explicou porque não tem uma relação boa com o torneio.

"Minha estreia em Copa já mostrou que aquilo seria algo complicado para mim, que Copa não era minha praia", disse o Galinho de Quintino, ao recordar do empate por 1 a 1 com a Suécia, em 3 de junho de 1978, em Mar del Plata, na abertura do Mundial da Argentina.

Naquele jogo, Zico fez de cabeça o que seria o gol de desempate do Brasil no primeiro jogo da Copa, mas o árbitro galês Clive Thomas encerrou a partida com a bola no ar. O lance chamou atenção porque juiz havia autorizado Nelinho cobrar o escanteio para o Brasil, jogada que resultou no gol do Galinho.

"Começou com aquele gol mal anulado, um lance estranho até hoje. Se o árbitro queria apitar o fim do jogo porque não fez antes da cobrança de escanteio? Apitou com a bola no gol. Normal não foi. E até hoje não tem explicação", disse Zico, por telefone, à Folha.

Mas a frustração de Zico com a Copa não se resume ao terceiro lugar obtido em 1978. Em 1982, líder de uma das gerações mais brilhantes do país, o então meia teve de superar a eliminação para a Itália, na única derrota brasileira no Mundial da Espanha (3 a 2, no estádio de Sarriá).

Em 1986, nova frustração. Zico disputou o Mundial do México machucado. Jogou três das cinco partidas da equipe, mas a que é lembrada até hoje é contra a França, nas quartas de final. Zico entrou em campo com o placar empatado por 1 a 1. Teve a chance de desempatar, mas perdeu um pênalti no tempo normal. Depois, na decisão por pênaltis o Brasil foi eliminado.

"Ainda encarei outras Copas. Fui coordenador técnico da seleção [em 1998]. Chegamos na final e o Brasil perdeu [3 a 0 para a França] naquele episódio da convulsão do Ronaldo, que todos conhecem. Ainda fui técnico do Japão em 2006, mas paramos na primeira fase, outra frustração", disse Zico.

Sobre 1978, Zico recordou que dividiu o quarto da concentração com o então goleiro Leão. Além do camisa 1, também costumava falar com Rivellino, o camisa 10. Mas para o ex-jogador do Flamengo conversar não mudava muito a sensação sentida antes da partida de estreia.

"A ansiedade, o frio na barriga são coisas normais. Todo jogador sente. Agora se sentir preparado é o que faz diferença. Meu problema não era não ter disputado uma Copa, mas não jogar competições internacionais relevantes. Praticamente só jogava torneios no Brasil. Nunca tinha encarado uma equipe ou um jogador sueco", avaliou Zico.

"Hoje, os jogadores da seleção têm bagagem internacional. Mesmo os que nunca jogaram uma Copa, como Neymar, já enfrentaram os jogadores que estão na Copa pelos times que defendem. Isso faz diferença. Mas a ansiedade da estreia sempre será a mesma, não tem como diminuir", completou.

Zanone Fraissat - 28.dez.2011/Folhapress
Zico durante jogo beneficente no Morumbi
Zico durante jogo beneficente no Morumbi

SUBSTITUTO DE PELÉ

Para Tostão, a recordação da primeira Copa também não é das mais empolgantes. Foi em 1966, no Mundial da Inglaterra, quando o Brasil, então bicampeão, caiu na primeira fase.

"Estreei no segundo jogo do Brasil, contra a Hungria. Com 19 anos, tive a responsabilidade de substituir Pelé, machucado. Fiquei tenso, preocupado, mas são emoções que conservei mesmo depois com mais experiência", disse Tostão, colunista da Folha, por telefone.

"O que lembro de mais marcante é que alguns momentos antes do jogo, no vestiário, o Djalma Santos, já veterano, colocou a mão no meu ombro, eu estava sentando, e disse 'Vai lá garoto, vai para cima deles e arrebenta'. Foram palavras de incentivo antes de o time entrar em campo. Nem lembro se o Djalma jogou. O time perdeu [3-1], mas eu fui razoavelmente bem, fiz o gol do Brasil".

A campanha frustrante do Brasil em 1966, quando a seleção contou com um número excessivo de veteranos e poucos jovens, foi compensada quatro anos depois. O time foi soberano no Mundial do México e foi tricampeão com vitória nos seis jogos disputados.

Tostão, então mais experiente, foi um dos destaques ao lado de Rivellino, Pelé e Gérson.

"É importante ter jogadores experientes no grupo. Ajudam os mais novos, assumem a responsabilidade. Mas no Mundial de 1966 tinha muitos jogadores que já tinham passado do tempo. Foi um erro", analisou o ídolo do Cruzeiro.

Tostão não chegou a disputar a Copa de 1974, na Alemanha. Apesar de estar com apenas 27, um problema de visão abreviou a carreira do atacante.

Pedro Silveira - 7.mar.2012/Folhapress
Tostão, ex-jogador da seleção brasileira
Tostão, ex-jogador da seleção brasileira

"A 1ª COPA COM EXPERIÊNCIA"

Paulo Roberto Falcão era o principal destaque do Internacional nos anos 1970. Portanto, deveria ter disputado sua primeira Copa do Mundo em 1978, na Argentina, aos 24 anos, mas foi cortado pelo técnico Cláudio Coutinho por problemas extra-campo.

Teve de esperar quatro anos para jogar o Mundial de 1982, na Espanha, já com 28 anos e consagrado como o "Rei de Roma", na Itália. A estreia, então, não foi algo impactante.

"Eu já tinha experiência internacional quando disputei minha primeira Copa, em 1982, e estava com 28 anos. Jogava na Roma e já tinha sido tricampeão do Brasileiro com o Inter. Apesar de não ter disputado a eliminatória, minha estreia numa Copa não mexeu tanto comigo", disse Falcão, por telefone.

"Claro que fiquei ansioso. Todos jogadores ficam. Sentem frio na barriga. Mas não perdi o sono na noite anterior e nem busquei orientação dos companheiros que já tinham jogado Copa. Eu estava preparado mentalmente e fisicamente para jogar aquele Mundial", explicou.

Falcão entrou em um time formado com jogadores de muito talento, como Júnior, Sócrates e Zico. A equipe venceu os três primeiros jogos na fase de grupos, depois bateu a Argentina por 3 a 1 e ficou a um empate de ir para a semifinal. Mas foi derrotada por 3 a 2 para a Itália e eliminada.

Ainda assim a experiência de 1982 ficou marcada com carinho na mente de Falcão. Foi também a única que ele disputou.

"No momento em que você pisa o gramado do campo e escuta o hino nacional, não tem como não sentir a emoção e a responsabilidade por defender sua pátria. Acho que o Neymar, aos 22 anos, sentirá isso quando entrar em campo contra a Croácia. Vejo ele com um astral bom e positivo. Nunca o vi preocupado, embora ele tenha muita responsabilidade", disse Falcão.

Ettore Ferrari - 27.jul.2007/Efe
Falcão, ex-jogador e agora apresentador de programa, durante entrevista
Falcão, ex-jogador e agora apresentador de programa, durante entrevista

BIGODE E COBRA NO QUARTO DE PELÉ

Rivellino tinha 24 anos quando estreou pelo Brasil na Copa de 1970, no México. Na época, já usava a camisa 10 do Corinthians e batalhava para tirar o time da fila de títulos desde 1954.

Foi convocado para atuar ao lado das feras Pelé, camisa 10 do Santos, Tostão, camisa 8 do Cruzeiro, e Gérson, camisa 10 do São Paulo.

"Eu senti um frio na barriga no dia estreia, na véspera também fiquei muito nervoso. Contava os minutos para poder jogar. Assim que a bola começa rolar isso tudo passa. Mas a sensação de estrear é positiva e gostosa. Para muitos jogadores, serve de estimulo e combustível", disse Rivellino, por telefone, à Folha.

O Reizinho do Parque, como ficou conhecido, também falou do outro lado da estreia e da responsabilidade de disputar um Mundial.

"Tratando-se de Brasil o jogador tem de saber que a exigência é enorme. As pessoas e a crônica não vão aceitar nenhum outro resultado que não seja o título. Nem o segundo lugar vale. Infelizmente é assim. Eu vive os dois lados. Fui campeão em 1970, quarto colocado em 1974 e terceiro colocado em 1978", lembrou.

Mas Rivellino também recordou-se do lado extra-campo e das aventuras que viveu especialmente no México, em 1970.

Ao chegar para aquele Mundial, o camisa 10 do Corinthians nem sequer tinha bigode. Deixou crescer durante a preparação porque "me senti melhor, ficou bem em mim e depois passou a ser uma marca registrada". Também adorava pregar peças nos companheiros.

Uma das vítimas foi o Rei Pelé durante a concentração da Copa.

"O Negão tinha muito medo de cobra. Então escondi uma cobra de borracha na cama dele. Eu dividia quarto com o Ado [goleiro do Corinthians] e ele me convenceu que era melhor tirar a cobra. Ele disse: 'Você tá louco! E se o Negão se assustar e morrer do coração, a gente vai perder a Copa'", contou Rivellino, aos risos.

"Fui até o quarto dele para tirar a cobra, mas ele estava tocando violão. Aí tentei disfarçar, não consegui e resolvi deixar a cobra lá. Depois de um tempo, já fora do quarto do Rei ouvi um grito. Todo mundo na concentração foi ver o que tinha ocorrido, temendo o pior. Quando viram a cobra de borracha foi uma diversão", completou.

Hoje, Rivellino disse que imagina algo semelhante entre os jogadores da seleção brasileira. "Neymar tem um astral bom, o Bernard e o Willian também. Isso pode fazer a diferença", analisou, fazendo questão de encerrar a entrevista dizendo que confia no hexacampeonato na Copa-2014.

Nacho Doce - 5.mai.2014/Reuters
O ex-jogador Roberto Rivelino
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