Colombianos creditam volta à Copa a treinador argentino
A Colômbia é uma das seleções que mais sofreu baixas para a Copa, mas ainda assim tem expectativa de que pode fazer a melhor campanha da sua história nos Mundiais.
O motivo para tanto otimismo é um argentino: o técnico José Néstor Pékerman, 64, que comanda a equipe hoje contra a Grécia, às 13h, em Belo Horizonte.
Hoje, ele é visto como o principal responsável por ter resgatado o orgulho dos colombianos pela seleção. Mas o início não foi tranquilo.
Sob críticas dos treinadores do país, a federação colombiana convidou Pékerman para assumir a seleção e renovar o futebol local, ausente das Copas desde 1998.
Pékerman tinha no currículo três títulos mundiais sub-20 pela Argentina e a campanha até as quartas de final da Copa-2006 -foi inclusive o primeiro a comandar Messi em um Mundial.
Também tinha ligação pessoal com o país. Foi jogador do Independiente Medellín de 1974 a 1977, onde sagrou-se campeão nacional em 1976 e virou ídolo da torcida. E Vanessa, sua primeira filha, nasceu em Medellín, em 1975.
Vanessa, inclusive, foi fundamental para que Pékerman aceitasse o convite. Ele pensou em não aceitar, mas a filha pediu para que ele aceitasse e colocasse o país numa Copa novamente.
Ao aceitar, Pékerman rompeu uma tradição. A Colômbia não tinha um técnico estrangeiro desde 1981, quando também foi dirigida pelo argentino Carlos Bilardo.
Mas Pékerman não conduziu exatamente um trabalho de reformulação. Até aproveitou muito do que foi feito pelo seus antecessores. Mas deu mais oportunidade para os jovens, como James Rodríguez, artilheiro do Porto-POR.
Também ajustou a forma de a equipe jogar. Se tradicionalmente a Colômbia ficou conhecida pelo futebol ofensivo, na eliminatória sul-americana se destacou por conseguir equilibrar a equipe e ter a melhor defesa: 13 gols contra.
Santiago Pandolfi/Xinhua | ||
O técnico argentino José Pékerman (dir.) caminha durante amistoso da Colômbia |
E a equipe conseguiu ter a segunda melhor campanha da eliminatória, só dois pontos a menos que a Argentina. O desempenho encerrou a frustração das últimas três edições, quando a seleção bateu na trave para ir aos Mundiais de 2002, 2006 e 2010.
Hoje, o desafio do treinador é arrumar o time sem cinco jogadores cortados por contusão, entre eles o atacante Radamel Falcao García, principal artilheiro do time.
SUPERAÇÃO
Pékerman também é bem visto pela história pessoal de superação e dedicação.
O argentino foi volante de contenção de 1966 a 1977, com passagens por Argentinos Juniors e Independiente Medellín. Mas abandonou a carreira com 28 anos por causa de uma lesão no joelho.
Depois de se aposentar dedicou-se a outras profissões. Foi taxista, inclusive, no ano da Copa-1978, quando dirigia por Buenos Aires um Renault 12. A mudança de área não o importou. Antes mesmo de ser jogador, já havia sido vendedor de sorvete e ajudante em uma pizzaria da família.
Em uma das corridas que fez, Pékerman conheceu um diretor do Chacarita Juniors. Da conversa entre os dois, aí surgiu o convite para virar treinador do time juniores.
Começou em 1981 e passou pelas equipes sub-20 de Chacarita Juniors, Argentino Juniors (por dez anos) e Colo Colo. Depois assumiu a seleção argentina e foi tricampeão mundial sub-20.
Antes de assumir a Colômbia ainda treinou a seleção principal da Argentina e os times do Toluca e do Tigres.
Hoje, ao mesmo tempo que é idolatrado na Colômbia, Pékerman também responde por um temor. Já há boatos que após a Copa ele vai deixar a seleção, independentemente do resultado.
Enquanto isso não se confirma, os torcedores sonham pelo menos em passar das oitavas de final, superando assim 1990, quando a Colômbia fez sua melhor campanha.
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