Camaroneses aproveitam almoço para se reunir em restaurante em SP
Pedro Craveiro/Folhapress | ||
Camaroneses no restaurante Biyou'z, na Alameda Barão de Limeira, centro de São Paulo |
O restaurante Biyou'Z, na alameda Barão de Limeira, no centro de São Paulo, é uma espécie de consulado informal dos imigrantes africanos que moram na cidade.
Nesta sexta-feira (13), data da estreia de Camarões na Copa, o pequeno recinto, com cerca de cinco mesas, estava repleto de torcedores ansiosos para ver Eto'o, Itandje, e seus companheiros tentarem um bom resultado diante do México. Melanito Biyouha, a proprietária, e vários de seus funcionários são camaroneses, e os pratos são tipicamente africanos.
"Os mexicanos são nossos principais adversários no grupo. Precisamos ganhar deles", disse o gabonense Jean-Pierre Doumbeneny Eyango, 34, entusiasmado. A cada lance de perigo, gesticulava e fazia comentários para todos no lugar.
Nascido em Libreville, capital do Gabão, ele vestia o uniforme completo de Camarões (país de sua mãe), com o nome de Eto'o nas costas.
Guilherme Seto/Folhapress | ||
Gabonense Jean-Pierre Doumbeneny Eyango, no restaurante Biyou'z, no centro de São Paulo |
Desde quinta-feira (11) na casa de amigos na Vila Madalena, Eyango é um homem global: mora no Canadá, está no Brasil pela quinta vez (conhece Rio, Recife, Porto Alegre, Salvador, Rio Grande do Sul e seu lugar preferido é Florianópolis) e vestia um boné com o brasão de Portugal. "Meu ídolo é Cristiano Ronaldo. Eu simplesmente o adoro".
O México marca dois gols em momentos distintos, ambos lamentados pelos presentes. Segundos após os gols, porém, todos vibram: o juiz erra, anula todos e é aplaudido.
O empreiteiro camaronês Innocent Yossa, 50, almoçava no restaurante e elogiava a comida, mas lamentava a perda do voo para Natal, onde assistiria à partida ao vivo, na Arena das Dunas.
"Tenho ingresso, mas me atrasei. Por sorte estou hospedado aqui perto e encontrei esse restaurante, para assistir ao jogo com amigos conterrâneos. A comida aqui é muito boa, igual à de lá".
No Brasil há dois dias, Innocent afirma ter gasto 20 mil dólares (cerca de R$ 45 mil) para passar um mês no país. Ele diz que irá a Brasília no dia 23 de junho, para a partida entre Brasil e Camarões.
Apesar da animação com o Mundial, o torcedor, que almoçava um prato chamado D.G., mistura de banana da terra com frango, não acredita que a seleção africana fará uma boa campanha, por causa da briga entre jogadores e a federação de futebol.
"Nossa federação é uma vergonha, rouba dinheiro dos jogadores há muitos anos. Temos um bom time, mas essa briga fora de campo afeta o moral e o lado psicológico dos atletas", disse.
Guilherme Seto/Folhapress | ||
Camaronês Innocent Yossa, no restaurante Biyou'z, na Alameda Barão de Limeira |
Ao apito final do árbitro, o simpático garçom Victor, camaronês de Bafoussam, solta um sonoro "caramba!". Ajeitando a mesa dos que saíam, ele se virava para os clientes que entravam e dizia, sorridente, "os Leões perderam, mas a vida continua e a gente continua. Quer sentar?"
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