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O nigeriano: "A campeã africana entra em cena contra o Irã, primeiro obstáculo do Grupo F"

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Na Nigéria, o futebol é uma religião. Aqueles que assim o dizem não são acusados de heresia. Líderes religiosos em todo o mundo e na Nigéria cobiçam a multidão que lotam os estádios durante os jogos de futebol, mesmo aos domingos.

Em um país onde conflitos religiosos às vezes se impõem, o futebol vem funcionando como um compensador, uma plataforma para a eliminação de tribos e das associações étnicas e religiosas —especialmente quando a seleção nigeriana, os "Super Águias", são o destaque.

Na Nigéria, os assuntos ligados ao futebol são o centro das atenções e o governo nunca deixou de capitalizar o futebol como um veículo de unidade e colisão nacional.

A Copa do Mundo de 2014 não é exceção. Cinco dias atrás, o presidente do senado nigeriano, David Mark, chegou ao país sul-americano à frente de uma delegação governamental trazendo uma mensagem especial do presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, encarregando-os de "...hastearem a bandeira ao alto e serem bons embaixadores de sua terra natal".

O mesmo presidente será lembrado na história como o que mais apoiou a seleção nacional. Quando a Copa das Nações Africanas foi ganha na África do Sul, os jogadores e o restante da equipe tiveram uma recepção presidencial. Eles foram cobertos com gratificações financeiras e materiais, com honras nacionais na cidade, enquanto todo o país se levantou para saudá-los.

O país estava inquieto com as celebrações individuais. As organizações corporativas e governamentais se atropelaram para receber e celebrar o time que fez com que os nigerianos se sentissem superiores no continente africano, ainda que na esfera esportiva.

Nós estamos prontos para entrar naquela histeria novamente nessa Copa do Mundo, o maior evento esportivo mundial, que acumula uma audiência televisiva recorde, de mais de 3 bilhões de espectadores. A Nigéria encara o Irã em um confronto no Grupo F, que também conta com Argentina e Bósnia Herzegóvina.

Neste mês de junho, muitos dizem que o futebol voltará pra sua casa, o Brasil, terra do samba, de jogadores lendários, estrelas como Romário, Ronaldinho, Ronaldo e Pelé. O Brasil, único vencedor de cinco (por enquanto) Copas do Mundo. Neste junho, a Nigéria, e seus Super Águias, tem orgulho de si como um dos 32 privilegiados que terão a oportunidade de disputar o troféu em ouro 18 quilates, desenhado pelo artista italiano Silvio Gazzaniga.

A Nigéria é um dos cinco países africanos na Copa, em um continente que ainda está para causar um bom impacto em Mundias. Em 1990, foram os Camarões. Senegal, em 2002, e Gana, em 2010, tiveram sucesso ao chegar as quartas de final, nada mais. A Nigéria está indo para sua quinta Copa do Mundo. O desafio ainda é passar para a fase final, como aconteceu nas Copas de 1994 e de 1998.

Foi do lendário Pelé a citação de oito anos trás, que dizia que um dia um país africano ganhará a Copa do Mundo e que esse país provavelmente será a Nigéria!

Sempre que nos qualificamos para a Copa do Mundo, as palavras de Pelé reverberam em nossas mentes, mas ainda não trouxemos à realidade o que tem sido a expectativa de uma das nações mais populosas da África, formada por 170 milhões de habitantes.

Ainda há muitos vestígios de nostalgia deixados pela equipe da Copa norte-americana, em 1994. Aquela foi a primeira vez da Nigéria em Copas do Mundo, com um time que ainda é considerado o melhor de todos em termos de performance e qualidade de jogadores.

O país havia acabado de ganhar a Copa das Nações, na Tunísia, com estrelas como Rashidi Yekini, Emmanuel Amuneke, Austin Eguavoen, Uche Okechukwu, Stephen Keshi, Finidi George, Peter Rufai, Samson Siasia, Daniel Amokachi, Jay Jay Okocha...

A equipe foi pra os Estados Unidos e surpreendeu a Bulgária, a Grécia e a Argentina ao se qualificar para a segunda fase, sendo eliminada nas oitavas de final para a Itália, num jogo dramático que só foi decido na prorrogação.

Desde então, não tem sido uma história de sucesso. Na Copa da França, em 1998, a Nigéria trouxe muitas promessas, liderou seu grupo, e conseguiu derrotar a consagrada Espanha graças a uma bomba de Oliseh, que ainda é considerado um dos melhores gols em Copas. Mas a Nigéria caiu para a Dinamarca em uma derrota por 4 x 1, também nas oitavas.

Na Coréia e Japão, uma equipe com muitos problemas, com disputas internas e troca de treinadores no meio do evento, não resistiu à primeira fase. Com um empate e duas derrotas, a Nigéria foi a última colocada em um grupo que contava com Inglaterra, Suécia e Argentina.

Sem ter se classificado para a Copa da Alemanha, a Nigéria foi a Copa da África do Sul e, mesmo estando em um grupo modesto que incluía Argentina, Grécia e Coréia do Sul, também não conseguiu passar da primeira fase.

Agora, de volta, como em 1994, eles retornam como campeões africanos, com um treinador que decidiu quebrar as tradições e escalar jogadores jovens, alguns deles estreantes na seleção.

Neste ano, muitos acreditam que a Nigéria foi favorecida no sorteio. Em um grupo que conta com Argentina (mais uma vez, jogou contra os argentinos nas Copas 1994 e 2010), Irã e a estreante, Bósnia-Herzegóvina, os campeões africanos não têm desculpa para não se classificarem.

Deixando de lado a disputa induzida pela mídia entre o treinador Stephen Keshi e a Federação Nigeriana de Futebol, acredita-se que o país pode acabar com o azar da segunda fase e chegar às quartas de final.

O país tem potentes arsenais para enfrentar esta guerra? Sim e não.

Não, porque, em comparação ao time de 94, será difícil destacar super-estrelas, para não falar de estrelas.

Sim, porque a equipe atual tem o que é necessário para um time. Acrescente a isso um treinador que se acredita ter uma aura vencedora ao seu redor, que conhece o jogo e é capaz de fazer com que seus atletas joguem.

Infelizmente, a corrida para a Copa do Mundo, traduzida em três amistosos não foi muito confortante, já que a Nigéria empatou dois e perdeu um, para Escócia, Grécia e EUA respectivamente.

Contra os EUA, os americanos tiveram o controle e dominaram a partida. Na ausência de um meio de campo nigeriano, a defesa estava tão porosa quanto possível. O quarteto de atacantes americano formado por Altidore, Dempsey, Beasley e Bradley atravessou à vontade.

O goleiro Enyeama, Deus o abençoe.

A Nigéria então apareceu momentaneamente com Moses e Emenike, mas sem efetividade e oferecendo contra-ataques aos norte-americanos. Não havia nenhum engano na superioridade dos adversários naquela noite quando o atacante Jozy Altidore, do Sunderland, os colocou merecidamente um gol à frente, com um simples toque, após a defesa ter sido desfeita.

O segundo tempo seguiu o mesmo padrão do primeiro: os nigerianos saíram com força total, mas não deu. Só deu Estados Unidos o tempo todo. Não fosse pelo heroísmo de Enyeama, poderiam ter sido uns cinco gols. O consolo veio no pênalti bem batido por Moses.

Os EUA estavam indo para a Copa do Mundo com a confiança de ter conseguido três vitórias nos três amistosos. Mas a Nigéria não. Entretanto, analisando os amistosos de uma forma geral, eles podem ter sido muito importantes como indicações para o futuro, mas poucos fiéis ao presente.

Vide a Itália, potencial campeã da Copa do Mundo. A partir de quando se qualificou, com folga, para esta Copa, a Azurra passou as sete partidas seguintes sem vencer. Mas os empates contra Irlanda (0 x 0) e Luxemburgo (1 x 1) pareceram não preocupar o técnico Cesare Pandelli e seus tetracampeões... Assim dizem.

A Inglaterra empatou com Equador e só conseguiu segurar Honduras, que tinha um homem a menos, em um empate sem gols.

A França empatou com o Paraguai em 1 a 1 e a grandiosa Alemanha empatou com os Camarões em 2 a 2, enquanto Grécia e Portugal ficaram no 0 a 0.

Com todo o arsenal à disposição da Espanha, você esperaria que eles marcassem mais que os dois gols de David Villa contra El Salvador.

Talvez devêssemos nos focar nos oponentes do grupo da Nigéria. O Irã ao jogar com a Angola, tendo a Nigéria em mente, chegou a um incrível empate em 1 a 1.

A Argentina é a segunda maior aposta para ganhar a Copa e a grande favorita para liderar o grupo. Para os amistosos, eles convidaram Trinidad e Tobago (?) —ganharam com gols de Palacio, Mascherano e Rodriguez— e Eslovênia, quando Messi, mesmo entrando no segundo tempo, marcou uma vez, ajudando sua equipe a vencer por 2 a 0.

A Bósnia-Herzegóvina perdeu para o Egito, bateu o México (1 x 0) e a Costa do Marfim (2 x 1), com Dzeko fazendo dois gols, o segundo, um chute de cerca a de 22 metros de distância. O deleite de um artilheiro! A Bósnia, desde agosto de 2010, jogou 19 partidas; ganhou 14, empatou uma e perdeu quatro, somando 40 gols e concedendo 15.

Em resumo, a preparação da Nigéria enquanto rumam em direção à Copa do Mundo está longe de ser convincente, ainda que ao chegar ao Brasil, mesmo após a perda de Elderson Echiejile na defesa, o time teve tempo suficiente para rever o que poderiam ser considerados lapsos.

O treinador Stephen Keshi e sua equipe técnica devem estar agora em boa posição para avaliar seus pupilos e tomar decisões no que se refere à suas táticas e seus jogadores, possivelmente para executá-las contra as três equipes de seu grupo, começando com o Irã.

Curiosamente, olhando no ranking Mundial da Fifa, o Irã ocupa uma posição à frente (43ª) da Nigéria (44ª). Porém, não se pode contestar o fato de que, de todas as equipes do grupo, o Irã é considerada a forasteira, enquanto a Argentina é a favorita para prosseguir com a Nigéria ou Bósnia, dependendo de quem for capaz de fazer o maior número de gols no Irã.

Aliás, a estrela da seleção iraniana é o treinador português Carlos Queiroz. A experiência de Queiroz transcende o Manchester United, o Barcelona e a seleção sul-africana, entre outros, e, em janeiro, ele voou para a África do Sul para espiar o treinador Keshi e seus pupilos na Copa Africana de Nações.

Apesar de seu sucesso nas copas asiáticas, a preparação do time iraniano tem passado longe do sucesso. Um amistoso não muito impressionante consolidou a vitória sobre Trinidad e Tobago.

Apesar de alguns golpes para sua linha de defesa, espera-se que o veterano, o capitão Yobo, não inicie a partida contra o Irã, deixando que o jovem quarteto formado por Kenett Omeruo, do Chelsea, Efe Ambrose, do Celtic, Azubuike Egwueke (Warri Wolves, da Nigéria) e Godfrey Oboabona, cubram o experiente goleiro Vincent Enyeama.

A esperada formação 4-4-2 dependerá de um meio de campo sólido, onde Keshi espera colocar muita força ao escalar Obi Mikel, do Chelsea, Victor Moses, do Liverpool, Onazi Ogenyi, da Lazio, e o veterano Shola Ameobi.

No ataque, onde os gols serão necessários, o treinador pode optar pelo tradicional poder de fogo de Emmanuel Emenike e Osazemwinde Odemwigie ou estabelecer a formação que envolverá Ahmed Musa e Uche Nwofor. Um time que será um avanço sobre o Irã em termos de experiência e exposição na Europa.

A este ponto, não importa mais quem joga. O que importa é que qualquer um que seja escalado será informado, em linguagem direta, que a Nigéria está condenada a vencer o Irã se quiser obter um resultado decente contra a Bósnia-Herzegóvina e a Argentina e avançar para as oitavas, em direção as quartas de final.

A sorte no sorteio tornou isto possível, mesmo que a Nigéria tema qual será o destino do Irã nas mãos dos outros dois adversários.

Uma nação aguarda, esperançosa.

Tradução: Juliana Calderari

Editoria de Arte/Folhapress
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