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O argelino: "As participações da Argélia nas diferentes Copas do Mundo"

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Foi apenas em 1982, vinte anos depois da independência da Argélia, que a "Equipe Nacional" (é assim que a seleção argelina costuma ser chamada por lá) experimentou pela primeira vez o prazer de participar em uma Copa do Mundo.

Para conseguir uma passagem com destino à Espanha, país-sede do campeonato de 1982, a Argélia eliminou a Serra Leoa, com resultados de 2 a 2, em Free Town, e 3 a 1, em Oran.

Depois, venceu o Sudão: 2 a 0, em Constantina, e 1 a 1 em Cartum. Em seguida, enfrentou a seleção do Níger, com um placar de 4 a 0 no primeiro jogo, em Constantina, e uma derrota de 1 a 0 no segundo jogo —o Níger jogava em casa.

Ainda era preciso enfrentar a forte seleção da Nigéria. No primeiro embate, em Lagos, os argelinos surpreenderam os "Green Eagles" e venceram por 2 a 0. No segundo, diante de mais de 50 mil espectadores, conseguiram um suado 2 a 1, com um gol magnífico de Rabah Madjer. À noite, o país todo dançou para comemorar a classificação histórica.

O sorteio colocou a Argélia na chave da Alemanha Ocidental, da Áustria e do Chile. Era a seleção café-com-leite do grupo. Os alemães, que haviam vencido o Marrocos na Copa de 70, com um placar de 2 a 1, e empatado contra a Tunísia em 1978, na Copa da Argentina, olhavam com superioridade para os argelinos. A seleção alemã que tinha sido campeã da Europa em 1980, na Bélgica, era um trator que esmagava tudo o que aparecesse em seu caminho.

O primeiro jogo da Argélia na Copa de 82 estava marcado para o dia 16 de junho, uma quarta-feira, às 15h45 da Argélia. Todo o país olhava para Gijón, cidade espanhola que abrigou a disputa, comandada pelo árbitro peruano Enrique Labo. Os alemães se instalaram no campo dos argelinos desde o primeiro lance, mas não criaram situações de perigo nem oportunidades de gol. Na verdade, a primeira chance de abrir o placar surgiu para a seleção da Argélia. Belloumi, bola de ouro do campeonato africano de 1981, conseguiu ficar na cara do goleiro Harald Schumacher, o "Toni", mas não marcou.

Os minutos se passavam sem que os alemães conseguissem converter em gols as pequenas oportunidades que apareciam. O goleiro argelino Mehdi Cerbah era o rei do pedaço. Ele mostrava que sabia o que estava fazendo: seu reflexo e as defesas que fazia salvaram a zaga argelina em situações difíceis.

Quando o juiz apitou o fim do primeiro tempo, o placar mostrava 0 a 0. Os argelinos não podiam acreditar no que viam. A dúvida imperava no campo alemão.

De volta ao gramado depois do intervalo, os alemães estavam decididos a acabar com a Argélia, mas seus atacantes não conseguiam furar o bloqueio da defesa argelina e do goleiro Cerbah. Aos oito minutos do segundo tempo, num lance de muita inteligência, Rabah Madjer fez o primeiro gol dos Verts —em português, "Verdes", apelido da seleção argelina— numa Copa do Mundo. Os alemães conseguiram empatar aos 12 minutos mas, um minuto depois, Lakhdar Belloumi colocou a Argélia novamente à frente, com um belo cruzamento do ala esquerda Salah Assad, que deu de bandeja o gol da vitória a Belloumi.

Ainda sobravam 23 minutos para que os alemães arrancassem ao menos o gol de empate contra a pequena Argélia, mas os jogadores argelinos mantiveram-se firmes. Sem tirar o mérito de toda a equipe, é preciso dizer que o goleiro Cerbah foi um dos principais responsáveis pelo êxito.

Quando o árbitro peruano deu o apito final, a loucura tomou conta do país: nas ruas de Argel e de Orã, e mesmo em cidades do interior, todos cantavam e dançavam.

No segundo jogo, contra a Áustria, os argelinos começaram dominando. Madjer quase abriu o placar ainda no primeiro tempo, mas o goleiro Koncilia segurou. No segundo tempo, porém, os austríacos souberam contra-atacar. Conseguiram marcar dois gols e venceram a partida.

O terceiro jogo, contra o Chile, ocorreu 24 horas antes de a Alemanha Ocidental encontrar a Áustria, que contabilizava 4 pontos. A Argélia e a Alemanha tinham 2 pontos cada —na época, uma vitória valia 2 pontos. No primeiro tempo, os "Verdes" levavam vantagem: o placar mostrava 3 a 0, com dois gols de Salah Assad e um de Bensaoula. Com mais um gol, a Argélia garantiria sua vaga na segunda fase, mas a seleção chilena se recuperou no segundo tempo e, embora já estivesse eliminada da competição, levou a bola à rede duas vezes. O jogo terminou com um resultado de 3 a 2 para a Argélia.

Era preciso portanto esperar o resultado da disputa entre Alemanha e Áustria para saber quem se classificaria. O resultado de 1 a 0 para os alemães beneficiaria as duas equipes europeias. E foi esse o placar final do jogo da vergonha entre duas grandes nações do futebol. Depois do gol alemão, aos 32 minutos, os dois times se recusaram a jogar futebol. Enquanto cada um ficava no seu campo, trocando passes, o público espanhol se levantou e, com lenços brancos nas mãos, começou a gritar "fuera, fuera!".

A partida entre a Alemanha Ocidental e a Áustria causou escândalo. A fim de apaziguar os humores, a Fifa decidiu que, dali em diante, todos os jogos da terceira rodada da Copa do Mundo ocorreriam no mesmo dia, evitando assim qualquer possibilidade de acordo.

A Argélia saía da Copa da Espanha de cabeça erguida. As regras tinham mudado.

Quatro anos mais tarde, na Copa do México, em 1986, os "Verdes" voltavam ao torneio: era a primeira vez que uma nação africana disputava duas Copas do Mundo consecutivas. O sorteio colocou a Argélia em um grupo difícil, junto com o grande Brasil de Sócrates e Zico, além da Espanha de Butragueno e da Irlanda do Norte de White Side.

No primeiro jogo, contra a Irlanda do Norte, os argelinos arrancaram o empate graças a um gol de Djamel Zidane, de falta. No segundo jogo, contra o Brasil, em Guadalajara, a Argélia conseguiu manter-se invicta durante todo o primeiro tempo, sobretudo graças a seu goleiro, Drid.

No segundo tempo, os argelinos estiveram perto do gol em duas ocasiões, com lances de Assad e de Belloumi, mas a defesa brasileira tirou a bola de campo. Aos 79 minutos, Casagrande aproveitou um momento de hesitação depois do desentendimento entre o goleiro Drid e o zagueiro Médjani para colocar a bola na rede argelina: o jogo terminou com um placar de 1 a 0 para o Brasil. Os argelinos haviam mostrado um belo desempenho técnico e físico frente aos mestres da bola.

No terceiro jogo, contra a Espanha, quando a Argélia entrou em campo o clima entre os jogadores estava tenso por causa de uma história de bônus. O técnico Rabah Saadane tinha perdido o controle de sua equipe. O placar final foi de 3 a 0 para a Espanha, com uma agressão do zagueiro Gaucochia sobre o goleiro Drid aos 11 minutos de jogo. Drid não pôde concluir a partida. Um empate teria sido suficiente para que a Argélia passasse à fase seguinte.

Foi preciso esperar 24 anos para ver novamente a Argélia numa Copa do Mundo, em 2010, na África do Sul. Nas eliminatórias, os "Verdes" disputaram uma partida difícil contra o Egito, jogada no Sudão, mas ganharam de 1 a 0, com gol de Antar Yahia.

Na Copa de 2010, o sorteio colocou a Argélia no grupo da Inglaterra, da Eslovênia e dos Estados Unidos. Os argelinos perderam o primeiro jogo por causa uma falha do goleiro Chaouchi e também em função das estratégias adotadas pelo técnico Saadane. Ele escolhera a prudência e, sobretudo, selecionara jogadores com pouco tempo de experiência em seus times.

No segundo jogo, contra a Inglaterra, os argelinos entraram em campo sem acreditar na vitória: não ousaram jogar no ataque e o jogo terminou empatado, 0 a 0. Agora era preciso derrotar os Estados Unidos por pelo menos 2 a 0 para passar à fase seguinte. Os argelinos dominaram razoavelmente bem o primeiro tempo, com uma bola na trave no início, mas a partida parecia se concluir com um 0 a 0 quando, aos 91 minutos, os americanos fizeram um belo contra-ataque, conseguindo assim a classificação para a fase seguinte. Foi a Copa das lamentações para a Argélia.

É graças a seu percurso quase perfeito nas eliminatórias que a Argélia pode estar presente nesta Copa de 2014. A seleção argelina somou 15 dos 18 pontos possíveis, antes de derrotar o time de Burkina Faso por 1 a 0, num jogo em casa, depois de ter perdido de 3 a 2 em Ouagadougou.

Por sorteio, a Argélia ficou no grupo H, junto com Bélgica, Rússia e Coreia do Sul, uma chave bem equilibrada. O primeiro jogo da Argélia no campeonato será contra a Bélgica, na terça 17 de junho.

Durante os jogos preparatórios, na Suíça, os "Verdes" venceram a Armênia por 3 a 1, em Sion, e derrotaram a Romênia por 2 a 1, em Genebra, no dia 4 de junho.

No Brasil, os argelinos serão encorajados por mais de três mil torcedores vindos da Argélia, sem contar aqueles que virão da Europa. Mais de 38 milhões de argelinos esperam o sucesso dos "Verdes" na terra que viu nascer o rei Pelé.

Tradução: Christophe Lecarpentier

Editoria de Arte/Folhapress
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