A naturalidade com que o homem de camisa vermelha estende camisetas no gramado bem em frente à Arena Pernambuco faz parecer que não há problema algum.

Voluntários que prestam serviço à Fifa, policiais federais e militares, equipes de TV e fotógrafos passam o tempo todo e o ambulante continua vendendo tranquilamente três tipos de camisas diferentes, apesar de a Fifa proibir o comércio informal no entorno da arena.

A Folha aborda o homem para confirmar que ele está comercializando as roupas. Pelo sotaque, fica evidente que é costa-riquenho.

Sobre a grama, estão abertas quatro camisas: três nas cores do país que nesta sexta-feira (20) enfrenta a Itália e uma em que a bandeira costa-riquenha divide espaço com a brasileira. Essas custam R$ 40.

Logo acima, mais quatro camisetas dobradas. Com estampa que reúne bandeiras de diversos países, essas custam R$ 12.

Outras dos mesmos modelos estão guardadas dentro da bolsa do ambulante.

A torcida da Costa Rica é esmagadoramente maior que a italiana.

Vermelho e azul são as cores que predominam no mar de gente que se forma em frente à Arena Pernambuco. As cores estão em bandeiras, camisas, perucas e até em corpos pintados de torcedores sem camisa.

"Vamos fazer 2 a 1 em cima da itália. Gols de Campbell e Bolaños. Estamos apoiando e vamos às oitavas [de final]", disse o entusiasmado costa-riquenho Jorge Solano.

No meio da multidão, um grupo se destaca ao berrar o grito de guerra da Costa Rica: "Olê, olê, olê, ticos, ticos!". Costa-riquenhos? Não, brasileiros.

A Costa Rica também tem o apoio da maioria dos brasileiros que vieram à arena. "Como brasileiros, vamos torcer por eles. Vai ser 2 a 1, com dois gols de Campbell", disse o empresário pernambucano Gino Labanca, 48.

PALMEIRENSE

Já a Itália terá ajuda de palmeirenses que vieram torcer no Recife.

"Todo palmeirense torce pela Itália", disse o médico paulista Márcio Bortone, 36.

Filho de italiano, ele tem seguido a Azzurra e aposta em um placar de 3 a 0 para logo mais, às 13h.

O administrador libanês Jaime Koury, 51, é casado com uma italiana e diz que é justamente por isso que torce pela seleção da Europa.

O médico italiano Felippo Lanci, 42, está seguindo a Azzurra com amigos e aposta em uma vitória "fácil, muito fácil" sobre a Costa Rica, maior azarão desta Copa.

CERVEJA

Indiferentes às camisetas costa-riquenhas, torcedores brasileiros reclamavam de outros ambulantes.

Um torcedor que não se identificou disse ter comprado cerveja a R$ 8 logo que pegou um ônibus no local indicado pelo governo e aborreceu-se quando descobriu que em frente a arena a bebida custa R$ 4.

"Como nesta Copa é tudo caro, achei que esse preço era o normal. Isso é um absurdo", reclamou o brasileiro.

RAIO-X

Ao contrário do primeiro jogo na Arena Pernambuco, Costa do Marfim e Japão, no último sábado (14), desta vez, todos os equipamentos de raio-x estão funcionando e a entrada no estádio é bem mais tranquila.