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A sul-coreana: "Cuiabá e o legado da Copa"

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Eu passei a última semana em Cuiabá, a humilde capital de um estado rural que eu talvez nunca teria visitado se não fosse pelo jogo entre Rússia e Coreia do Sul, a seleção que estou cobrindo.

Em Cuiabá, a ambição de transformar a pequena cidade do campo em uma cidade modernizada merecedora de receber oito das melhores seleções de futebol do mundo —e os seus milhares de fãs— foi custosa. Mas julgando pelas minhas próprias observações e os relatos dos moradores com quem conversei na minha curta estadia, muitas dessas ambições parecem ser pouco sentidas, algumas nem se sente.

Muitas das estradas principais estão abandonadas, esperando por novos pavimentos ou pistas para serem construídas. O sistema de trens elétricos, um dos muitos projetos de desenvolvimento prometidos para ser entregue antes da Copa do Mundo, não ficará pronto antes do fim de 2015, de acordo com a prefeitura da cidade. Mesmo prestes a sediar o segundo jogo na Arena Pantanal, vários andares superiores do estádio ainda não eram utilizáveis, com tapumes brancos colocados para esconder os corredores vazios ainda em construção.

Há meses a mídia internacional tem feito críticas sobre a preparação do Brasil para a Copa do Mundo. As construções de muitos estádios, incluindo a Arena Pantanal de Cuiabá, estavam com meses de atraso, com algumas até ameaçadas de ter seus jogos cancelados e suas atenções tiradas de foco. Antes de chegar no Brasil, eu me perguntava: por um estádio que será usado só quatro vezes nessas cidadezinhas longe da rota da maioria dos turistas, por que os cidadãos acham que tudo isso vale a pena?

Conversando com um representante oficial do turismo local, ouvi que as causas dos atrasos eram complicadas, indo de motivos como duras chuvas inesperadas no ano passado até ter que esperar por escavadoras para terminar de inspecionar um antigo sítio arqueológico que eles acidentalmente tocaram enquanto estavam cavando. Agora, eles estão a todo vapor para terminar o projeto dos trens elétricos, com trens já importados e prontos para serem instalados, ele explicou. Mas é aparente que as pessoas não estão satisfeitas com essas desculpas.

Durante a minha estadia, o hospitaleiro povo de Cuiabá foi muito receptivo com os estrangeiros para dar a melhor impressão possível da sua cidade. Mas, quando perguntada sobre o seu desenvolvimento, eles reclamam de seus governos e da corrupção na política. Muitos atrasos nas construções poderiam ter sido eliminados se as construções tivessem começado mais cedo, eles argumentam. Um homem com quem conversei, médico, reclamou que o dinheiro gasto com a Copa do Mundo era um desperdício, e que deveria ter sido usado ajudando os pobres da cidade.

"Nós temos pessoas doentes, mas não temos hospitais. Nós temos carros de trem, mas não temos trilhos", ele disse. Se você perguntar às pessoas sobre quando eles acham que o trem ficará pronto, eles dizem: "Quando o governo quiser terminar." É um sentimento que não se resume a essa pequena cidade.

Mas, eles dizem, receber a Copa do Mundo mudou muitas coisas para melhor. Cuiabá era apenas uma cidade de parada há, no máximo, cinco anos atrás, quando as preparações para a Copa do Mundo colocaram um pouco de agitação na região. De repente, shoppings surgiram, os negócios e hotéis se desenvolveram e as ruas foram refeitas. Se você comparar a cidade de como ela era em 1999, uma pessoa disse, ela está no mínimo 80% diferente agora.

Uma mulher notou que nada disso teria sido feito se não fosse por um evento de futebol mundial acontecendo na cidade, e agora o mundo sabe que existe um pequeno lugar no meio do Brasil chamado Cuiabá.

Cuiabá pode não ter o seu sistema de trem elétrico ainda, mas eles têm agora um pequeno lugar na história. E isso, como ela e vários de seus amigos cuiabanos disseram, fez tudo valer a pena.

Tradução GIOVANNA SALERNO

Editoria de Arte/Folhapress
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