Após Camarões e Gana, mais uma seleção africana se rebelou por questões financeiras nesta Copa do Mundo: a Nigéria –o que fez a Fifa se pronunciar sobre o assunto e cogitar intermediar as premiações dos jogadores.

Os nigerianos boicotaram o treino marcado para quinta-feira (26) no estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas (a 93 km de SP), e ameaçaram não embarcar nesta sexta (27) para Brasília.

Os jogadores ainda não receberam o valor acordado com a federação do país pela participação na Copa do Mundo e temem ter problemas com o pagamento –como ocorreu em 2010, na África do Sul.

Eles se reuniram no hotel onde estavam hospedados, no centro de Campinas, e se recusaram a fazer o último treino na cidade por não ter garantias de receber a premiação em caso de eliminação nas oitavas de final.

A Nigéria vai jogar contra a França na segunda-feira (30), no Mané Garrincha, após se classificar em segundo lugar no Grupo F com um empate em 0 a 0 com o Irã, uma vitória por 1 a 0 contra a Bósnia e uma derrota por 3 a 2 para a Argentina.

Segundo a imprensa nigeriana, o problema só foi resolvido após o presidente do país, Goodluck Jonathas, garantir o pagamento aos jogadores.

Não está definido, no entanto, se o pagamento será feito em dinheiro e antes do jogo decisivo –como aconteceu com Gana, na quarta, na véspera da partida contra Portugal.

Foi necessária uma operação hollywoodiana para evitar o W.O.: os R$ 6,5 milhões chegaram a Brasília em dinheiro vivo, transportado em um avião. Do aeroporto, seis carros da PM e outros dois sem identificação escoltaram o veículo até o hotel onde a delegação estava hospedada.

Apesar da ameaça de greve, o técnico Stephen Keshi minimizou a questão. "Nenhum problema", se limitou a dizer o nigeriano à imprensa na despedida da delegação de Campinas.

ADEUS FESTIVO

Os nigerianos não voltarão ao interior de São Paulo mesmo em caso de classificação.

A delegação já fez check-out do hotel onde estava hospedada em Campinas, desde a chegada ao Brasil, e ficará três dias na capital federal.

Em caso de vitória, voarão direto para o Rio de Janeiro, local da partida das quartas de final contra o vencedor de Alemanha e Argélia, a outra seleção africana classificada para as oitavas.

Mais de cem pessoas foram se despedir da seleção nigeriana, que embarcou para Brasília às 15h, no hotel. Muitos nigerianos estiveram presentes, e a maioria dos jogadores parou para atender aos fãs e conterrâneos –como fizeram diariamente durante a estadia em Campinas.

PRESENTE

O pequeno Henrique Vasconcellos, 13, era só alegria. Além de conseguir oito autógrafos em sua camiseta da Copa do Mundo, ganhou uma da Nigéria de presente.

"Não sei nem de quem foi. Tinha pedido para vários jogadores, aí um que já estava dentro do ônibus mandou me entregar", disse um eufórico Henrique. "Minha garganta está doendo de tanto gritar."

O garoto estava na porta do hotel pela quarta vez –em todas, foi atendido pelos jogadores. "Na primeira, só o goleiro falou comigo. Na segunda, tirei um 'selfie' com o Mikel [Obi Mikel, uma das estrelas da seleção]. Ontem eu consegui um autógrafo e hoje, a camisa", contou.

"Ficamos sabendo que eles iam embora hoje, aí viemos de novo", diz Larissa Silva Alberto, 18, que estava também pela quarta vez no hotel, com o namorado, o irmão mais novo e a sogra, para conseguir autógrafos em dois álbuns de figurinha –e conseguiu. "Achei até fácil.

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