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Franz Beckenbauer: A partir das oitavas, técnica deve prevalecer

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Muitas coisas no futebol são questão de gosto, mas quanto a uma delas os analistas devem concordar: havia décadas que não acontecia uma primeira fase tão animada em uma Copa do Mundo. No Brasil, em 2014, as manobras táticas deram lugar ao futebol ofensivo, e o ritmo de jogo foi excelente.

Isso é atípico em uma primeira fase, em que os rivais costumam se estudar e jogam em geral com precaução. Mas acredito que as coisas não continuarão assim. A partir das oitavas de final, a tática pode prevalecer.

Um jogo muito especial foi a derrota da Espanha para a Holanda por 5 a 1. Para alguns, o resultado pode parecer uma loucura, mas acredito –na verdade tenho certeza– que, se os espanhóis tivessem marcado o segundo gol que mereciam, quando estavam à frente no placar, teriam vencido a partida.

Isso não diminui minha admiração por Van Persie e Robben, que voltam a estar entre os candidatos ao título, a não ser que os holandeses se mostrem arrogantes, como aconteceu em alguns Mundiais passados. O México, de toda maneira, será grande adversário no domingo (29).

Preciso expressar meu respeito à Costa Rica. No Grupo D, o "grupo da morte", com Itália, Uruguai e Inglaterra, todos campeões mundiais, jamais teria apostado na Costa Rica.

Sete das nove equipes latino-americanas avançaram para a segunda fase. Isso é uma sensação, já que em princípio só se poderia contar com Brasil, Argentina e Chile. Não esperava atuações tão boas das equipes centro-americanas.

Mas, quando um Mundial é disputado na América do Sul, os centro-americanos, e até os Estados Unidos, demonstram motivação especial. Houve mais espírito de luta do que é comum da parte dos latino-americanos. É a identificação com o continente americano que faz nascer essa euforia nas equipes da região. Os hinos nacionais são cantados com grande paixão. Ao ver esse entusiasmo, fica claro por que uma equipe europeia jamais ganhou um Mundial no continente.

Do ponto de vista europeu, alegra-me que os franceses, liderados por Benzema, tenham voltado a encontrar a estabilidade. O conjunto alemão, mesmo assim, ainda me parece mais sólido. A Alemanha foi a única equipe que conseguiu variar seu ritmo de jogo, e conta com um goleador versátil: Thomas Müller. Mas a Argélia oferecerá grande resistência na segunda (30).

Também me surpreendeu que a Suíça tivesse força para se recuperar depois da goleada que sofreu diante da França, vencendo Honduras por 3 a 0 com três gols de Shaqiri. Uma obra-prima de psicologia de Ottmar Hitzfeld, ex-treinador do nosso Bayern de Munique. E o mesmo poderá acontecer diante da Argentina na terça (1º/7).

Neste Mundial, a maneira pela qual diversas equipes souberam explorar situações de jogo chama a atenção. Refiro-me, por exemplo, às faltas, que ninguém cobra tão bem quanto o argentino Lionel Messi. O italiano Andrea Pirlo, "pai" das faltas, lamentavelmente já não está no torneio. Há também tentativas frequentes de provocar impedimentos, ainda que essa seja uma tática arriscada. E outro aspecto a destacar é que os reservas estão marcando muitos gols. Nesse aspecto é preciso sublinhar o bom faro do treinador holandês Louis van Gaal. Ele tem grande capacidade de descobrir jovens jogadores que não demoram a surpreender.

Nas oitavas, também assistirei com especial interesse ao duelo entre os brasileiros e os incômodos chilenos. A pergunta é se os chilenos serão capazes de repetir a grande intensidade com que vêm jogando. Se o fizerem, será difícil para o Brasil. Mas ainda assim avalio que o anfitrião avançará. No entanto, na vitória por 4 a 1 diante de Camarões, os brasileiros dependeram demais do jovem Neymar. Para serem campeões mundiais, precisam melhorar.

A Copa de 2014 também marcou a despedida em Mundiais de jogadores como Xavi, Xabi Alonso, Pirlo e Rooney. Digo-o com todo o respeito, porque essa é a lei da vida. Depois dos Mundiais, é hora de análise, e diversos jogadores com idades acima dos 30 anos costumam deixar lugar aos mais jovens. Sempre foi assim.

Antes de encerrar, algumas palavras sobre as queixas quanto ao calor e umidade. Os jogadores estão muito bem preparados e deveriam assimilar essas condições. A queixa de que os futebolistas europeus jogam partidas demais não é válida. Tiveram tempo suficiente para se preparar para a Copa. Cada jogador deve se questionar sobre os motivos para sua má forma física. Estou convencido de que, em última análise, é tudo questão de vontade.

Devo confessar também que, apesar de ter visto muitas coisas na vida, continuo a me surpreender. Jamais havia visto um jogador morder um adversário tão brutalmente quanto o uruguaio Suárez fez com o italiano Chiellini. Foi algo difícil de acreditar; precisei assistir ao replay três vezes. As sanções são mais que justificadas, e ainda pior para Suárez é o anúncio do rompimento do contrato para a Copa com o patrocinador Adidas. Creio que agora o Real Madrid e o Barcelona retirarão suas ofertas ao Liverpool.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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