Para Pelé, é possível Brasil ser campeão da Copa sem Neymar
Único jogador tricampeão de Copas, Pelé, 73, acredita que o Brasil ainda possa ser campeão da Copa do Mundo mesmo após a contusão sofrida por Neymar no jogo das quartas de final do torneio.
O jogador não vai mais disputar o torneio. Está fora da partida semifinal contra a Alemanha e da última partida da seleção –final ou disputa pelo terceiro lugar.
Pelé disse que a notícia o deixou triste. "Neymar é cria nossa, do Santos, e dói no coração saber de que ele não defenderá mais o Brasil na Copa", disse. Mas ele se lembrou de um episódio marcante na sua história.
Em 1962, ele sofreu um estiramento muscular logo no segundo jogo e não pôde mais disputar a competição.
"Eu me contundi na Copa de 1962, no Chile, e fiquei fora. Mas Deus presenteou o Brasil com a conquista daquele Mundial. Espero que aconteça o mesmo com a nossa seleção nesta Copa", disse Pelé à Folha.
Quem substituiu Pelé naquele ano foi Amarildo, então estrela do Botafogo. Mas hoje, aos 74 anos, ele não vê nenhuma semelhança no episódio atual com o ocorrido há 52 anos, quando recebeu o apelido de "O Possesso".
"Em 1962, nós já sabíamos quem eram titulares e reservas. Quando Pelé se machucou todos sabiam que eu entraria. E aquela seleção tinha muitos craques. Hoje, só o Neymar é o diferenciado. Será difícil achar substituto", disse Amarildo.
O ex-jogador não tem um nome preferido para herdar o lugar de Neymar. Para ele, a missão do técnico Luiz Felipe Scolari é conseguir motivar o jogador escolhido.
"Quem entrar não vai ter a mesma qualidade, mas tem de equiparar o Neymar na vontade, no empenho, na força, na coragem. Talvez seja interessante para a seleção, pode até dar uma cara nova, dinâmica diferente", disse.
17.jun.1962/Radiofoto UPI | ||
Amarildo (esq.) abraça Pelé após a conquista da Copa do Mundo de 1962, no Chile |
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Para o ex-goleiro Emerson Leão, 64, e para o ex-meia Ademir da Guia, 72, ambos com passagem pela seleção, Felipão deveria usar Willian como substituto de Neymar.
Campeão mundial como reserva em 1970, Leão avalia que com Willian o Brasil manteria a forma de jogar.
"Eu colocaria o Willian no time para não alterar muito a maneira de jogar. A Copa já estava dura com o Neymar, ficará mais difícil sem ele, mas não devemos pensar que a chance de ganhar diminuiu."
O ex-meia Ademir da Guia, que foi quarto colocado do torneio em 1974, concorda que o esquema tático da equipe não deve ser alterado. "Pode-se optar por um atacante, que seria mais óbvio, como o Bernard, ou um meia-atacante, como o Willian", avalia.
"Até porque o time está com dificuldade de fazer gols e não há tempo para treinar. Com um atacante a menos, será pior", disse. "É uma pena, porém, que o Willian entrou pouco e mal", concluiu.
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