Holambra (SP) tem até turistas torcendo pela Holanda contra o Brasil
Na pequena Holambra, cidade de 12,7 mil habitantes no interior de São Paulo, os torcedores estão com corações divididos na disputa entre Brasil e Holanda pelo terceiro lugar da Copa do Mundo neste sábado (12), com direito a turistas brasileiros reforçando a torcida dos descendentes de holandeses.
De colonização holandesa, a cidade está há mais de um mês decorada de verde, amarelo e laranja nas principais ruas e avenidas da "cidade das flores", como é conhecido o município da região metropolitana de Campinas (a 93 km de SP).
Desde os pórticos de entrada e os pontos turísticos da cidade, como o moinho de vento holandês, cartazes de "Hup Holland Hup" e "Brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" estão espalhados pelos postes.
O clima de festa da cidade, que montou uma estrutura com telão, barracas de comida e bebida e até chuva de papel picado verde, amarelo e laranja para transmitir todos os jogos de Brasil e Holanda durante a Copa, fez com que turistas e moradores de cidades vizinhas escolhessem Holambra para assistir ao jogo.
Por volta das 16h30, pouco antes do início da partida, cerca de 300 estavam no local, que chega a reunir mais de 3.000 pessoas –o equivalente a um quarto da população da cidade.
"Viemos de Valinhos para cá ver o jogo mais como forma de protesto, por causa do 7 a 1", diz Débora Nascimento Leite, 50, sobre a goleada histórica sofrida pelo Brasil contra a Alemanha, nas semifinais, na terça (8).
"Doeu na alma. Como diz a música do Caetano, estamos todos feridos 'no corpo, na alma e no coração", afirma a diretora de faculdade que levou o filho, a mãe e dois sobrinhos para Holambra.
O filho de Débora, Mateus Calmon, 16, vestiu o segundo uniforme da Holanda, na cor azul, para torcer pela seleção europeia. "Eu estou na cidade dos holandeses, vim só para ver o jogo, então eu vou torcer para eles", diz Alexandre, que até o jogo contra a Alemanha torceu para o Brasil.
O primo Alexandre Barreto, 30, torceu contra a seleção brasileira desde o início. "Estou torcendo contra ao Brasil a Copa inteira. As pessoas perderam o foco do que o Brasil precisa, das lutas que começaram em junho do ano passado. "O país precisa de saúde, educação, segurança", diz o analista de sistemas.
João Donizeti Zanete, 58, aproveitou o sábado para mostrar a cidade aos primos, que vieram de São Paulo. "Tem que torcer pro Brasil, né?", diz João, que mora na vizinha Cosmópolis e trabalha em Holambra com terraplanagem. "Brasil e Holanda é uma família. Tenho muitos amigos descendentes de holandeses."
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