Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/04/2008 - 07h21

Análise: Americano amargo (e apegado)

LUCAS MENDES
da BBC, em Nova York

Em março Barack Obama estava 20 pontos atrás de Hillary Clinton nas previsões da decisiva primária da Pensilvânia. Uma vitória da senadora com grande margem e ela continua no páreo. Uma derrota ou vitória com margem mínima, bye bye Hillary.

Os números recentes apontavam na direção do adeus da dama, com a média das pesquisas abaixo de 8%. Mas ela deu sorte. O senador foi a San Francisco, capital do liberalismo americano, reforçar ainda mais seus cofres num recinto fechado com um grupo de ricos e sem a presença da imprensa.

Sua campanha não sabia que entre eles estava infiltrada uma repórter do blog da Arianna Hunffington --The Huffington Post--, uma milionária blogueira com uma das redações mais furonas da praça. Uma repórter do blog gravou o "pla" do senador num telefone celular.

Desde sexta o país não parou de ouvir a gravação que é pouco clara e tem ruídos, mas todas as palavras estão lá e perseguem Barack Obama.

Ele disse: "Você vai nestas pequenas cidades da Pensilvânia e em muitas outras do meio oeste onde os empregos sumiram há 25 anos e nunca foram substituídos... Ambas administrações, de Clinton e Bush, prometeram que estas comunidades iam se recuperar, e não aconteceu. Não é surpresa que as pessoas se tornaram amargas e se apegam a armas, religião, antipatia por gente diferente deles, como imigrantes, ou a sentimentos contra acordos comerciais para compensar suas frustrações".

Amargos e apegados? Qual dos dois adjetivos é o pior?

Numa frase ele conseguiu insultar quase toda a população americana das cidades pequenas, os menos afluentes, os que acreditam em religião, os que têm armas, e os que não querem acordos comerciais e não gostam de imigrantes nem de gente diferente deles.

Estes são os eleitores que, com exceção do Wisconsin, Barack Obama não conseguiu conquistar, mas estava fazendo progresso na Pensilvânia.

As pancadas vêm de todos os lados. Na interpretação dos críticos, em especial de Hillary Clinton e John McCain, Barack Obama é um elitista e acha que o americano mais pobre e não urbano é incapaz de distinguir as verdadeiras questões da campanha e se apega a religião e armas por ignorância e não por convicção.

Desde então ele não pára de se corrigir e se desculpar com as clássicas variações do "me expressei mal, fui infeliz na escolha de palavras". Não sou elitista nem condescendente, etc.

Hillary Clinton saiu ferida quando inventou que tinha corrido de balas de franco-atiradores na Bósnia em 1996. Agora a besteira dela foi temporariamente esquecida e o fogo está aberto em Barack Obama. Vai ferir.

O senador Barack Obama pode pensar que o americano pobre das pequenas cidades é ignorante sobre questões sócio-econômicas e que está amargo e apegado a Deus, às armas e a outros interesses imediatos e egoístas porque está desempregado ou pobre.

Barack Obama pode pensar assim, como pode até cochichar a frase no ouvido da mulher Michele às três da manhã mas, em público? Uma semana antes de uma eleição que podia garantir a indicação dele pelo partido? Patetice. Na próxima terça talvez fique tão amargo quanto a boa gente do interior americano.

Comentários dos leitores
hugo chavez (262) 11/01/2010 22h49
hugo chavez (262) 11/01/2010 22h49
As "autoridades" de imigração dos eua encobriram maus-tratos a estrangeiros e falta de atendimento médico nos casos de detidos mortos na prisão nos últimos anos, denunciou o jornal "The New York Times". A informação é parte do conteúdo de documentos internos e confidenciais obtidos pela publicação e a ONG União Americana de Liberdades Civis. Ambos se acolheram a uma lei de transparência que obriga à divulgação deste tipo de informação pelo governo. Os documentos mencionam os casos de 107 estrangeiros que morreram nos centros de detenção para imigrantes desde outubro de 2003. "Certos funcionários, alguns deles ainda em postos-chave, usaram seu cargo para ocultar provas de maus-tratos, desviar a atenção da imprensa e preparar declarações públicas com desculpas, após ter obtido dados que apontavam os abusos". É mais uma da "democracia" estadounidense que vive apontando o dedo para os outros. Quanto tempo e quantas patifarias ainda faltam para que alguns reconheçam que "liberdade e democracia" são MITOS nos eua. Ali acontece todo o tipo de manipulação, tortura, conchavo, tráfico, suborno, violência, abuso, enfim, toda a sorte de patifarias. Os eua estão mergulhados no mais profundo colapso em TODOS os sentidos. Não dá mais para encobrir que eles não se diferenciam em nada de TODOS os regimes que criticam, mas, como tem o poder das armas e são totalmente influenciados pela doutrina nazi sionista racista e fascista, são os maiores e verdadeiros grandes TERRORISTAS do mundo. São os condutores das maiores mazelas nos 4 cantos e o povo estadounidense precisa recuperar o poder e realmente conseguir resgatar sua Nação. Para começar, é preciso ter presidentes de verdade e não fantoches de 2 partidos que têm os mesmos "senhores", o sionismo internacional. Vivemos um momento decisivo onde devemos apoiar a Resistência mundial e lutar para derrubar o eixo que venceu o outro eixo na 2ª guerra e construir um mundo livre voltado para o socialismo do século XXI. Não ao capitalismo e ao comunismo, duas faces da mesma moeda controladas pelos sionismo. sem opinião
avalie fechar
Luciano Edler Suzart (40) 09/10/2009 10h20
Luciano Edler Suzart (40) 09/10/2009 10h20
A situação é periclitante, se antigamente se concedia o Nobel da Paz a quem de algum modo, plantava a paz no mundo, hoje (dada a escassez de boa fé geral) se concede o prémio a quem não faz a guerra... Como diria o sábio Maluf: "Antes de entrar queria fazer o bem, depois que entei, o máximo que conseguí foi evitar o mal"
Só assim pra se justificar esse Nobel a Obama, ou podemos ver como um estímulo preventivo a que não use da força bélica que lhe está disponível contra novos "Afeganistões" do mundo.
1 opinião
avalie fechar
honório Tonial (2) 16/05/2009 21h47
honório Tonial (2) 16/05/2009 21h47
Considero ecelente vosso noticiario. Obrigado, aos 83 anos de mnha vida, 8 opiniões
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (2850)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página