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17/01/2008 - 22h36

Busca em assentamento cria clima de tensão entre polícia e MST no RS

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SIMONE IGLESIAS
da Agência Folha, em Porto Alegre

O cumprimento de um mandado judicial de busca e apreensão em um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Pontão (324 km de Porto Alegre), causou tensão hoje e por pouco não se transformou em conflito armado entre sem-terra e policiais.

O assentamento Nova Sarandi foi cercado ainda de madrugada por 700 policiais militares e cem policiais civis, determinados a procurar objetos que teriam sido furtados por integrantes do movimento na segunda-feira, durante invasão do MST à fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul (315 km de Porto Alegre).

Os donos da fazenda registraram ocorrência do furto de um anel, um relógio de pulso, aparelhos de som, máquina fotográfica e pneus de tratores.

A Justiça local concedeu mandado de busca e apreensão no assentamento, antiga fazenda Anoni, onde ocorre desde segunda-feira o encontro estadual do MST, que reúne 1.200 pessoas.

O clima começou a ficar tenso por volta das 8h, quando policiais ameaçaram invadir o assentamento, já que os sem-terra não liberavam a entrada. Os militantes montaram um paredão com pneus e atearam fogo ao material, dificultando a ação policial.

Foram três tentativas de acordo em sete horas, em negociações entre comandantes das polícias Militar, Civil e Federal, coordenadores do MST e da Secretaria da Segurança do Rio Grande do Sul.

Às 14h30, o sub-comandante geral da Brigada Militar, tenente-coronel Paulo Mendes, deu ordem de invasão aos policiais. Quando a tropa estava entrando, o MST aceitou uma última tentativa de negociação para vistoria pacífica.

Apenas 70 policiais puderam entrar. Após revistar as casas do local e 17 ônibus, não encontraram os objetos supostamente furtados.

"Abuso de poder"

O coordenador do assentamento, Claudir Gaiardo, afirmou que o envio de 700 policiais para cercar a área demonstrou "abuso de poder" pelo governo do Estado. "Somos tratados como bandidos. A operação foi desproporcional ao fato que embasou o mandado."

O ouvidor da Secretaria da Segurança do Estado, Adão Paiani, afirmou que as negociações foram difíceis e que "por pouco não houve conflito de grandes proporções."

"Chegamos ao ponto de quase desistir do acordo. Nenhum governo em sã consciência quer conflito, mas tínhamos que cumprir a ordem judicial. Venceu o bom senso", disse.

Pela manhã, outros dois acampamentos do MST localizados nas imediações da fazenda Coqueiros foram vistoriados pela polícia. Não houve confronto. Houve apreensão de uma espingarda, uma motosserra e um esmerilhador.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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