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18/01/2007
-
08h13
da Folha Online
A chuva que atingiu a cidade de São Paulo na madrugada desta quinta-feira atrasou o resgate do microônibus soterrado desde o último dia 12, quando foi engolido pela cratera deixada pelo desabamento nas obras da estação Pinheiros do metrô (zona oeste).
Segundo o Corpo de Bombeiros, os trabalhos chegaram a ser interrompidos durante a madrugada devido ao risco de novos deslizamentos de terra. As equipes tentam arrastar o ônibus, amarrado a um cabo de aço, por um túnel. O microônibus está soterrado na área onde, antes, havia um fosso usado pelos operários para acessar o subterrâneo da obra. Do fosso, partem dois túneis por onde irão trafegar os trens do metrô.
O capitão Mauro Lopes, dos bombeiros, afirmou na quarta-feira (17) que o microônibus está "retorcido" e foi "comprimido" pela terra e por rochas, o que dificulta o trabalho. Duas cadelas farejadoras auxiliam os trabalhos de busca.
O objetivo das equipes era retirar o microônibus na quarta, quando o capitão disse que as equipes conseguiram puxar o veículo por mais alguns metros, na direção de um dos túneis. Nesta quinta, os trabalhos teriam evoluído em mais um metro. Os trabalhos são lentos. O local está cheio de lama, o que torna a situação perigosa para as equipes.
Entre a madrugada de segunda (15) e esta quarta-feira, três corpos foram retirados dos escombros. Ao menos três pessoas ainda estão sob a terra, todas ocupantes do microônibus.
Apesar de o veículo ser visualizado, os bombeiros ainda não conseguiram observar quantas pessoas estão dentro dele. Os bombeiros dizem que sentiram "odores muito fortes" e puderam perceber traços de sangue no microônibus. Afirmam, também, que as equipes estão preocupadas em preservar ao máximo a integridade dos corpos.
Resgate
O terceiro corpo retirado dos escombros foi do motorista de caminhão Francisco Sabino Torres.
A primeira vítima localizada, a aposentada Abigail de Azevedo, 75, foi retirada dos escombros na segunda-feira (15). Na noite de terça, os bombeiros resgataram o corpo da bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37. Marmit foi retirada da parte traseira do microônibus.
No veículo, ainda sob a terra, estão o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, e o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22. Seriam passageiros o funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31, e o office-boy Cícero Augustino da Silva, 60. Apesar de o veículo já ter sido localizado, o resgate ainda não pôde ser feito.
A Secretaria da Segurança Pública não inclui o office-boy na lista das vítimas do desabamento. Isso porque, segundo o governo estadual, ainda é verificado se ele estava na região no momento do acidente. Familiares, no entanto, afirmam que na tarde da última sexta Cícero deixou o trabalho, na região de Pinheiros, e seguia para casa, também na zona oeste, quando desapareceu.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, afirmou que as conseqüências do acidente poderiam ser reduzidas, caso um plano de contingência tivesse sido elaborado. O plano deveria prever o isolamento das áreas afetadas pelas obras do metrô.
Causas
O canteiro de obras que desabou era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis. O que desmoronou havia sido inaugurado há cerca de um ano, segundo informações do governo do Estado. O acidente ampliou o buraco, que passou a ter cerca de 80 metros de diâmetro.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológica) foi acionado pelo governo estadual para fazer um laudo sobre as causas do acidente.
No fim de semana, o Consórcio Via Amarela responsabilizou a chuva das últimas semanas pelo desabamento. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), responsabilizou as chuvas e o processo de engenharia pelo acidente. Ele, porém, não apontou culpados. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO, da Folha Online
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Chuva atrasa resgate de microônibus soterrado em obra do metrô
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A chuva que atingiu a cidade de São Paulo na madrugada desta quinta-feira atrasou o resgate do microônibus soterrado desde o último dia 12, quando foi engolido pela cratera deixada pelo desabamento nas obras da estação Pinheiros do metrô (zona oeste).
Segundo o Corpo de Bombeiros, os trabalhos chegaram a ser interrompidos durante a madrugada devido ao risco de novos deslizamentos de terra. As equipes tentam arrastar o ônibus, amarrado a um cabo de aço, por um túnel. O microônibus está soterrado na área onde, antes, havia um fosso usado pelos operários para acessar o subterrâneo da obra. Do fosso, partem dois túneis por onde irão trafegar os trens do metrô.
O capitão Mauro Lopes, dos bombeiros, afirmou na quarta-feira (17) que o microônibus está "retorcido" e foi "comprimido" pela terra e por rochas, o que dificulta o trabalho. Duas cadelas farejadoras auxiliam os trabalhos de busca.
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem |
Tapumes isolam parte de cratera deixada pelo desabamento nas obras do metrô |
O objetivo das equipes era retirar o microônibus na quarta, quando o capitão disse que as equipes conseguiram puxar o veículo por mais alguns metros, na direção de um dos túneis. Nesta quinta, os trabalhos teriam evoluído em mais um metro. Os trabalhos são lentos. O local está cheio de lama, o que torna a situação perigosa para as equipes.
Entre a madrugada de segunda (15) e esta quarta-feira, três corpos foram retirados dos escombros. Ao menos três pessoas ainda estão sob a terra, todas ocupantes do microônibus.
Apesar de o veículo ser visualizado, os bombeiros ainda não conseguiram observar quantas pessoas estão dentro dele. Os bombeiros dizem que sentiram "odores muito fortes" e puderam perceber traços de sangue no microônibus. Afirmam, também, que as equipes estão preocupadas em preservar ao máximo a integridade dos corpos.
Resgate
O terceiro corpo retirado dos escombros foi do motorista de caminhão Francisco Sabino Torres.
Victor R. Caivano/AP |
Equipes trabalham em cratera deixada pelo desabamento nas obras da linha 4 do metrô |
A primeira vítima localizada, a aposentada Abigail de Azevedo, 75, foi retirada dos escombros na segunda-feira (15). Na noite de terça, os bombeiros resgataram o corpo da bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37. Marmit foi retirada da parte traseira do microônibus.
No veículo, ainda sob a terra, estão o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, e o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22. Seriam passageiros o funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31, e o office-boy Cícero Augustino da Silva, 60. Apesar de o veículo já ter sido localizado, o resgate ainda não pôde ser feito.
A Secretaria da Segurança Pública não inclui o office-boy na lista das vítimas do desabamento. Isso porque, segundo o governo estadual, ainda é verificado se ele estava na região no momento do acidente. Familiares, no entanto, afirmam que na tarde da última sexta Cícero deixou o trabalho, na região de Pinheiros, e seguia para casa, também na zona oeste, quando desapareceu.
André Porto/Folha Imagem |
As cadelas farejadoras dos bombeiros, Anny e Dara(ao fundo), auxiliam as buscas |
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, afirmou que as conseqüências do acidente poderiam ser reduzidas, caso um plano de contingência tivesse sido elaborado. O plano deveria prever o isolamento das áreas afetadas pelas obras do metrô.
Causas
O canteiro de obras que desabou era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis. O que desmoronou havia sido inaugurado há cerca de um ano, segundo informações do governo do Estado. O acidente ampliou o buraco, que passou a ter cerca de 80 metros de diâmetro.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológica) foi acionado pelo governo estadual para fazer um laudo sobre as causas do acidente.
No fim de semana, o Consórcio Via Amarela responsabilizou a chuva das últimas semanas pelo desabamento. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), responsabilizou as chuvas e o processo de engenharia pelo acidente. Ele, porém, não apontou culpados. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO, da Folha Online
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