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25/11/2002 - 18h37

Delegado propõe "medida de segurança" para acusado de matar avó

LÍVIA MARRA
da Folha Online

O delegado Olavo Reino Francisco, da Delegacia Seccional Sul, afirma que deveria ser aplicada "medida de segurança" no caso do estudante Gustavo de Macedo Pereira Napolitano, 22, preso sob acusação de assassinar a avó e a empregada da família a facadas. O crime ocorreu neste domingo, no Planalto Paulista, bairro de classe média alta da zona sul de São Paulo.

Segundo o delegado, o acusado tem um "distúrbio de personalidade" e pode voltar a praticar outros crimes.

Pela "medida de segurança", o acusado fica em tratamento durante o período em que cumpre pena.

"[A medida de segurança] evita que se cometam esses crimes", disse o delegado, sobre os assassinatos de Vera Kuhn de Macedo Pereira, 73, e a empregada Cleide Ferreira da Silva, 20. Elas foram mortas a facadas.

Francisco afirma que deve pedir à Justiça que decrete "medida de segurança" para isolar o acusado.

Napolitano confessou ontem ser autor das duas mortes que, segundo a polícia, foram motivadas pelo uso "exagerado" de cocaína. Segundo a Polícia Civil, ele consumiu 26 papelotes de cocaína -aproximadamente 26 gramas- na madrugada deste domingo, quando ocorreram os assassinatos.

A quantidade é excessiva. Segundo a polícia, o usuário pode sofrer overdose com oito gramas da droga.

O advogado Eduardo Cesar Leite, que defende o acusado, admite que o rapaz "tem alguns problemas", ainda está "completamente perturbado" e precisa de tratamento.

Napolitano abandonou o curso de direito há aproximadamente dois meses. Segundo a polícia, o acusado é usuário de drogas há aproximadamente seis anos e já esteve internado para tratamento.

Atualmente, tomava antidepressivo e ansiolítico.

Como foi
Na madrugada deste domingo, Napolitano esteve na favela da rua Mauro, Jabaquara, também zona sul, para trocar um aparelho de som e uma TV por seis papelotes de cocaína (cada papelote tem um grama da droga).

Retornou para casa e saiu novamente, levando seu carro, um Gol, para trocar por outros 55 papelotes de cocaína na mesma favela.

De acordo com a polícia, após adquirir a droga, ele voltou para casa e matou a avó com uma facada na garganta, por volta da 1h30. Depois, virou o corpo e deu outros golpes. Uma espada com marcas de sangue foi encontrada ao lado da cama da avó, mas a polícia afirma que apenas a faca foi utilizada no crime. Vera se locomovia apenas com ajuda de uma cadeira de rodas.

O estudante permaneceu na casa e, por volta das 7h, esfaqueou também a empregada, que entrava para servir o café-da-manhã.

Segundo a polícia, Cleide Ferreira da Silva, 20, que estava há quatro meses no emprego, foi morta na cozinha, e seu corpo, arrastado até um banheiro da casa.

Por volta das 10h, o rapaz voltou à favela e tentou trocar outro carro da família, um Vectra, mas o traficante não teria concordado. Segundo o delegado Francisco, o alto consumo de cocaína, que deixou Napolitano cambaleante, teria motivado o traficante a não concordar com a nova troca.

Novamente em sua residência, Napolitano recebeu um telefonema de sua mãe, Vera de Macedo Pereira, com quem conversou, mas não falou do crime. Foi Vera quem encontrou os dois corpos, ao chegar de uma viagem.

Adriano Campelo da Silva, 25, acusado de ser o fornecedor das drogas também foi preso e responderá por tráfico. Napolitano foi autuado por duplo homicídio qualificado e tráfico (por causa da grande quantidade de cocaína que havia adquirido).

Ainda em crise de abstinência, Napolitano tem chorado muito na delegacia.

Quando foi detido, disse à polícia que traficantes haviam cometido o crime por vingança.

"Ele disse que dois traficantes foram até sua casa e fizeram barbaridades com sua família. Disse que tinha levado um aparelho de som para trocar por três papelotes de cocaína na favela e que os traficantes foram até sua casa porque o som não funcionou", disse o delegado Luiz Antônio Pinheiro, do GOE (Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil).

Pinheiro afirma que o acusado "não conseguia quase ficar em pé". Napolitano sustentou a versão até a polícia argumentar alguns indícios contra ele.

Não havia sinais de arrombamento na casa e o cachorro da família estava preso -segundo depoimentos, somente Napolitano prendia o cachorro na casa. Além disso, seu pés estavam manchados com sangue e seu corpo apresentava arranhões, provavelmente em uma reação da empregada.

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