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 Dia 29.08.02

     

 

"Gilberto, você está fora da realidade", critica leitor

Sou seu leitor/ouvinte deste os tempos de correspondente em Brasília e NY e tenho profundo respeito e admiração por seu trabalho e idéias, mas sua coluna "Para Maluf, a culpa é da vítima" mostra o quão distante você está da realidade vivida pelo professor na linha de frente.

Não sou professor, mas marido de uma dedicada professora do ensino médio, com 16 anos de magistério e que ama sua profissão mas que tem comido o-pão-que-o-diabo-amassou por causa da progressão continuada.

"... classes com poucos alunos, professores que utilizem um currículo conectado à realidade, muita experimentação nos laboratórios, leitura em bibliotecas informatizadas..." é exatamente o que a escola pública paulista não é. Não se pode cobrar dos professores acompanhamento e monitoração individualizada sem que lhes dêem os meios para isto, na forma de treinamento, recursos e remuneração.

A progressão continuada não é instrumento pedagógico e sim alimento de estatísticas para os burocratas da educação justificarem o dinheiro investido com aprovações maciças, tão danosas quanto as reprovações maciças.

A progressão continuada da forma como está sendo aplicada em SP, serve apenas para desestimular o aluno que tem algum interesse em aprender e se desenvolver, pois fazendo ou não esforço ele estará aprovado assim como o malandro que está na escola apenas para vender drogas. A ameaça da repetência, ou pelo menos a exigência por resultados tira um pouco da boa vida daquele que não quer estudar.

Além disto a progressão continuada tirou do professor um forte instrumento de disciplina. Foi exatamente este nivelamento por baixo que levou o ensino publico de SP ser avaliado como um dos piores do Brasil.

Desqualificar o pleito dos professores por defenderem a mesma tese de Maluf, no meu modo de ver é maniqueísmo. Isto não quer dizer que estejam do mesmo lado, nem tão pouco pelos mesmos motivos. (Confesso desconhecer as razões de Maluf, mas conheço bem as razões dos professores).

A escola pública não pode ter o papel de substituta das carências familiares pois o professor não é assistente social. Acredito que a educação e a formação de cidadãos conscientes é o caminho para diminuir a miséria do Brasil, mas a progressão continuada não é a resposta para isto.

Não sei qual a melhor forma de resolver esta questão, não sou especialista nem estudioso da educação como você. No entanto, acredito que os professores estão dispostos a fazer o melhor, com dedicação e dignidade, e assim resgatar alguns dos milhões de marginalizados e desesperançados. É nos que tem o desejo de melhorar e aprender que deve ser dado o foco, até mesmo pelo pouco recurso financeiro disponível.

Ronaldo Perrella

 

 
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