Inserção
precoce prejudica futuro profissional
Raquel
Souza
Equipe
GD
Os jovens
que precisam entrar precocemente no mercado de trabalho para
complementar a renda familiar têm menos chances de obter
um emprego com melhor remuneração e com maiores
garantias trabalhistas. Essa faceta contraditória da
inserção de jovens no mundo do trabalho foi
constatada por uma pesquisa divulgada, no último dia
10, pela Unicamp.
A pesquisa
de mestrado, realizada pelo economista Cleber Luiz Lourenço,
constatou que, de maneira geral, os jovens que se inserem
precocemente no mercado são também aqueles que
pertencem a famílias em que o chefe possui pouca escolarização,
têm uma renda menor e não possui carteira assinada.
Para completar o perfil do "filão de marginalizados",
eles são do sexo masculino e tem entre 15 e 19 anos.
Os dados,
com base na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio)
do IBGE, confirmam que as chances de se obter um trabalho
com registro em carteira aumentam, em média, 20% (nos
homens) e 10% (nas mulheres) para quem tem mais de 20 anos.
No caso do Nordeste essa porcentagem chega aos 28%, no caso
masculino.
Ou seja,
aqueles que começam a trabalhar prematuramente ocupam,
às vezes, postos de trabalho informal ou que oferecem
poucas garantias trabalhistas. "O problema é que,
a possibilidade de cada indivíduo adiar sua entrada
no mundo do trabalho, assim como de encontrar melhores oportunidades
de emprego, remete a análise às condições
sócio econômicas de origem desse jovem",
esclarece Lourenço.
Além
disso, é no grupo com menor faixa etária que
se verifica os maiores índices de trabalho não
remunerado. No Brasil, 12,9 de homens e mulheres com até
19 anos são trabalhadores não remunerados. A
porcentagem cai para 3% para o grupo com até 24 anos.
Intitulado
"Características da Inserção Ocupacional
dos Jovens no Brasil", a pesquisa monitorou a inserção
da população juvenil (de 15 a 24 anos) de acordo
com sua condição de atividade - ocupados, desempregados
e inativos - em toda década de 90.
Para diminuir
esse foço de desigualdades, Lourenço apóia
as políticas de primeiro emprego como o bolsa-trabalho
e o trabalhador aprendiz. Mas esclarece que são medidas
paliativas e que só resolvem o problema no curto prazo.
"Sem crescimento econômico não há
geração de emprego. É preciso um desenvolvimento
que possibilite a inserção social das pessoas
através do emprego", finaliza.
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