Mulheres
e negros ainda são discriminados no mercado de trabalho
Rodrigo Zavala
Equipe GD
O mercado de
trabalho de São Paulo discrimina mulheres e negros. É
o que constata mais um estudo sobre o perfil racial do emprego,
desta vez realizado pela Fundação Sistema Estadual
de Análise de Dados (Seade) tendo como base o ano de 2000.
De acordo com
a pesquisa, o chefe de família não-negro recebe um
salário médio mensal de R$ 1.236, seguido pela mulher
não-negra, que recebe em média R$ 765. Já o
rendimento médio do homem negro é de R$ 639 e, para
as mulheres negras, de apenas R$ 412.
A desigualdade
racial e de gênero não pára por aí, principalmente
no que se trata das mulheres negras. Em cargos de direção
e planejamento, elas ocupam apenas 4,3% das vagas, enquanto entre
as ocupadas não-negras esse percentual atinge 16,6%. Porém,
em cargos de apoio e que não pedem qualificação
(serviços domésticos e afins), as negras representam
quase 30,8% do total, segmento no qual as não-negras não
chegam a 14%.
O desemprego
também atinge mais as negras. Apesar do nível de desemprego
ter crescido nos últimos anos para todos, o aumento foi mais
expressivo entre as mulheres afro-descendentes, que, sozinhas, representam
20,3% do total de desempregados. Vale lembrar que elas formam apenas
14% do População Economicamente Ativa.
Os dados mostrados
na pesquisa não são novos, segundo Maria da Penha
Lopes Guimarães, presidente da Comissão do Negro e
de Assuntos Anti-discriminatórios da Ordem dos Advogados
do Brasil (Conad-OAB). "Há anos são divulgados
estudos apontando os mesmos dados. Só que nunca foi elaborada
qualquer política pública para revertê-los",
critica.
A advogada acredita
que ações governamentais possam melhorar a situação
do negro no mercado de trabalho. "O governo poderia promover
indicadores de promoção de afro-descendência
nas empresas, antes de autorizar qualquer incentivo fiscal ou empréstimos.
Poderia também adotar cotas para alunos negros no Ensino
Superior", defende.
A pesquisa tem
a intenção de contribuir para os debates que ocorrerão
na III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação
Racial, Xenofobia e Formas Conexas de Intolerância, promovida
pela ONU, que será realizada na África do Sul, entre
31 de agosto e 7 de setembro.
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