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27/02/2007 - 12h46

Temor de desaquecimento econômico derruba Bolsas mundiais

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VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

A expectativa de que a China venha a introduzir medidas para regular o mercado financeiro na sessão anual do Congresso na próxima semana fez com que a Bolsa de Xangai despencasse 8,8% nesta terça-feira. O efeito se espalhou pela Ásia, atingiu as Bolsas européias, chegou a Wall Street e atinge até a Bovespa.

Segundo o diário chinês "China Daily", o governo irá introduzir medidas para taxar os ganhos de capital no país --uma forma de conter os investimentos em produção e no mercado imobiliário no país. A China já criou diversas restrições para controlar os aportes de investimentos no país, na tentativa de controlar uma economia que, no ano passado, mesmo com as restrições já adotadas, cresceu 10,7%.

As quedas nas Bolsas asiáticas ainda foram potencializadas por fatores localizados, mas a queda na Bolsa de Xangai foi o fator de maior peso. A menor queda na região foi a registrada na Bolsa de Tóquio, de 0,52%.

Nos EUA, além do impacto da queda na China, o indicador de pedidos de bens duráveis também desanima os negócios em Wall Street hoje. O indicador teve queda de 7,8% em janeiro. Às 12h42 (em Brasília), o índice Dow Jones Industrial Average tinha queda de 0,94%, enquanto o S&P 500 caía 1%, e a Bolsa Nasdaq perdia 1,40%. Nas Bolsas européias, o temor de uma desaceleração econômica mundial também causa perdas substanciais: O índice FTSE, da Bolsa de Londres, tinha queda de 2,42%. A Bolsa de Frankfurt caía 2,22% e o índice CAC, da Bolsa de Paris, caía 2,93%.

Na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), o principal índice da Bolsa --o Ibovespa-- recua 3,74%, indo para 44.480 pontos.

Entre os riscos levados em conta pelos investidores europeus estão o receio de que as Bolsas --na Ásia, na Europa e nos EUA, que têm registrado resultados recordes nas últimas semanas-- tenham chegado a um pico, e que a esta altura o mercado já esteja sobrevalorizado.

Também causam preocupação as tensões cada vez maiores entre Irã e EUA, devido ao programa nuclear do país persa --que o ministro de Relações Exteriores do Irã, Ehehr Mottaki, disse que "nunca" será suspenso. Ontem os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da ONU (Organização das Nações Unidas) e da Alemanha decidiram que irão elaborar uma nova resolução para obrigar o Irã a parar o programa.

Além desse --e do Iraque--, há outros focos de tensão sobre os EUA no Oriente Médio: no Afeganistão, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, escapou ileso de um ataque suicida contra a base aérea de Bagram, a 60 km de Cabul (capital do país). O Taleban [grupo que controlava 90% do até 2001, quando foi deposto por ação militar dos EUA na invasão ao país] assumiu a autoria do ataque. "Nós desejávamos atingir Cheney", afirmou à agência Reuters o porta-voz do Taleban, mulá Hayat Khan, por telefone.

Mesmo com o temor de que novas sanções possam levar o Irã (segundo maior exportador da Opep) a adotar restrições ao fornecimento de petróleo e com a expectativa de redução de estoques nos EUA, o preço do petróleo registra queda hoje. O movimento pode ser uma reação às previsões de que a economia mundial venha a sofrer um processo de desaquecimento no curto-prazo. A previsão mais recente foi a que fez o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Alan Greenspan.

Segundo Greenspan, em reportagem de ontem do "The Wall Street Journal", a economia americana vem se expandindo desde 2001, mas já há sinais de que o atual ciclo econômico está chegando ao fim. "Quando nos distanciamos tanto de uma recessão, invariavelmente algumas forças começam a se acumular para a próxima recessão, e, de fato, estamos começando a ver sinais."

Um desses sinais seriam as "margens de lucro (que) começaram a se estabilizar, o que é um sinal precoce de que estamos nos estágios finais de um ciclo [de expansão]". Embora tenha reconhecido que previsões para um futuro muito distante pode ser "bastante falhas", ele disse que não se pode descartar a possibilidade de uma recessão no fim deste ano.

Restrições

No último dia 16, o Banco do Povo da China (banco central chinês) determinou uma nova elevação do depósito compulsório (montante de dinheiro que os bancos devem deixar imobilizado no banco central) para 10% dos depósitos dos bancos do país --foi a segunda elevação só neste ano.

No ano passado, o Banco Popular da China (banco central do país) elevou sua taxa de juros duas vezes, em abril e em agosto, em 0,27 ponto percentual em ambas as ocasiões, a fim de 'conter a demanda por empréstimos de longo prazo e a expansão muito rápida de investimentos em ativos fixos' (a taxa do banco hoje está em 6,12%).

O governo chinês também impediu investidores estrangeiros de comprar residências que não sejam para seu uso particular e teriam de pedir aprovação do governo para a transferência de propriedades, devido à destinação dos créditos concedidos nessa área --que vinham sendo direcionados para construções de luxo e outros projetos considerados desnecessários pelo governo (o que poderia causar problemas no sistema bancário em caso de inadimplência por parte das construtoras).

Os investimentos no setor imobiliário cresceram 21,8% no ano passado (0,9 ponto percentual acima do registrado em 2005).

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