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09/05/2007
-
09h34
VALDO CRUZ
CLAUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que nenhum "negócio novo" será fechado com a Bolívia e que convênios assinados serão congelados até que seja solucionada de forma favorável a questão das refinarias da Petrobras no país.
Lula queixou-se com assessores de que não prevalece a "lógica" nas negociações com o presidente Evo Morales, que apoiou nas eleições, e que sua paciência com o colega boliviano chegou "ao limite".
Lembrou que, depois de uma conversa "dura" com Morales na Venezuela, no mês passado, ele havia prometido mudar seu comportamento. A nova crise, segundo Lula, mostra que de pouco adiantou a política de boa vizinhança brasileira, de um país mais rico tentando ajudar um vizinho mais pobre.
Segundo a Folha apurou, a ordem no Planalto é que não só a Petrobras mas outros órgãos do governo não fechem negócios com a Bolívia até a solução da crise. Foi cancelada, por exemplo, reunião no final do mês para definir produtos bolivianos que o Brasil importaria para ajudar o vizinho.
Desde 2003, Lula assinou 23 acordos de cooperação com a Bolívia, sete na última visita do boliviano a Brasília, em fevereiro. Esses convênios vão ficar congelados até que os dois governos cheguem a um entendimento. Entre outros, será suspenso o convênio que prevê a construção de uma ponte sobre o rio Acre que seria paga com recursos do governo do Acre e assistência do governo federal.
Por enquanto, o governo não definiu se pretende adotar alguma retaliação comercial, como tarifas. Hoje cerca de 90% do comércio com a Bolívia é livre de taxas, já que o país é membro associado do Mercosul e pediu a adesão plena.
O Brasil avalia, porém, que o endurecimento em seu discurso pode levar a uma solução negociada. Está prevista para hoje reunião em La Paz entre representantes da YPFB (estatal boliviana) e da Petrobras.
Ao contrário de outras crises, quando Lula negociava direto com Morales, o brasileiro evita agora contato com o colega para sinalizar sua contrariedade. Ontem, Lula endossou declarações da véspera do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e disse que o Brasil poderá recorrer à Justiça internacional caso não haja acordo sobre o pagamento de duas refinarias da estatal na Bolívia.
"Se não for pago, nós temos que ir à Justiça internacional para rever os direitos da empresa", disse Lula. Segundo ele, a Petrobras quer apenas um "preço justo" pelas refinarias.
A Bolívia quer pagar US$ 70 milhões, mas a Petrobras acha que valem US$ 215 milhões, embora deva aceitar menos.
No final de semana, o governo brasileiro foi surpreendido com um decreto boliviano que retira da Petrobras o direito de exportação do petróleo cru reconstituído e fixa o preço do barril desse produto abaixo do mercado. Na prática, a medida tira a rentabilidade das duas refinarias da Petrobras no país.
O agendamento da reunião de hoje entre Petrobras e YPFB fez o Brasil moderar o tom. O que anteontem mereceu uma reação de "consternação e desapontamento" foi tratado ontem como mera questão comercial. Segundo o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), na reunião será esclarecida a posição da Petrobras em relação à indenização que deverá ser paga pelo governo boliviano para nacionalizar as duas refinarias.
Colaboraram Eduardo Scolese e Humberto Medina, da Sucursal de Brasília
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CLAUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que nenhum "negócio novo" será fechado com a Bolívia e que convênios assinados serão congelados até que seja solucionada de forma favorável a questão das refinarias da Petrobras no país.
Lula queixou-se com assessores de que não prevalece a "lógica" nas negociações com o presidente Evo Morales, que apoiou nas eleições, e que sua paciência com o colega boliviano chegou "ao limite".
Lembrou que, depois de uma conversa "dura" com Morales na Venezuela, no mês passado, ele havia prometido mudar seu comportamento. A nova crise, segundo Lula, mostra que de pouco adiantou a política de boa vizinhança brasileira, de um país mais rico tentando ajudar um vizinho mais pobre.
Segundo a Folha apurou, a ordem no Planalto é que não só a Petrobras mas outros órgãos do governo não fechem negócios com a Bolívia até a solução da crise. Foi cancelada, por exemplo, reunião no final do mês para definir produtos bolivianos que o Brasil importaria para ajudar o vizinho.
Desde 2003, Lula assinou 23 acordos de cooperação com a Bolívia, sete na última visita do boliviano a Brasília, em fevereiro. Esses convênios vão ficar congelados até que os dois governos cheguem a um entendimento. Entre outros, será suspenso o convênio que prevê a construção de uma ponte sobre o rio Acre que seria paga com recursos do governo do Acre e assistência do governo federal.
Por enquanto, o governo não definiu se pretende adotar alguma retaliação comercial, como tarifas. Hoje cerca de 90% do comércio com a Bolívia é livre de taxas, já que o país é membro associado do Mercosul e pediu a adesão plena.
O Brasil avalia, porém, que o endurecimento em seu discurso pode levar a uma solução negociada. Está prevista para hoje reunião em La Paz entre representantes da YPFB (estatal boliviana) e da Petrobras.
Ao contrário de outras crises, quando Lula negociava direto com Morales, o brasileiro evita agora contato com o colega para sinalizar sua contrariedade. Ontem, Lula endossou declarações da véspera do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e disse que o Brasil poderá recorrer à Justiça internacional caso não haja acordo sobre o pagamento de duas refinarias da estatal na Bolívia.
"Se não for pago, nós temos que ir à Justiça internacional para rever os direitos da empresa", disse Lula. Segundo ele, a Petrobras quer apenas um "preço justo" pelas refinarias.
A Bolívia quer pagar US$ 70 milhões, mas a Petrobras acha que valem US$ 215 milhões, embora deva aceitar menos.
No final de semana, o governo brasileiro foi surpreendido com um decreto boliviano que retira da Petrobras o direito de exportação do petróleo cru reconstituído e fixa o preço do barril desse produto abaixo do mercado. Na prática, a medida tira a rentabilidade das duas refinarias da Petrobras no país.
O agendamento da reunião de hoje entre Petrobras e YPFB fez o Brasil moderar o tom. O que anteontem mereceu uma reação de "consternação e desapontamento" foi tratado ontem como mera questão comercial. Segundo o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), na reunião será esclarecida a posição da Petrobras em relação à indenização que deverá ser paga pelo governo boliviano para nacionalizar as duas refinarias.
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