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22/11/2001
-
10h35
especial para a Folha de S.Paulo
Quando norte-americanos e soviéticos disputavam a Guerra Fria, a polarização ocorria em qualquer campo.
No Brasil, em matéria de música, a bossa nova e o samba tradicional usavam instrumentos acústicos e não admitiam os eletrônicos. Cada gênero tinha o seu programa na TV Record, canal 7, de São Paulo: "O Fino da Bossa" e "Bossaudade". Do outro lado, estava a turma do iê-iê-iê, comandada por Roberto Carlos no programa "Jovem Guarda", que preenchia o fim das tardes de domingo, um espaço antes ocupado pelas transmissões ao vivo dos jogos de futebol.
Porém o impacto maior ocorreu no Festival da TV Record de 1967, quando surgiu a tropicália. A explosão de "Alegria, Alegria" e de "Domingo no Parque" pegou todos de surpresa. Ninguém entendeu o som universal proposto por Caetano Veloso e Gilberto Gil. A idéia de desestruturar e criar uma nova antropofagia foi confundida com a adição de guitarras à MPB.
Pouca gente percebeu que "Alegria, Alegria" era uma marcha, não um rock. Em "Domingo no Parque", o arranjo de Rogério Duprat mesclava guitarras, berimbau e instrumentos clássicos. Segundo Augusto de Campos, "Alegria, Alegria" traz o imprevisto da realidade urbana, múltipla e fragmentária, em que predominam substantivos-estilhaços da implosão informativa: crimes, espaçonaves, guerrilhas, cardinales, caras de presidente, beijos, pernas, bandeiras, bomba ou Brigitte Bardot.
"Domingo no Parque" também tem características cinematográficas: "O sorvete é morango, é vermelho/Oi, girando e a rosa, é vermelha/Oi, girando, girando, é vermelha/Oi, girando, girando, olha a faca/Olha o sangue na mão, ê, José".
Enquanto Caetano Veloso, de braços abertos, propunha entre os acordes das guitarras dos Beat Boys: "Por que não? Por que não?", o público não tinha idéia da revolução musical que se iniciava.
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João Bonturi é é professor de história do colégio Singular e do cursinho Singular-Anglo e colunista da Folha Online
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Fovest - 22.nov.2001
Chegou a vez de enfrentar o vestibular da Unicamp
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PROFISSÕES
Bacharel em direito deve ter sólida formação
Área ambiental tem mais demanda
Cursos de direito de São Paulo com conceito 'A'
PROGRAMA
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PUC-Campinas aplica provas do seu vestibular no sábado
Resumão/história - Os anos 60, a tropicália e os festivais
JOÃO BONTURIespecial para a Folha de S.Paulo
Quando norte-americanos e soviéticos disputavam a Guerra Fria, a polarização ocorria em qualquer campo.
No Brasil, em matéria de música, a bossa nova e o samba tradicional usavam instrumentos acústicos e não admitiam os eletrônicos. Cada gênero tinha o seu programa na TV Record, canal 7, de São Paulo: "O Fino da Bossa" e "Bossaudade". Do outro lado, estava a turma do iê-iê-iê, comandada por Roberto Carlos no programa "Jovem Guarda", que preenchia o fim das tardes de domingo, um espaço antes ocupado pelas transmissões ao vivo dos jogos de futebol.
Porém o impacto maior ocorreu no Festival da TV Record de 1967, quando surgiu a tropicália. A explosão de "Alegria, Alegria" e de "Domingo no Parque" pegou todos de surpresa. Ninguém entendeu o som universal proposto por Caetano Veloso e Gilberto Gil. A idéia de desestruturar e criar uma nova antropofagia foi confundida com a adição de guitarras à MPB.
Pouca gente percebeu que "Alegria, Alegria" era uma marcha, não um rock. Em "Domingo no Parque", o arranjo de Rogério Duprat mesclava guitarras, berimbau e instrumentos clássicos. Segundo Augusto de Campos, "Alegria, Alegria" traz o imprevisto da realidade urbana, múltipla e fragmentária, em que predominam substantivos-estilhaços da implosão informativa: crimes, espaçonaves, guerrilhas, cardinales, caras de presidente, beijos, pernas, bandeiras, bomba ou Brigitte Bardot.
"Domingo no Parque" também tem características cinematográficas: "O sorvete é morango, é vermelho/Oi, girando e a rosa, é vermelha/Oi, girando, girando, é vermelha/Oi, girando, girando, olha a faca/Olha o sangue na mão, ê, José".
Enquanto Caetano Veloso, de braços abertos, propunha entre os acordes das guitarras dos Beat Boys: "Por que não? Por que não?", o público não tinha idéia da revolução musical que se iniciava.
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João Bonturi é é professor de história do colégio Singular e do cursinho Singular-Anglo e colunista da Folha Online
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